O Ibovespa, principal índice da bolsa de valores brasileira, registrou uma queda expressiva de 1,43% nesta sexta-feira (8), fechando em 127.829,80 pontos, seu pior desempenho desde setembro de 2023. O dia de perdas seguiu uma semana negativa, com uma variação de -0,23% acumulada. Este movimento de baixa foi causado por uma combinação de fatores internos e externos, incluindo a falta de medidas fiscais no Brasil, o cenário inflacionário e os resultados abaixo das expectativas relacionadas aos estímulos fiscais da China.

Fatores internos e externos impactam o mercado brasileiro

O desempenho do mercado foi fortemente influenciado pela ausência de novidades fiscais por parte do governo brasileiro. A reforma fiscal que o mercado aguardava foi adiada, deixando os investidores cautelosos em relação ao cenário econômico do país. Para os analistas, o mercado brasileiro continua sensível à incerteza fiscal, especialmente com o governo não avançando com os cortes de gastos que seriam essenciais para garantir a sustentabilidade das contas públicas. Esse cenário tem gerado receio de que o índice de preços ao consumidor (IPCA), divulgado recentemente, possa resultar em mais pressão para o Banco Central elevar ainda mais a taxa de juros, afetando o crescimento da economia.

Além disso, a China, um dos principais parceiros comerciais do Brasil, anunciou estímulos fiscais abaixo das expectativas para sua economia. Apesar de esforços para aquecer a economia chinesa, a medida não foi suficiente para impulsionar a confiança dos mercados globais, impactando diretamente as commodities e as ações brasileiras. O impacto na Vale e em outros setores relacionados ao mercado internacional, como o minério de ferro, foi imediato, o que se refletiu nas quedas observadas durante o pregão.

A influência da inflação brasileira no mercado de capitais

Outro fator crucial para o movimento de baixa do Ibovespa foi o desempenho da inflação em outubro, que veio acima das expectativas do mercado. A aceleração do IPCA, que registrou um aumento de 0,59% no mês, gerou preocupação sobre a trajetória da política monetária do Banco Central. Para muitos analistas, a inflação em patamares elevados pode forçar o Copom a manter uma postura mais agressiva, o que, por sua vez, afeta as projeções de crescimento para o Brasil.

Em meio a esse cenário, o dólar comercial subiu 1,09%, fechando a R$ 5,73. Esse aumento da moeda norte-americana é reflexo da pressão inflacionária interna e também das perspectivas de aumento de juros nos Estados Unidos, que podem atrair mais capital estrangeiro para a economia norte-americana.

Vale e Petrobras: as principais ações em queda e alta

Entre as ações que mais impactaram o desempenho do Ibovespa estão as da Vale e da Petrobras. As ações da mineradora caíram 4,61%, um reflexo da queda no preço do minério de ferro e da frustração com as expectativas em torno dos estímulos fiscais da China. O preço do minério está diretamente relacionado ao crescimento da demanda global, e a desaceleração na China afetou negativamente as projeções para o setor.

Por outro lado, as ações da Petrobras (PETR4) subiram 1,89%, impulsionadas pelo resultado positivo do balanço financeiro da empresa. A estatal brasileira, que é uma das maiores petrolíferas do mundo, tem se beneficiado de altos preços do petróleo e de um desempenho forte nos últimos trimestres. A expectativa de dividendos adicionais também foi um fator que gerou otimismo no mercado e contribuiu para a valorização das suas ações.

Maiores altas do Ibovespa hoje (08)

TickerValor por ação (R$)Valorização (%)
EMBR3+7.47%R$ 53,79
NTCO3+2.90%R$ 14,53
RECV3+2.62%R$ 17,63
VIVA3+2.53%R$ 25,58
MGLU3+2.35%R$ 9,60

Maiores quedas do Ibovespa hoje (08)

TickerValorização (%)Valor por ação (R$)
ALPA4-7.90%R$ 6,53
LREN3-6.14%R$ 16,97
USIM5-6.02%R$ 6,25
FLRY3-5.75%R$ 13,60
CMIN3-5.49%R$ 5,85

O cenário externo: Wall Street e o otimismo global

Enquanto o Ibovespa registrava perdas, o mercado dos Estados Unidos, representado pelos principais índices de ações, fechava em alta. O Dow Jones e o S&P 500 atingiram novos recordes, impulsionados por expectativas de crescimento econômico, vitórias políticas e a política monetária do Federal Reserve. A expectativa de que o Federal Reserve mantenha os juros baixos, junto com a antecipação de uma possível vitória nas eleições americanas de 2024, tem impulsionado a confiança no mercado.

O setor de tecnologia também tem se beneficiado de um cenário favorável em Wall Street, com a expectativa de que o crescimento das empresas de tecnologia continue robusto. O movimento contrastante entre as bolsas brasileiras e norte-americanas reflete a diferença nas expectativas econômicas e políticas entre os dois países.

Ibovespa, dólar e índice das bolsas americanas

NomeFechamento Variação em ptsVariação em %
🇧🇷 Bovespa127.830-1.852-1,43%
🇧🇷 USD/BRL5,7376+0,0458+0,80%
🇺🇸 S&P 5005.995,54+22,44+0,38%

Julia Peres

Redatora do Melhor Investimento.