O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a principal medida da inflação oficial no Brasil, registrou um aumento de 0,43% em abril de 2025. Esse valor representa uma desaceleração em relação ao mês anterior, quando o índice havia subido 0,56%. Com isso, a inflação acumula uma alta de 2,48% no ano e 5,53% nos últimos 12 meses. O resultado foi amplamente influenciado pelos aumentos nos preços de alimentos, bebidas e medicamentos, que exerceram grande impacto sobre a economia doméstica.

O que impulsionou a inflação em abril?

Em abril, a principal pressão sobre a inflação veio de dois setores: Alimentação e Bebidas e Saúde e Cuidados Pessoais. No caso da alimentação, o índice apresentou uma alta de 0,82%, embora tenha desacelerado em comparação com o mês anterior, quando a variação foi de 1,17%. Esse aumento foi impulsionado principalmente pelos preços da alimentação fora do domicílio, que subiram 0,80%, afetando diretamente o custo das refeições e lanches. A alta foi ainda mais expressiva nos preços dos alimentos vendidos no mercado, como batata-inglesa (18,29%) e tomate (14,32%), que registraram os maiores aumentos.

Além disso, o grupo de Saúde e Cuidados Pessoais teve a maior alta percentual, com aumento de 1,18%. O principal fator foi o reajuste de até 5,09% nos preços dos medicamentos, em vigor desde o final de março, o que gerou um impacto significativo no bolso dos consumidores. Esse reajuste, somado ao aumento de preços em itens de higiene pessoal (+1,09%), gerou pressão inflacionária no setor de saúde.

Como a alimentação afetou a inflação?

O grupo de Alimentação e Bebidas continuou a ser o principal responsável pela alta da inflação de abril, com um peso de 0,18 ponto percentual (p.p.) sobre o índice geral. A alimentação no domicílio, que inclui itens como arroz, feijão e vegetais, teve um aumento de 0,83%, o que refletiu diretamente no custo de vida dos brasileiros. Entre os produtos que mais subiram, destacam-se a batata-inglesa, que registrou uma alta de 18,29%, e o tomate, com 14,32%. Esses aumentos se devem a fatores como condições climáticas adversas e variações sazonais, que afetaram a produção e a oferta desses alimentos.

Por outro lado, alguns itens apresentaram queda de preço, como a cenoura (-10,40%) e o arroz (-4,19%), o que ajudou a atenuar o impacto da alta nos preços da alimentação. No entanto, a inflação geral no grupo de alimentos ainda foi uma das mais altas, representando uma preocupação para as famílias brasileiras.

O impacto dos medicamentos na inflação

Outro setor que teve grande impacto sobre a inflação foi o de medicamentos. Com reajustes de até 5,09% nos preços, os medicamentos se tornaram mais caros para os consumidores. Esse aumento refletiu uma pressão sobre o orçamento familiar, especialmente para aqueles que dependem de tratamentos médicos contínuos. Os reajustes nos medicamentos foram anunciados a partir de 31 de março e têm um efeito direto sobre a saúde pública e o poder de compra dos brasileiros.

A alta de preços nesse setor, aliada ao aumento nos custos de serviços de saúde, como consultas e exames, contribuiu para o aumento geral da inflação em abril. O grupo de Saúde e Cuidados Pessoais foi o de maior variação percentual entre todos os segmentos da cesta de consumo, com um aumento de 1,18%.

Queda nos preços de transportes e combustíveis

Enquanto a alimentação e a saúde pressionaram a inflação, o grupo de Transportes foi o único a registrar uma queda, com variação negativa de 0,38%. A principal causa dessa queda foi a diminuição no preço das passagens aéreas, que recuaram 14,15%. Outros itens do grupo, como combustíveis, também registraram reduções, destacando-se o etanol (-0,82%), o gás veicular (-0,91%), o óleo diesel (-1,27%) e a gasolina (-0,35%). Esses recuos nos preços dos combustíveis e do transporte aéreo ajudaram a aliviar a pressão inflacionária, especialmente para os consumidores que dependem de transporte rodoviário e aéreo para suas atividades cotidianas.

Comparação com o INPC e expectativas do mercado

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que mede a inflação para as famílias de menor renda, registrou uma alta de 0,48% em março de 2025. Esse aumento é menor do que o registrado pelo IPCA, mas reflete um padrão similar de alta nos preços de alimentos e serviços essenciais. O INPC acumulou uma variação de 5,32% nos últimos 12 meses, evidenciando a pressão sobre o orçamento das famílias de menor renda.

Em relação às expectativas do mercado, o resultado da inflação de abril veio dentro das projeções, que indicavam uma variação entre 0,38% e 0,47%. Isso demonstra que, apesar das pressões sobre determinados grupos de produtos, o cenário inflacionário está em desaceleração, o que pode oferecer um alívio para os consumidores nos próximos meses.

Julia Peres

Redatora do Melhor Investimento.