O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou uma desaceleração de 0,39% em novembro, após uma alta de 0,56% em outubro. O dado foi divulgado nesta terça-feira, 10 de dezembro, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A inflação acumulada em 12 meses até novembro foi de 4,87%, superando os 4,76% do mês anterior, um leve aumento que reflete a continuidade de pressões inflacionárias em alguns setores da economia.

Projeções do mercado e expectativas de analistas

O resultado de novembro ficou ligeiramente acima da mediana das projeções de analistas, que apontavam uma alta de 0,38%. De acordo com a pesquisa da Reuters, a expectativa para o mês era de 0,37%, com uma inflação acumulada em 12 meses estimada em 4,85%. No entanto, o índice ficou abaixo da projeção de 0,40% de alta da XP Investimentos, que justificou a diferença pela menor aceleração nos preços das carnes, que pressionaram o indicador de forma considerável.

Esse resultado reflete o comportamento de preços em um cenário onde alguns grupos apresentaram deflação, enquanto outros setores ainda apresentam pressões. A aceleração no custo de itens como carnes, passagens aéreas e despesas pessoais fez com que o índice permanecesse positivo, mas sem ultrapassar as previsões do mercado.

Impacto das bandeiras tarifárias e Black Friday

A mudança para a bandeira tarifária amarela de energia elétrica e os impactos da Black Friday também foram determinantes para o comportamento do IPCA no mês de novembro. Seis dos nove grupos do indicador apresentaram deflação, o que contribuiu para a desaceleração do índice geral. A redução nos preços da energia elétrica ajudou a compensar aumentos em outros setores, como alimentação e serviços.

A Black Friday também teve influência, particularmente no grupo de preços livres, que teve uma aceleração de 0,84%. Isso se deve ao aumento de preços em alimentos e serviços, além de um comportamento mais moderado nos preços industriais, que ficaram praticamente estáveis.

Grupos de impacto no IPCA de novembro

Alimentação e Bebidas

O grupo Alimentação e Bebidas registrou uma alta de 1,55% em novembro, impulsionada principalmente pelos 8,02% de aumento nos preços das carnes. Entre os itens que mais impactaram o índice, destacaram-se contrafilé, alcatra, refeição, óleo de soja e costela, que contribuíram com 0,03 ponto percentual cada. Esses aumentos foram responsáveis por parte da pressão inflacionária observada no mês.

Transportes

O grupo de Transportes teve uma alta de 0,89%, principalmente devido ao aumento de 22,65% nas passagens aéreas. Segundo o IBGE, esse aumento foi em parte impulsionado pela proximidade do final do ano e o aumento da demanda por viagens devido aos feriados de fim de ano. Em contraste, os combustíveis apresentaram uma queda de 0,15%, com reduções no preço do etanol (-0,19%) e da gasolina (-0,16%).

Despesas Pessoais

As Despesas Pessoais também tiveram um impacto considerável no índice de novembro, com uma alta de 1,43%. O aumento de 14,91% no preço do cigarro, após o ajuste na alíquota do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), foi o principal responsável por essa elevação, influenciando diretamente o comportamento do grupo.

Habitação

Em contraste com os aumentos em outros grupos, o setor de Habitação registrou uma queda de 1,53%. O destaque foi a queda de 6,27% nos preços da energia elétrica residencial, devido à aplicação da bandeira tarifária amarela, que tem um custo menor. Para o mês de dezembro, a expectativa é que a bandeira tarifária seja verde, o que significará a eliminação de qualquer cobrança adicional nas contas de luz.

Inflação de serviços e preocupações com o mercado de trabalho

A inflação de serviços foi um ponto de destaque no mês de novembro, registrando uma aceleração de 0,83%, frente à taxa de 0,35% observada no mês anterior. Esse aumento reflete as pressões provenientes de um mercado de trabalho aquecido e uma renda em alta, que impulsionaram o aumento dos preços dos serviços.

O setor acumulou uma alta de 4,71% nos últimos 12 meses, gerando preocupação entre analistas econômicos. O aumento no custo de serviços como educação, transporte e saúde tem sido uma constante ao longo do ano, gerando desafios para o controle da inflação no Brasil.

Índice de difusão e expectativas para os próximos meses

O índice de difusão, que mede a porcentagem de itens com variação positiva de preços, apresentou uma queda para 58% em novembro, indicando um alívio nas pressões inflacionárias mais generalizadas. No mês anterior, esse índice havia alcançado 62%, mostrando que a inflação não está se espalhando de forma tão ampla quanto em meses anteriores.

Fonte: IBGE, Projeções Econômicas.