O Federal Reserve (Fed) reduziu juros nos EUA nesta quarta-feira (17), sinalizando a primeira queda na taxa básica americana em nove meses. A decisão, de 0,25 ponto percentual, levou os juros para a faixa de 4% a 4,25% ao ano e refletiu sinais de desaceleração no mercado de trabalho norte-americano, além de manter o foco na estabilidade da inflação.

Primeiro corte de juros em nove meses

A redução anunciada pelo Fed é a primeira desde dezembro de 2024, quando a taxa havia sido ajustada para 4,25% a 4,50% ao ano. Desde então, o banco central manteve os juros estáveis em cinco reuniões consecutivas, acompanhando os impactos das políticas econômicas e do cenário internacional.

O corte de 0,25 ponto percentual veio em linha com as expectativas do mercado financeiro, que já antecipava uma flexibilização gradual da política monetária diante de indicadores econômicos mais fracos. Com a decisão, o Fed também indicou que projeta pelo menos mais dois cortes de juros em 2025, durante as reuniões previstas para o final de outubro e a primeira quinzena de dezembro.

Contexto econômico nos Estados Unidos

O anúncio do Fed ocorre em meio a dados que mostram um mercado de trabalho menos aquecido. A criação de vagas desacelerou, e a taxa de desemprego registrou leve alta, embora continue em níveis historicamente baixos. Por outro lado, a inflação segue acima da meta de 2% estabelecida pelo banco central, mas sem sinais de descontrole.

Segundo o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc), o colegiado está preparado para ajustar a política monetária conforme necessário, caso surjam riscos que possam comprometer os objetivos de máximo emprego e estabilidade de preços. O Fed mantém atenção especial à evolução da inflação e ao crescimento econômico, equilibrando estímulo e controle.

Divergências internas e votação do Fomc

A decisão do Fed não foi unânime. Stephen Miran, indicado pelo presidente Donald Trump, votou contra o corte de 0,25 ponto percentual, defendendo uma redução maior de 0,5 ponto. Já a diretora Lisa Cook votou junto à maioria do Fomc, aprovando o corte anunciado.

Essa divisão evidencia a pressão política que tem marcado as últimas semanas, com a tentativa de Trump de influenciar as decisões do Fed e substituir diretores da instituição. Apesar das tensões, o colegiado manteve sua independência, sinalizando que a condução da política monetária seguirá baseada em critérios técnicos.

Pressões políticas de Donald Trump sobre o Fed

A redução dos juros ocorre em meio a um cenário de forte intervenção política. Donald Trump criticou publicamente Jerome Powell e outros membros do Fed, cobrando taxas menores e buscando nomes alinhados à sua agenda econômica.

Nos últimos meses, Trump tentou demitir Lisa Cook e teve o caso suspenso pela Justiça americana. Caso consiga uma maioria de aliados na diretoria do banco central, o presidente poderia influenciar decisões sobre nomeações nos 12 bancos regionais e ter maior poder sobre a política monetária, o que geraria impactos significativos nos Estados Unidos e nos mercados globais.

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