Golpes do Pix: Conheça os principais tipos e como evitá-los
Com a popularização das transações digitais via Pix, cresce também o número de golpes relacionados. Conheça os principais tipos de golpes do Pix, saiba como evitá-los e descubra o que fazer caso você seja vítima.
O Pix, sistema de pagamento instantâneo lançado pelo Banco Central em 2020, revolucionou as transações financeiras no Brasil. Com mais de 150 milhões de chaves cadastradas e bilhões de transações realizadas desde o seu lançamento, ele se tornou o principal meio de pagamento para muitos brasileiros. A rapidez, praticidade e o fato de ser gratuito para pessoas físicas fizeram do Pix uma ferramenta amplamente adotada no país. No entanto, essa popularidade também trouxe desafios, como o aumento no número de golpes relacionados a esse sistema de pagamento.
Para proteger o seu patrimônio e prevenir possíveis golpes, hoje, no portal Melhor Investimento, você irá conhecer os principais tipos de golpes envolvendo o Pix, como evitá-los e o que fazer caso você se torne uma vítima.
A popularidade do Pix e os golpes relacionados
O Pix alcançou em agosto de 2024 um impressionante volume de 235 milhões de transações em um único dia. Este número, que equivale a mais de duas transações por pessoa, coloca o Pix como um dos líderes globais em sistemas de pagamento instantâneo, superando o volume de transações do sistema de pagamentos da Índia em quatro vezes.
Essa adesão massiva e a facilidade de utilização, no entanto, fizeram do Pix um alvo atrativo para criminosos, que exploram suas vulnerabilidades para aplicar golpes.
Uma pesquisa realizada pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) em 2023 revelou que 12% dos brasileiros já foram vítimas de golpes envolvendo o Pix. Esse número tende a aumentar conforme o serviço se populariza ainda mais.
Como se inicia um golpe por Pix?
O ponto inicial de um golpe envolvendo o Pix geralmente ocorre quando o criminoso engana a vítima de alguma maneira. As abordagens mais comuns envolvem mensagens de texto, WhatsApp, e-mails falsos (phishing) ou ligações telefônicas. A ideia é induzir a vítima a realizar uma transferência, fornecer dados pessoais ou clicar em links maliciosos, que podem levá-la a um site fraudulento ou instalar um software malicioso.
Além disso, há golpes mais sofisticados que envolvem a manipulação de informações visuais, como o envio de falsos comprovantes de pagamento. Essas tentativas de fraude visam criar uma sensação de urgência ou enganar a vítima com ofertas vantajosas, como promoções fictícias.
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Principais tipos de Golpes do Pix
Agora que compreendemos como os golpes começam, vamos explorar os diferentes tipos de fraudes envolvendo o Pix. Cada golpe possui características distintas, mas todos compartilham o mesmo objetivo: enganar a vítima para obter ganhos financeiros.
1. Urubu do Pix
Esse golpe consiste em fazer a vítima acreditar que, ao realizar uma transferência via Pix, ela receberá um valor multiplicado em poucos minutos. Por exemplo, se a vítima transferir R$ 200, em breve terá R$ 2.000 em sua conta. O mecanismo desse golpe é simples, mas eficaz: promete dinheiro fácil e rápido, criando uma falsa sensação de legalidade e segurança.
O golpe começa com a criação de uma página na internet que simula uma plataforma legítima, repleta de depoimentos de pessoas (falsas) que afirmam ter recebido grandes somas de dinheiro. A página também possui um link que direciona a vítima para o WhatsApp do golpista, onde a verdadeira manipulação acontece por meio de técnicas de engenharia social.
Imagine o seguinte cenário: Marcos é atraído por essa página e, curioso, clica no link para falar via WhatsApp. O golpista começa a conversar com ele, mostrando supostos ganhos, prints de transferências bem-sucedidas e convidando-o a imaginar como sua vida poderia melhorar após participar. Para garantir a confiança de Marcos, o golpista sugere: “Quer fazer um teste sem compromisso? Experimente transferir R$ 20, apenas para ver como funciona.”
Marcos, interessado e acreditando estar em uma oportunidade de baixo risco, faz um Pix de R$ 20. Em poucos minutos, ele recebe R$ 80, o que reforça sua confiança no esquema. Além disso, os depoimentos e comentários positivos que viu na página inicial aumentam ainda mais sua segurança, levando-o a acreditar que está diante de uma chance real de lucro rápido.
Depois de ganhar sua confiança, o golpista apresenta uma tabela de valores, sugerindo transferências maiores para multiplicações ainda mais impressionantes. E então, aplica pressão, afirmando algo como: “Se você não fizer a transferência agora, essa promoção exclusiva acaba em 10 minutos.” Pressionado pela urgência e movido pela ilusão de lucro fácil, Marcos acaba transferindo R$ 500, na esperança de receber R$ 5.000 em retorno.
