Oposição acusa Lula de uso político de evento sobre o 8 de janeiro e questiona ações do STF
O evento de 8 de janeiro de 2023, que marcou os dois anos dos ataques golpistas, gerou controvérsias.

No último evento em memória aos ataques de 8 de janeiro de 2023, que completaram dois anos, a oposição ao governo Lula manifestou fortes críticas, acusando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de utilizar a cerimônia para fins políticos. Os parlamentares contrários ao governo apontaram a presença do evento como uma tentativa de fazer “palanque político”, e destacaram o que consideram um excesso de interferência do Supremo Tribunal Federal (STF) nas prerrogativas do Legislativo. Este acontecimento tem gerado discussões intensas, com acusações de manipulação da narrativa e questionamentos sobre as investigações e ações em torno dos ataques golpistas.
Críticas à utilização política do evento pelo presidente
O evento realizado no último dia 8 de janeiro, para lembrar os dois anos dos ataques de 2023, gerou uma série de reações de parlamentares da oposição, que acusaram o presidente Lula de transformar o momento de memória em um “palanque político”. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) foi um dos mais incisivos ao afirmar que a cerimônia representava “uma ode ao crime impossível de tentativa de golpe”, referindo-se à tentativa de invasão dos prédios dos Três Poderes. Para Bolsonaro, o evento foi uma forma de Lula explorar politicamente o ocorrido, numa tentativa de reforçar a narrativa de golpe, que já vem sendo investigada.
Além disso, o deputado Rodrigo Valadares (União Brasil-SE) descreveu a solenidade como um “teatro”, criticando a postura do presidente, que, segundo ele, estaria tentando se “vitimizar” ao utilizar o evento como uma maneira de reforçar sua agenda política.
O senador Eduardo Girão (Novo-CE), também da oposição, foi outro que comentou sobre o evento, pedindo maior “equilíbrio” entre os três Poderes. Ele sugeriu que a cerimônia foi mais uma ação de marketing político e não uma reflexão genuína sobre o ocorrido.
Interferência do STF em temas relacionados ao 8 de janeiro
Outro ponto que gerou discórdia entre os opositores foi a crescente interferência do Supremo Tribunal Federal (STF) nas prerrogativas do Legislativo, especialmente no que tange às investigações sobre os ataques de 8 de janeiro. Para diversos parlamentares, o STF tem adotado uma postura autoritária ao se envolver profundamente no tema, o que, segundo eles, infringe os limites constitucionais e prejudica a autonomia do Congresso Nacional.
O deputado Sargento Gonçalves (PL-RN), por exemplo, criticou a forma como a atuação do STF foi exaltada, especialmente em relação ao ministro Alexandre de Moraes, que é o relator dos processos sobre a tentativa de golpe. Gonçalves destacou que ações semelhantes de vandalismo, como as que ocorreram em 2023, foram minimizadas em outros momentos históricos, o que para ele, revela um tratamento desigual para a questão do 8 de janeiro.
O discurso de Lula
Durante a cerimônia, o presidente Lula fez questão de enfatizar a importância de proteger a democracia brasileira e de punir os responsáveis pelos ataques de 2023. Em seu discurso, o petista lembrou que as investigações sobre a tentativa de golpe em 2022 seguem em andamento, e destacou a relevância de que os agressores sejam responsabilizados. O presidente também ressaltou o papel das Forças Armadas na defesa da soberania nacional, reforçando a importância dessas instituições para a segurança do país.
Lula também fez menção ao ministro Alexandre de Moraes, destacando a atuação do STF nos processos que envolvem o 8 de janeiro. Para o presidente, a parceria entre o Executivo e o Judiciário tem sido fundamental na manutenção da ordem democrática.
Críticas ao projeto do Museu da Democracia
Um dos anúncios feitos durante o evento foi o de que o governo planeja investir R$ 40 milhões na criação do Museu da Democracia, com o objetivo de preservar a memória dos ataques de 2023 e dos eventos relacionados à tentativa de golpe. No entanto, o projeto gerou críticas tanto pela sua viabilidade quanto pela sua forma de execução. O senador Carlos Portinho (PL-RJ) questionou a intenção de “eternizar narrativas”, apontando que o uso do termo “golpe” para descrever os acontecimentos de 2023 pode ser uma maneira de manipular a percepção pública.
Vale ressaltar que o Museu da Democracia foi anunciado pelo governo no início do ano passado, com a proposta de eternizar a memória dos eventos golpistas. Contudo, até o momento, o projeto não avançou, e em 2024, o governo cortou os recursos destinados à sua construção. Isso gerou ainda mais questionamentos sobre o compromisso do governo com a concretização do museu, especialmente diante da falta de previsão para novas verbas.