O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta quinta-feira (7) a indicação de Stephen Miran para a diretoria do Federal Reserve (Fed), o banco central americano. A vaga foi aberta após a renúncia inesperada da economista Adriana Kugler. O nome de Miran ainda será submetido à aprovação do Senado norte-americano.

A escolha de Stephen Miran, que atualmente preside o Conselho de Assessores Econômicos, representa mais um capítulo da tentativa de Trump de influenciar a política monetária dos Estados Unidos, especialmente diante da resistência do Fed em cortar os juros, apesar da pressão do presidente.

Indicação estratégica de Trump para o Federal Reserve

A decisão de Trump indicar Stephen Miran para a diretoria do Fed ocorre em um momento crucial. A saída de Kugler, que deixou o posto para retomar sua posição como professora na Universidade de Georgetown, abriu espaço para que Trump propusesse um nome mais alinhado às suas diretrizes econômicas.

O mandato de Miran na diretoria será temporário, com vencimento em 31 de janeiro de 2026, o que significa que ele atuará por um período limitado, caso tenha sua indicação confirmada pelo Senado. Além disso, a Casa Branca continua em busca de um nome para o mandato regular de 14 anos, que ficará vago a partir de 1º de fevereiro do próximo ano.

A movimentação política em torno das cadeiras do Fed reforça a tentativa de Trump de reposicionar o banco central com vozes mais próximas às suas ideias, especialmente às vésperas de um novo ciclo eleitoral.

Stephen Miran defende reformas no modelo de governança do Fed

Conhecido por suas ideias reformistas, Stephen Miran tem defendido uma mudança profunda na estrutura de governança do Federal Reserve. Entre suas principais propostas estão a redução dos mandatos dos diretores, o aumento da influência presidencial sobre os membros do banco central e o fim da chamada “porta giratória” entre o Fed e o Poder Executivo — uma crítica comum em ambientes políticos que veem na independência do banco central um obstáculo a agendas governamentais mais intervencionistas.

Miran é considerado um nome técnico, mas com forte viés ideológico alinhado à visão econômica do trumpismo. Ele já atuou no Departamento do Tesouro durante o governo Trump e tem defendido políticas fiscais mais flexíveis em momentos de desaceleração econômica.

Influência direta na política monetária dos EUA

Se aprovado pelo Senado, Miran passará a ter direito a voto nas reuniões do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC), o colegiado responsável pelas decisões sobre as taxas de juros dos EUA. Atualmente, o comitê é composto por 12 membros com direito a voto.

Na última reunião, o FOMC votou por 9 a 2 pela manutenção das taxas de juros, apesar das pressões externas — inclusive de Trump — por cortes que pudessem estimular a economia no curto prazo. A entrada de Miran, portanto, pode alterar o equilíbrio de forças no colegiado, dependendo da composição futura.

Esse possível reposicionamento é particularmente relevante para investidores e analistas financeiros, pois qualquer mudança na orientação do Fed pode impactar os mercados globais. Para saber mais sobre o funcionamento do FOMC e como ele influencia os juros, veja nosso conteúdo sobre [como o Fed define a política monetária dos EUA].

Trump pressiona o Fed por cortes de juros antes das eleições

A nomeação de Miran deve ser compreendida dentro de um contexto político mais amplo. Desde o fim de seu mandato, Trump vem criticando abertamente o Federal Reserve pela postura cautelosa quanto ao corte de juros, alegando que a atual política monetária prejudica o crescimento econômico dos Estados Unidos.

Para Trump, uma política de juros mais baixos seria essencial para estimular investimentos, gerar empregos e impulsionar o consumo — fatores-chave que podem favorecer sua narrativa eleitoral. Ao indicar Stephen Miran para a diretoria do Fed, Trump dá mais um passo rumo ao seu objetivo de reorientar o banco central para uma atuação mais alinhada aos seus interesses políticos e econômicos.

Essa não é a primeira vez que o presidente busca alterar a composição do Fed com nomes mais simpáticos à sua visão. Durante seu governo, Trump indicou outros nomes com perfil similar ao de Miran, embora nem todas as nomeações tenham sido aprovadas.

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