Itaú Unibanco acusa ex-diretor de conflito de interesses e fraudulência em pagamentos
Itaú Unibanco acusou seu ex-diretor financeiro, Alexsandro Broedel, de fraude em pagamentos a uma empresa fornecedora com vínculos pessoais, totalizando R$ 10,45 milhões.

O Itaú Unibanco está no centro de uma polêmica envolvendo acusações graves contra seu ex-diretor financeiro, Alexsandro Broedel. O banco acusa o executivo de violar suas políticas internas, aproveitando-se de sua posição para aprovar pagamentos a um fornecedor com quem teria vínculos pessoais. A acusação gerou um grande desdobramento, com implicações para o futuro de Broedel, que agora ocupa um cargo de liderança no Santander. O caso trouxe à tona uma investigação interna que envolveu transações suspeitas e uma série de medidas legais para proteger a integridade da instituição.
Acusações de conflito de interesses e possível fraude
O Itaú Unibanco publicou uma ata na última sexta-feira, 7 de dezembro, detalhando as acusações contra Alexsandro Broedel. Segundo o banco, o ex-diretor financeiro teria aprovado pagamentos a uma empresa fornecedora, a Care, de forma irregular, entre 2019 e 2024. O valor total dos pagamentos teria atingido R$ 10,45 milhões, com desembolsos significativos nos últimos anos: R$ 3,38 milhões em 2021, R$ 1,85 milhão em 2022, R$ 3,35 milhões em 2023 e R$ 1,87 milhão em 2024.
O banco alega que Broedel utilizou sua posição privilegiada para beneficiar a empresa de um sócio de longa data, Eliseu Martins, com quem ele mantinha uma relação profissional fora da instituição. O Itaú destaca que o ex-executivo não informou sobre essa conexão aos superiores, infringindo as regras de compliance do banco, que exigem total transparência nas relações comerciais.
Defesa de Alexsandro Broedel
Em resposta às acusações, Broedel nega veementemente todas as alegações. O ex-diretor financeiro afirma que as acusações são infundadas e não refletem a verdade. Em nota, ele destaca que sua conduta sempre foi pautada pela ética e transparência durante seus 12 anos no Itaú. Segundo Broedel, todos os serviços contratados pelo banco eram de conhecimento da instituição e requisitados por diferentes áreas. Ele também ressalta que sua saída do banco, em julho de 2024, e a subsequente contratação pelo Santander não devem ser vistas como um ato de má-fé, como o banco sugere.
Investigação e ações legais do Itaú
A investigação interna realizada pelo Itaú começou em agosto de 2024, com o encerramento das apurações em novembro. O banco protocolou um protesto interruptivo de prescrição para garantir que possíveis irregularidades cometidas antes de três anos não prescrevessem. Além disso, o Itaú solicitou a anulação das contas de Broedel entre 2021 e 2023 e pediu uma indenização de R$ 6,6 milhões pelos pareceres não entregues e outros valores que considera indevidamente pagos. O banco também alega que Broedel teria recebido transferências suspeitas de empresas ligadas a Eliseu Martins, que somam R$ 4,86 milhões.
A denúncia do Itaú inclui a acusação de que Broedel teria recebido comissões (rebates) de cerca de 40% pelos pagamentos feitos à empresa Care, o que caracteriza um possível caso de fraude. O banco afirma que não conseguiu localizar 20 dos 40 pareceres contratados e que quatro deles foram pagos de forma antecipada, sem entrega dos serviços correspondentes.
O que diz Eliseu Martins
Eliseu Martins, sócio de Broedel na Broedel Consultores, também foi envolvido na investigação. Martins refutou todas as acusações e disse que os serviços prestados ao Itaú foram adequados, exceto por quatro pareceres pagos antecipadamente. Em sua defesa, ele explicou que, durante o período em que Broedel era executivo do banco, ambos trabalharam em conjunto para elaborar pareceres, mas sempre dentro da legalidade e sem ocultação de informações. Martins acusa o Itaú de agir com “má-fé” e de interpretar os fatos de forma equivocada.