Pablo Marçal, candidato derrotado do PRTB à prefeitura de São Paulo, que ficou em terceiro lugar no primeiro turno das eleições municipais, anunciou que não apoiará o atual prefeito Ricardo Nunes (MDB) no segundo turno contra o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL). 

Em entrevista coletiva na noite da última terça-feira (08), Marçal afirmou que liberaria seus eleitores para escolherem livremente na votação final, marcada para 27 de outubro.

Marçal surpreendeu ao recusar o alinhamento com Nunes, especialmente após embates intensos durante a campanha, com troca de ofensas entre os dois candidatos. O coach costumava se referir a Nunes como “bananinha”, prometendo sua prisão em um eventual governo, enquanto Nunes o acusava de ter relações com o crime organizado e o chamava de “condenado”.

Nunes já havia afirmado que não contava com a presença de Marçal em seu palanque, mas esperava conquistar os votos de seus eleitores. O terceiro colocado, por sua vez, disse que, ao liberar seu eleitorado, uma parcela significativa de seus votos, segundo ele, seria conquistada pelo ex-presidente Lula e, consequentemente, por Boulos, devido à habilidade dos dois em “sinalizar com o povo”. 

Ainda neste contexto, Marçal afirmou que Boulos tem mais chances de vencer, enquanto Nunes não consegue se conectar com a população da mesma forma.

Durante o bate-papo com jornalistas, Marçal também mencionou que poderia até considerar apoiar Nunes, mas somente se figuras como o prefeito, o ex-presidente Jair Bolsonaro, o governador Tarcísio de Freitas, o deputado federal Eduardo Bolsonaro e o pastor Silas Malafaia pedissem desculpas publicamente pelas ofensas feitas durante a campanha. 

Ele fez questão de enfatizar que enxerga essa opção como algo improvável, o que descarta a possibilidade de apoio a Nunes.

No primeiro turno, Marçal obteve 1.719.274 votos, representando 28,14% dos votos válidos, ficando atrás de Nunes, com 29,48%, e Boulos, com 29,07%.

Marçal critica durante Tarcísio

Ainda durante a entrevista, Pablo Marçal criticou duramente o governador Tarcísio de Freitas, classificando-o como “a maior decepção” que teve durante a campanha. 

Ele fez declarações, revelando que Tarcísio havia ligado para seu coordenador de campanha, Filipe Sabará, numa tentativa de reconciliação, mas Marçal rejeitou o gesto. 

“Ele queria abrir meu coração para ver se eu caía em conversa fiada. Tarcísio, sua ligação não surtiu efeito”, rebateu Marçal. “Você traiu o povo paulistano e foi um canalha comigo”, afirmou.

Além disso, o empresário reafirmou sua intenção de continuar na política pelos próximos 12 anos e revelou planos de se candidatar em 2026, possivelmente à Presidência da República ou ao governo de São Paulo, cargos que também estão nos planos de Tarcísio.

Sobre as ações eleitorais que enfrenta — nove ao todo — Marçal disse não temer uma eventual inelegibilidade. Ele também negou ter conhecimento da falsidade de um suposto laudo divulgado em suas redes sociais na antevéspera da eleição, que tentava associar Guilherme Boulos ao consumo de cocaína. 

Sobre o assunto, Marçal afirmou que o documento foi publicado “na maior boa fé”.