Em janeiro de 2025, os investimentos de brasileiros no exterior ficaram negativos em US$ 101 milhões, conforme dados divulgados pelo Banco Central (BC) na última quinta-feira, 27. Este é um grande contraste em relação ao mesmo mês de 2024, quando o saldo foi positivo em US$ 2,238 bilhões. O impacto desse resultado é atribuído a uma diferença entre vendas e compras, que afetou a movimentação dos brasileiros em ativos internacionais.

O que aconteceu com os investimentos em janeiro de 2025?

No primeiro mês de 2025, os dados do BC mostraram que os brasileiros realizaram vendas de ativos no exterior que somaram US$ 3,171 bilhões, enquanto as compras ficaram em US$ 3,070 bilhões. O saldo negativo de US$ 101 milhões resultou desse descompasso, representando uma reversão significativa frente ao saldo positivo observado no mesmo período de 2024.

A análise detalhada do comportamento dos investidores brasileiros no exterior revela que as vendas superaram as compras em diferentes tipos de ativos. Com um cenário de investimentos no exterior mais conservador, o mês de janeiro trouxe resultados mistos, com destaque para a oscilação no mercado de ações, fundos de investimento e renda fixa.

Investimentos em ações apresentam saldo positivo

Um dos destaques positivos foi o setor de ações, que teve um saldo positivo de US$ 63 milhões em janeiro de 2025. Este valor representou um aumento de 46% em relação ao mesmo período de 2024, quando o saldo positivo foi de apenas US$ 43 milhões. Os brasileiros realizaram US$ 418 milhões em compras e US$ 355 milhões em vendas no mercado acionário internacional, refletindo uma postura mais favorável em relação a investimentos em ações em comparação com outros ativos.

Esse comportamento pode ser um reflexo da busca por diversificação em ativos que oferecem maiores perspectivas de rentabilidade no longo prazo, apesar das incertezas econômicas globais. O mercado de ações continua sendo uma escolha relevante para investidores brasileiros, ainda que com uma abordagem cautelosa.

Fundos de investimentos no exterior

Outro segmento que apresentou um desempenho significativo foi o dos fundos de investimentos no exterior. Em janeiro, o saldo negativo foi de US$ 192 milhões, mas essa cifra representou uma melhora em relação ao saldo negativo de US$ 696 milhões registrado no mesmo período de 2024. Esse avanço reflete uma recuperação parcial no interesse dos brasileiros por fundos internacionais.

O total de US$ 2,607 bilhões em aplicações em fundos foi ofuscado pelas vendas de US$ 2,799 bilhões, o que resultou no saldo negativo. No entanto, a recuperação parcial é um indício de que os investidores estão começando a reavaliar as oportunidades nesse tipo de investimento, especialmente com a perspectiva de mudanças nas taxas de juros globais.

A renda fixa: menor interesse, mas ainda com saldo positivo

No segmento da renda fixa, o desempenho também foi de saldo positivo, mas com uma queda expressiva em comparação com o ano anterior. O saldo positivo de US$ 29 milhões foi um declínio significativo em relação aos US$ 2,891 bilhões registrados em janeiro de 2024. Esse valor foi alcançado com US$ 45 milhões em compras e US$ 16 milhões em vendas de ativos de renda fixa.

O comportamento dos investidores em renda fixa pode ser atribuído a uma busca por maior segurança em tempos de volatilidade, embora a cifra mais baixa indique que os investidores estão menos dispostos a alocar grandes quantias nesse tipo de ativo, preferindo outras opções com maior potencial de retorno, como ações ou fundos de investimento.

Títulos de curto prazo destacam-se na renda fixa

Dentro da categoria de renda fixa, o maior interesse dos brasileiros foi por títulos de curto prazo, que apresentaram um saldo positivo de US$ 30 milhões. Essa preferência por ativos de curto prazo pode ser uma reação à incerteza econômica global, com investidores buscando reduzir riscos e aumentar a liquidez de seus portfólios.

Por outro lado, os títulos de longo prazo não atraíram a mesma confiança, resultando em um pequeno saldo negativo de US$ 1 milhão. Esse contraste demonstra a cautela dos brasileiros ao se exporem a ativos de longo prazo, que podem ser mais afetados por flutuações econômicas e políticas nos mercados internacionais.

Como o comportamento dos investidores pode impactar o mercado?

O comportamento de venda superior às compras em janeiro de 2025 sugere uma retração no apetite por riscos por parte dos brasileiros. Este movimento pode estar relacionado ao cenário de incertezas econômicas, como as flutuações nas taxas de juros globais e a volatilidade nos mercados financeiros internacionais.

Além disso, as mudanças nos saldos de investimentos podem indicar uma tendência de maior cautela, com uma reavaliação dos riscos associados aos ativos no exterior. O mercado de ações, com um saldo positivo crescente, e a renda fixa, com a preferência por títulos de curto prazo, demonstram uma busca por segurança e diversificação, que são características típicas de investidores que enfrentam períodos de instabilidade.