Ataque hacker no Pix pode gerar prejuízo bilionário e já é considerado o maior da história no Brasil
Um ataque hacker no Pix, revelado nesta semana, atingiu a empresa C&M Software e pelo menos seis instituições financeiras, resultando em desvios bilionários.

Pelo menos seis instituições financeiras foram afetadas por um sofisticado ataque hacker no Pix, revelado nesta semana, que pode ter causado prejuízo superior a R$ 1 bilhão, podendo chegar a R$ 3 bilhões, segundo estimativas iniciais do mercado. O episódio já é tratado como o maior crime cibernético da história do sistema financeiro nacional.
Como ocorreu o ataque hacker no Pix
O alvo da ofensiva digital foi a C&M Software, empresa especializada em soluções de mensageria que atua como intermediária entre instituições financeiras e o Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB). A companhia, fundada em 1992, é uma peça central na infraestrutura que viabiliza o funcionamento do Pix, sistema de transferências instantâneas lançado pelo Banco Central em 2020.
O ataque cibernético aconteceu por meio de uma técnica conhecida como Supply Chain Attack. Nesse modelo, hackers comprometem os sistemas de um fornecedor ou prestador de serviço para atingir clientes conectados à sua estrutura. Fontes do setor sugerem que os criminosos estavam infiltrados na rede da C&M Software há meses, coletando dados e preparando o terreno para a invasão.
Durante a ação, os hackers utilizaram credenciais de instituições financeiras para acessar contas de reserva junto ao Banco Central, de onde realizaram transferências indevidas utilizando a estrutura do Pix. A operação foi orquestrada com alto grau de sofisticação e passou despercebida até que os efeitos se tornaram visíveis no mercado financeiro.
Estimativas indicam prejuízo de até R$ 3 bilhões
Embora ainda não haja confirmação oficial sobre os valores exatos, fontes próximas ao caso apontam que os criminosos podem ter desviado entre R$ 400 milhões e R$ 3 bilhões. O valor mais citado até o momento gira em torno de R$ 1 bilhão, mas há quem acredite que o impacto financeiro seja ainda maior.
Pelo menos seis instituições que utilizam a C&M como canal de mensageria foram afetadas diretamente. Além dos prejuízos financeiros, houve interrupção temporária no funcionamento do Pix em algumas operações, o que aumentou ainda mais a gravidade do incidente.
A dimensão do golpe coloca o caso no topo do ranking dos maiores ataques hackers já registrados no Brasil, superando crimes anteriores tanto em volume financeiro quanto em impacto sistêmico.
Histórico: os maiores ataques cibernéticos no Brasil
Se confirmadas as estimativas, o ataque hacker no Pix supera com folga outros grandes golpes digitais registrados no país:
- Operação DeGenerative AI (2024): Utilizando inteligência artificial para fraudes faciais e movimentações bancárias ilícitas, o grupo envolvido causou um prejuízo de cerca de R$ 110 milhões.
- Banco do Brasil (2023–2024): Com instalação de dispositivos clandestinos em cabos de dados e cooptação de funcionários terceirizados, os criminosos roubaram aproximadamente R$ 40 milhões.
- Invasão ao Siafi (2024): Sistema financeiro do governo federal foi comprometido por meio de phishing e uso indevido de certificados digitais, gerando um desfalque de R$ 14 milhões.
- Ransomware no BRB (2022): O Banco de Brasília foi alvo do vírus LockBit. Os invasores exigiram um “resgate” de R$ 5,2 milhões para não divulgar dados sigilosos.
Comparação com crimes físicos: assaltos históricos
Apesar de ser um ataque digital, o caso reacende a memória de crimes históricos envolvendo grandes valores em território brasileiro. Entre os mais emblemáticos:
- Roubo ao Banco Central em Fortaleza (2005): Criminosos cavaram um túnel até o cofre da sede regional do BC e levaram R$ 164,7 milhões, sendo apenas R$ 60 milhões recuperados.
- Assalto à agência do Itaú na Avenida Paulista (2011): Em uma das ações mais ousadas do país, bandidos arrombaram 161 cofres e roubaram cerca de R$ 500 milhões em joias, dinheiro e documentos. O crime só foi descoberto uma semana depois.
Esses casos, embora ocorridos fisicamente, compartilham com o ataque hacker no Pix a complexidade de execução e o alto impacto financeiro.
Consequências e medidas de prevenção
Diante da gravidade do caso, o governo federal e o Banco Central já estudam reforçar os protocolos de segurança cibernética para prestadores de serviço conectados ao sistema financeiro. A expectativa é que novas camadas de autenticação, como autenticação multifator (MFA), se tornem padrão obrigatório em transações com alto valor.
Além disso, espera-se uma maior fiscalização sobre empresas terceirizadas, como a C&M Software, que, embora não sejam instituições financeiras propriamente ditas, atuam como pontos críticos de integração dentro da engrenagem bancária brasileira.