Powell indica desaceleração da inflação e expectativas de juros neutros ao longo do tempo
O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, anunciou que a desaceleração contínua da inflação nos Estados Unidos pode permitir uma redução nas taxas de juros, rumo a um nível neutro que não restrinja a atividade econômica.
Em comentários recentes, o presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, anunciou a expectativa de uma desaceleração contínua da inflação nos Estados Unidos, permitindo assim uma possível redução nas taxas de juros. Esse movimento é visto como um passo importante para que a política monetária do banco central atinja um nível neutro, que não restrinja a atividade econômica no país. Powell destacou que essa evolução depende da trajetória da economia, que deve continuar a se desenvolver conforme as projeções.
A recente declaração de Powell, feita em uma conferência da Associação Nacional de Economia Empresarial, sugere que o Fed está otimista quanto ao progresso em direção a uma inflação sustentada em torno da meta de 2%. Em suas palavras, “a desinflação tem sido generalizada”, indicando que diversos setores da economia estão mostrando sinais de alívio nos preços. O presidente do Fed acrescentou que, se a economia continuar a evoluir conforme esperado, a política monetária se ajustará ao longo do tempo, visando uma postura mais neutra.
O Fed já adotou medidas para implementar essas expectativas. Na reunião de setembro, a taxa de juros foi reduzida em 50 pontos-base, baixando a faixa de 5,25% a 5,50% — a mais alta em 20 anos — para uma nova faixa de 4,75% a 5,00%. Essa decisão foi baseada na necessidade de apoiar a atividade econômica sem provocar um aumento acentuado do desemprego.
Durante a reunião de setembro, o Fed também divulgou projeções econômicas que indicam uma expectativa de queda adicional nas taxas de juros. A previsão mediana sugere que a taxa pode cair para a faixa de 4,25% a 4,50% até o final do ano, e para 3,25% a 3,50% até o final de 2025. O objetivo é chegar a um nível de juros considerado “neutro” em torno de 2,9% até 2026.
Contudo, os investidores estão em dúvida sobre a velocidade e a intensidade dessas reduções. A possibilidade de cortes adicionais de 25 pontos percentuais pode depender da evolução do mercado de trabalho e da inflação nos próximos meses. A próxima divulgação do relatório de empregos de setembro, que será um dos dois principais indicadores a serem avaliados antes da próxima reunião do Fed em novembro, será crucial para essas decisões.
Embora a inflação esteja se ajustando, Powell enfatizou que o mercado de trabalho permanece robusto, com uma taxa de desemprego de 4,2%. Essa taxa é considerada próxima ao que os responsáveis pela política monetária acreditam ser sustentável a longo prazo. Em relação às condições econômicas, Powell afirmou: “De modo geral, a economia está sólida; pretendemos usar nossas ferramentas para mantê-la assim”.
Essas afirmações são fundamentais, pois mostram que, apesar dos desafios inflacionários, a economia americana está se recuperando e o Fed está comprometido em usar suas ferramentas para manter essa trajetória.
Powell também abordou os “riscos dos dois lados” da economia, indicando que há incertezas a serem consideradas. Ele observou que a inflação dos serviços de habitação está diminuindo lentamente, mas a expectativa é de que essa tendência se mantenha à medida que a taxa de crescimento dos aluguéis de novos inquilinos continua baixa.
Em relação aos preços de bens, Powell mencionou que eles vêm caindo, o que é um sinal positivo. No entanto, a estagnação da inflação no núcleo do índice, em torno de 2,6% a 2,7%, precisa ser monitorada de perto.