Após a transferência, o golpe é finalizado: o golpista bloqueia Marcos no WhatsApp e desaparece, deixando-o com o prejuízo do valor transferido e sem possibilidade de recuperar o dinheiro.
Como evitar:
- Cuidado com promessas de dinheiro rápido e fácil: Se uma oferta parece boa demais para ser verdade, é provável que seja um golpe.
- Desconfie de páginas com depoimentos e provas falsas: Sempre verifique a origem das informações e procure por relatos de outras pessoas sobre a oferta.
- Evite agir sob pressão de tempo: Golpistas usam o senso de urgência para fazer a vítima tomar decisões precipitadas. Se houver pressão para agir imediatamente, provavelmente é uma fraude.
2. Falsos pedidos de transferência (Golpe do pix falso)
O Golpe do Falso Pix envolve o envio de um comprovante de pagamento falsificado para a vítima. O golpista convence a vítima de que a transferência foi realizada, e muitas vezes, utiliza técnicas de edição gráfica para criar comprovantes idênticos aos gerados pelos bancos.
Esse tipo de golpe é comum em transações comerciais, onde a vítima, ao acreditar que recebeu o valor, libera um produto ou serviço. No entanto, o dinheiro nunca chega à conta da vítima.
Como evitar:
- Confirme o recebimento do valor: Nunca confie apenas no comprovante enviado. Verifique diretamente no seu extrato bancário se o dinheiro foi creditado.
- Use intermediários: Plataformas de e-commerce e aplicativos como Mercado Pago e PagSeguro oferecem mais segurança, pois seguram o valor até a entrega ser confirmada.
3. Clonagem de WhatsApp
Este é um dos golpes mais comuns envolvendo o Pix. O criminoso consegue clonar a conta de WhatsApp da vítima e usa essa conta para solicitar dinheiro aos contatos da lista, fingindo ser um amigo ou familiar em necessidade. Em outro cenário, o golpista finge ser uma pessoa conhecida e, sem clonar a conta, tenta enganar a vítima diretamente.
A clonagem do WhatsApp ocorre geralmente quando a vítima fornece um código de verificação (geralmente recebido por SMS) para o criminoso. Isso pode acontecer quando a pessoa recebe uma mensagem que parece ser de uma instituição confiável, solicitando a verificação de sua conta.
Como evitar:
- Nunca compartilhe códigos de verificação: Empresas sérias não pedem códigos de autenticação por mensagens ou telefone.
- Ative a verificação em duas etapas: Esse recurso adiciona uma camada extra de proteção ao WhatsApp.
4. Golpe do falso sorteio ou promoção
Criminosos frequentemente atraem vítimas com sorteios ou promoções falsos. Eles criam ofertas aparentemente atraentes, onde a vítima precisa fazer uma transferência via Pix para participar ou validar sua inscrição. Ao transferir o dinheiro, a vítima não recebe nada em troca.
Como evitar:
- Desconfie de promoções que exigem pagamento: Verifique sempre se a promoção é verdadeira, consultando os canais oficiais da empresa.
5. QR Code falso
O uso de QR Codes para facilitar pagamentos via Pix é uma prática comum, especialmente em estabelecimentos comerciais. No entanto, criminosos aproveitam essa conveniência para aplicar golpes. Eles criam QR Codes falsos que, ao serem escaneados, direcionam o pagamento para a conta do golpista. Além disso, QR Codes maliciosos podem redirecionar a vítima para sites falsos, onde ela insere seus dados pessoais.
Como evitar:
- Verifique a origem do QR Code: Sempre confirme que o QR Code foi gerado por uma fonte confiável.
- Prefira realizar transferências manualmente: Caso tenha dúvidas sobre a autenticidade do código, prefira inserir manualmente os dados do destinatário.
6. Phishing (E-mails ou SMS Falsos)
O phishing é uma técnica onde criminosos enviam e-mails ou mensagens fraudulentas se passando por empresas ou instituições financeiras conhecidas. Essas mensagens contêm links que redirecionam a vítima para páginas falsas, onde ela insere informações confidenciais ou realiza transferências.
Os e-mails de phishing costumam simular avisos importantes, como atualizações de cadastro ou confirmações de pagamento, criando um senso de urgência para que a vítima aja rapidamente.
Como evitar:
- Desconfie de mensagens com links: Instituições financeiras não solicitam dados por e-mail ou SMS.
- Verifique o remetente: Confirme sempre o endereço de e-mail ou número de telefone do remetente antes de tomar qualquer ação.
7. Golpes em vendas online
Em transações comerciais pela internet, os criminosos simulam o pagamento via Pix, enviam falsos comprovantes e convencem a vítima a liberar o produto antes de confirmar o recebimento do dinheiro.
