Páscoa 2025 virá mais cara, com disparada no preço do cacau
A alta mundial no preço de comercialização do cacau deve refletir por aqui, com chocolates mais caros, e redução na produção de ovos. Entenda.

Ao que tudo indica, a Páscoa de 2025 será marcada por preços mais elevados. O cenário desfavorável é resultado, em grande parte, dos constantes aumentos no preço do Cacau. Nos últimos dois anos, o valor da principal matéria-prima do chocolate registrou uma alta de 190%, conforme dados do mercado internacional, onde seu preço é definido.
Segundo a análise de especialistas no tema aumento no preço do cacau ocorre em função de condições climáticas adversas que afetaram os principais países produtores do mundo, situados na África. Guilherme Moreira, coordenador do Índice de Preços ao Consumidor da Fipe, explica que esses fatores climáticos reduziram a oferta global do insumo, o que refletiu diretamente na alta de seu preço.
Em dezembro do último ano, a commodity atingiu sua máxima, com a tonelada negociada por cerca de 11,8 mil dólares. O valor é resultado de uma alta de 163%, em relação ao período homólogo em 2023.
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Impactos para o consumidor final
Como é de se esperar, a alta da matéria-prima reflete no preço cobrado ao consumidor final que já sente os impactos. Tais efeitos são traduzidos em valores mais altos nas prateleiras dos supermercados.
Dados recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam um aumento significativo nos preços dos chocolates em barra e bombons, que acumularam uma alta de 16,53% nos últimos doze meses. A tendência de alta também se estende a outros produtos associados aos preparativos para a Páscoa.
Variação de preço nos últimos 12 meses
Produto | Alta (%) |
Chocolate e achocolatado em pó | 12,49 |
Azeite de oliva | 14,16 |
Leite condensado | 8,98 |
Balas | 8,01 |
Manteiga | 4,97 |
Ovos mais caros e mais escassos

Um levantamento da Fipe uma inflação no valor do produto mais tradicional da páscoa. Segundo o estudo, o preço médio dos ovos de Páscoa subiu 9,5% em comparação com o ano anterior.
Adicionalmente, a disponibilidade da mercadoria também será menor em 2025. A Abicab estima uma produção de 45 milhões de unidades para este ano, uma queda de 22,4% em relação aos 58 milhões fabricados em 2024.
A raiz do problema na produção também reside na crise do cacau, que enfrenta seu terceiro ano consecutivo de déficit em 2024. No Brasil, o cenário se repete. Dados da Associação das Indústrias Processadoras de Cacau (AIPC) mostram que o volume de amêndoas entregues às indústrias (179,4 mil toneladas) foi 18,5% menor em 2023.
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Estratégias da indústria para lidar com a alta do chocolate
Segundo Francisco Queiroz, analista da consultoria Agro do Itaú BBA, a indústria chocolateira tem adotado diversas estratégias para minimizar o impacto da alta do cacau e preservar sua base de consumidores. A principal delas é a redução do tamanho das barras e o lançamento de novos produtos com diferentes composições. A confeiteira Lígia Gomes, em fala ao Jornal Nacional, exemplifica essa adaptação:
Ela diz ter barrinhas a partir de 50g, e que já investe em recheios que utilizam menos chocolate em comparação ao ano passado, a exemplo do creme de leite em pó com frutas vermelhas. “Eu vou passar novos sabores para o cliente. Vai ser uma experiência nova para ele, mas já não vai ser algo 100% de chocolate”, concluiu a confeiteira.
Anna Paula Losi da AIPC, ainda pondera que o cacau é apenas um dos ingredientes do chocolate. Por isso, é possível evitar que o aumento do preço da amêndoa reflita integralmente no valor final do produto.
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