Na terça-feira (9), Jerome Powell, presidente do Federal Reserve, proferiu um discurso crucial perante o Comitê Bancário do Senado dos Estados Unidos, em Washington. Suas palavras foram aguardadas com expectativa pelos mercados financeiros globais, que tentam antecipar os próximos passos da política monetária americana.

O ponto central do discurso de Powell foi a ambiguidade em relação ao cronograma para a redução das taxas de juros. Embora setembro seja amplamente precificado pelos mercados como o momento provável para um corte, Powell evitou comprometer-se com uma data específica. Ele enfatizou que o Federal Reserve não enviará sinais diretos sobre suas futuras ações monetárias, mantendo as opções em aberto para ajustes futuros.

Powell destacou os riscos significativos associados a agir prematuramente ou tardar demais na política monetária. Com o mandato duplo do Fed — alcançar o pleno emprego e manter a estabilidade de preços — em mente, o presidente enfatizou a necessidade de avaliar cuidadosamente os riscos de ambos os lados. Essa abordagem cautelosa orientará as decisões do Fed “reunião a reunião”, conforme as condições econômicas evoluem.

Em relação às condições econômicas atuais dos Estados Unidos, Powell reconheceu um progresso modesto nos dados recentes de inflação. No entanto, ele enfatizou que o Fed precisa de mais evidências de um retorno sustentável da inflação à meta de 2% para considerar cortes adicionais nas taxas de juros. Powell também alertou que surpresas negativas no mercado de trabalho poderiam justificar a adoção de medidas de estímulo adicionais.

Em uma discussão separada, Powell abordou as mudanças propostas nos requisitos de capital para os maiores bancos, iniciadas em julho de 2023. Ele indicou que o Fed está finalizando essas mudanças e que um plano revisado será submetido a comentários públicos antes de sua implementação final, possivelmente no início de 2025. Essas alterações visam fortalecer a resiliência financeira dos bancos frente a futuras adversidades econômicas.

A reação inicial nos mercados foi moderada, refletindo a cautela de Powell ao não fornecer indicações claras sobre os próximos passos da política monetária. As ações mantiveram-se próximas às máximas históricas, enquanto os títulos do Tesouro enfrentaram dificuldades para ganhar tração. Powell foi percebido por analistas como equilibrado em suas observações econômicas, o que foi bem recebido por Wall Street, apesar da ausência de sinais imediatos sobre mudanças na política monetária.

Julia Peres

Redatora do Melhor Investimento.