Como evitar:
- Não entregue o produto antes da confirmação: Sempre verifique no seu extrato bancário se o valor foi realmente creditado.
- Utilize plataformas que seguram o valor: Mercado Pago e OLX Pagamentos são exemplos de sistemas que garantem que o dinheiro será liberado apenas após a confirmação do recebimento do produto.
8. Golpe do falso funcionário de Banco
Neste golpe, o criminoso se passa por um funcionário de banco ou uma empresa de suporte técnico. Ele entra em contato com a vítima por telefone, WhatsApp ou SMS e solicita dados bancários, ou orienta que seja realizada uma transferência via Pix para “ativar” ou “testar” um serviço.
As desculpas usadas pelos golpistas incluem a criação de uma nova chave Pix ou a realização de uma transferência para confirmar uma operação bancária.
Como evitar:
- Desconfie de solicitações de transferências para testes: Bancos não solicitam transferências para ativação de serviços.
- Confirme a identidade de quem liga: Se um funcionário do banco entrar em contato, desligue e ligue diretamente para o número oficial da instituição.
Como evitar golpes do Pix? Instruções gerais
Embora os golpes envolvendo o Pix sejam cada vez mais comuns, existem diversas medidas que podem ser adotadas para se proteger:
- Verifique os dados antes de transferir: Sempre confira os dados do destinatário, como nome e CPF, antes de concluir a operação.
- Desconfie de urgência: Mensagens pedindo transferências imediatas, especialmente com alegações de emergência, devem ser tratadas com cautela.
- Cadastre suas chaves Pix apenas nos aplicativos oficiais: Use apenas o aplicativo do seu banco ou instituição financeira para cadastrar ou gerenciar suas chaves Pix.
- Evite fornecer informações sensíveis por telefone: Bancos e instituições financeiras não pedem dados pessoais ou senhas por telefone.
Caí em um golpe do pix, e agora?
Se você foi vítima de um golpe utilizando o Pix, é essencial agir rapidamente para aumentar as chances de recuperar o dinheiro. O Banco Central e as instituições financeiras brasileiras possuem alguns mecanismos que permitem, em certos casos, o ressarcimento de valores perdidos em fraudes. Veja abaixo os principais passos a seguir:
1. Entre em contato com o Banco
O primeiro passo é notificar imediatamente o banco ou instituição financeira pela qual você fez a transferência. Informe que foi vítima de um golpe e solicite o bloqueio imediato da transação. O ideal é fazer isso o quanto antes, já que, quanto mais cedo o banco for avisado, maiores as chances de impedir que o golpista saque ou transfira o dinheiro.
Os bancos têm até 7 dias para analisar o caso e, se comprovada a fraude, o valor pode ser devolvido à vítima em até 96 horas, desde que a conta que recebeu o dinheiro tenha saldo. É importante que essa comunicação seja feita dentro de um prazo máximo de 80 dias após a transação.
2. Registre um Boletim de Ocorrência (BO)
Paralelamente, registre um Boletim de Ocorrência, seja online (nas delegacias virtuais) ou presencialmente em uma delegacia de polícia. No BO, descreva detalhadamente o golpe, incluindo informações sobre a conta para a qual foi feita a transferência, o momento em que ocorreu e as mensagens trocadas com o golpista.
Esse registro é fundamental não apenas para o andamento das investigações, mas também pode ser requisitado pelo banco para dar andamento ao processo de ressarcimento. Além disso, o BO é essencial caso a vítima precise recorrer à Justiça para tentar recuperar o dinheiro.
3. Procure outros canais
Se o banco não solucionar o problema de forma satisfatória, a vítima pode recorrer a outras instâncias. O Procon, órgão de defesa do consumidor, pode intermediar a comunicação entre a vítima e o banco para tentar resolver o problema.
Outra possibilidade é registrar uma reclamação diretamente na Ouvidoria do Banco Central. A reclamação contra o banco utilizado pelo golpista serve como uma maneira de fiscalizar e cobrar uma atuação mais efetiva da instituição financeira. Embora a Ouvidoria não tenha poder para devolver o dinheiro diretamente, ela pode auxiliar na pressão sobre o banco para resolver o caso.
Se essas alternativas não forem suficientes, a vítima também pode buscar a Justiça para pedir a devolução do valor perdido. Em alguns casos, dependendo do valor envolvido e das circunstâncias do golpe, essa pode ser uma solução mais demorada, mas eficaz.
Dicas importantes:
- Mantenha sempre cópias de todas as comunicações com o banco, o registro do BO e as trocas de mensagens com o golpista.
- Evite apagar mensagens ou qualquer registro relacionado ao golpe, pois essas informações podem ser fundamentais nas investigações.
- Monitore sua conta após o golpe para identificar qualquer atividade suspeita.