O Ibovespa encerrou 2024 com uma queda acumulada de 10,36%, marcando o pior desempenho desde 2021, quando o índice recuou quase 12%. O resultado reflete um ano desafiador para os mercados financeiros, afetados por um cenário fiscal incerto no Brasil e pela instabilidade econômica global. No último pregão de 2024, nesta segunda-feira (30), o índice registrou uma leve alta de 0,01%, fechando a 120.283,40 pontos. No entanto, as perdas acumuladas ao longo do ano foram significativas, impactando investidores e a confiança no mercado.

Desempenho do Ibovespa em 2024: um ano difícil para o mercado brasileiro

O Ibovespa iniciou o último pregão do ano com uma leve alta, sustentada principalmente pelo bom desempenho das ações da Petrobras (PETR4; PETR3) e Vale (VALE3), que ajudaram a amenizar a queda anual do índice. No entanto, a desvalorização acumulada no ano foi expressiva. O principal fator para essa queda foi a desconfiança com o cenário fiscal no Brasil. O governo federal enfrentou dificuldades em avançar com a agenda fiscal, o que gerou apreensão nos investidores, além do impacto das incertezas no cenário econômico externo.

O índice fechou o ano com uma queda de 10,36%, o que foi considerado um desempenho negativo para a bolsa brasileira, principalmente considerando o contexto externo de juros elevados nos Estados Unidos e a desaceleração da economia chinesa. Esses fatores afetaram diretamente o apetite dos investidores por ativos de risco no Brasil.

O que prejudicou o desempenho do Ibovespa em 2024?

A principal causa para a desvalorização do índice em 2024 foi a falta de confiança no cenário fiscal brasileiro. Durante o ano, o governo enfrentou dificuldades em aprovar medidas importantes relacionadas ao ajuste fiscal, o que gerou incertezas sobre o futuro da economia brasileira. Além disso, o aumento das taxas de juros nos Estados Unidos, juntamente com as tensões econômicas na China, afetaram os mercados globais, dificultando ainda mais o ambiente de negócios no Brasil.

Esses fatores externos também contribuíram para uma percepção mais negativa do mercado sobre as perspectivas econômicas do país. O dólar, por exemplo, pressionado pela formação da Ptax, manteve-se forte, o que acabou impactando a competitividade do Brasil no comércio internacional.

Impactos da agenda fiscal e expectativa para o futuro

Apesar da queda expressiva no Ibovespa ao longo de 2024, houve um pequeno avanço no último pregão, com o índice subindo apenas 0,01%. Esse movimento tímido foi influenciado pela decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de flexibilizar a determinação anterior de bloqueio de R$ 4,2 bilhões em emendas de comissão. O analista Hayson Silva, da Nova Futura Investimentos, afirmou que essa liberação poderia melhorar o ambiente no Congresso, facilitando a aprovação de pautas da agenda fiscal do governo.

No entanto, o mercado já ajustou suas expectativas para a inflação e a taxa Selic para os próximos anos. De acordo com o relatório Focus do Banco Central, as projeções para a inflação de 2025 e a taxa Selic até 2026 foram elevadas pela décima primeira vez consecutiva, o que sugere que o cenário econômico interno continuará desafiador.

O que esperar para 2025: perspectivas para o Ibovespa e o mercado financeiro

Com o cenário fiscal ainda sendo uma grande preocupação, o Ibovespa deve continuar sendo impactado pela instabilidade política e econômica do Brasil em 2025. A expectativa é que o mercado permaneça atento aos desdobramentos das pautas fiscais do governo e a possível implementação de reformas que possam ajudar a estabilizar a economia.

Do ponto de vista externo, as políticas monetárias nos Estados Unidos e a situação econômica da China continuarão a influenciar diretamente o mercado financeiro global e, consequentemente, o desempenho da bolsa brasileira. A alta dos juros nos Estados Unidos e a volatilidade econômica na China têm o potencial de gerar novos desafios para o Brasil, principalmente no que diz respeito à atração de investimentos estrangeiros.

Câmbio e os efeitos no mercado financeiro

O câmbio também teve papel importante no desempenho do mercado em 2024. O real foi pressionado pela formação da Ptax, com a moeda brasileira tendo dificuldades em manter a valorização frente ao dólar. Esse movimento é esperado para continuar pesando sobre o mercado cambial, conforme indicado pelos analistas.

Apesar das dificuldades no cenário fiscal e nas perspectivas externas, a decisão do STF em flexibilizar o bloqueio de emendas tem o potencial de gerar algum otimismo no curto prazo. Se o ambiente no Congresso melhorar, as chances de aprovação de reformas fiscais essenciais para a recuperação econômica podem aumentar, o que poderia ajudar a sustentar a confiança dos investidores no mercado brasileiro.

Maiores altas do Ibovespa hoje (30)

TickerValorização (%)Valor por ação (R$)
AZUL4+5.36%R$ 3,54
BRAV3+4.21%R$ 23,52
COGN3+2.83%R$ 1,09
CMIN3+2.79%R$ 5,15
YDUQ3+2.76%R$ 8,55

Maiores quedas do Ibovespa hoje (30)

TickerValorização (%)Valor por ação (R$)
AMOB3-2.86%R$ 0,34
ABEV3-2.73%R$ 11,74
IRBR3-2.08%R$ 42,45
CXSE3-2.06%R$ 14,25
PETZ3-1.93%R$ 4,07

Ibovespa, dólar e índice das bolsas americanas

NomeFechamentoVariação em ptsVariação em %
🇧🇷 Bovespa120.283+14+0,01%
🇧🇷 USD/BRL6,1778-0,0183-0,30%
🇺🇸 S&P 5005.906,94-63,90-1,07%