O Google, gigante de tecnologia, teve uma boa notícia em meio a diversos casos antitruste que enfrenta ao redor do mundo: sua parceria com a startup de inteligência artificial Anthropic não será alvo de uma investigação antitruste completa no Reino Unido. A Competition and Markets Authority (CMA), órgão regulador britânico, concluiu que o Google não obteve “influência material” sobre a Anthropic por meio desse acordo, o que impediu um exame mais profundo sobre o impacto da parceria no mercado de IA.

O que aconteceu entre Google e Anthropic?

Em 2023, o Google anunciou um investimento significativo de US$ 2 bilhões na Anthropic, uma startup especializada em inteligência artificial, focada na criação de modelos avançados de IA. Além do investimento, o Google também firmou um contrato de nuvem com a Anthropic, permitindo que a startup utilizasse seus serviços de infraestrutura para seus projetos. A CMA, no entanto, iniciou uma análise detalhada desse acordo, considerando a possibilidade de que a Alphabet, controladora do Google, pudesse ganhar influência excessiva sobre a empresa de IA, o que poderia afetar a concorrência no mercado de inteligência artificial.

A CMA revisou diversos documentos internos das duas empresas e, após concluir a investigação, decidiu que o Google não tinha a capacidade de exercer influência significativa sobre a Anthropic por meio da parceria, considerando que a startup mantém sua independência e liberdade para atuar de forma autônoma.

Preocupações da CMA com a “teia interconectada” de parcerias de IA

A CMA tem se mostrado vigilante no que diz respeito ao crescente número de parcerias e investimentos feitos pelas grandes empresas de tecnologia no ecossistema de inteligência artificial. Com o mercado de IA em rápida expansão, a agência está preocupada com o risco de um pequeno número de empresas dominando o setor, o que poderia prejudicar a competição e inovação. A autoridade britânica se referiu a essas alianças estratégicas como uma “teia interconectada”, o que poderia gerar distorções no mercado, caso uma empresa tivesse influência excessiva sobre as demais.

A análise da CMA reflete a crescente pressão regulatória sobre as gigantes de tecnologia, que enfrentam investigações tanto na Europa quanto nos Estados Unidos. A crescente presença das grandes corporações no setor de IA também tem gerado discussões sobre os impactos econômicos e sociais dessa tecnologia, que está transformando indústrias e modelos de negócios globalmente.

Outros investimentos no ecossistema de IA sob análise

Este não é o único investimento significativo em inteligência artificial que passou pela análise da CMA. Em setembro, a Amazon recebeu aprovação para investir US$ 4 bilhões na Anthropic, outro sinal de que o mercado de IA está atraindo pesados investimentos de grandes corporações. No entanto, a CMA ainda está analisando o investimento da Microsoft na OpenAI, empresa responsável pelo desenvolvimento do popular modelo de IA ChatGPT. Além disso, a agência também autorizou rapidamente acordos entre a Microsoft e outras empresas de IA, como Mistral e Inflection, após investigações mais curtas.

Esses movimentos regulatórios destacam o crescente foco dos governos na necessidade de garantir que os investimentos e parcerias no setor de IA não favoreçam um pequeno número de empresas dominantes. A CMA, nesse contexto, se mostra um ator-chave na regulação desse mercado emergente, com o objetivo de equilibrar a inovação com a concorrência saudável.

A reação da Anthropic e o alívio para o Google

Após a decisão da CMA, a Anthropic se posicionou publicamente, afirmando que sua independência não foi afetada pela parceria com o Google. A empresa declarou que suas parcerias estratégicas, incluindo os investimentos do Google, não diminuem sua capacidade de tomar decisões independentes em relação à governança corporativa. A Anthropic enfatizou também que continua livre para firmar parcerias com outros provedores de nuvem e outras empresas, reforçando sua autonomia no mercado de IA.

Para o Google, essa decisão foi um alívio significativo. A empresa já está enfrentando múltiplos processos antitruste, especialmente na União Europeia e nos Estados Unidos, que podem ter implicações severas sobre sua operação global. Um desses casos, por exemplo, ameaça forçar o Google a vender seu navegador Chrome, um dos produtos mais lucrativos da empresa. A análise positiva da CMA sobre sua parceria com a Anthropic, portanto, vem como uma boa notícia para a gigante da tecnologia em meio ao crescente escrutínio regulatório.