O Federal Reserve (Fed) pode estar a caminho de cortar sua taxa de juros para 3,5% até meados de 2025, segundo projeções de operadores de mercado. Esses cortes são esperados após a divulgação de dados econômicos mais recentes que sinalizam uma desaceleração da inflação e um enfraquecimento do mercado de trabalho. As expectativas refletem um ajuste mais acelerado do que o anteriormente projetado, à medida que os economistas tentam equilibrar a política monetária com a economia americana.

Os operadores agora esperam que o Fed reduza a taxa de juros em 25 pontos-base já no próximo mês, iniciando um processo gradual de cortes que poderá continuar até o final de 2025. O objetivo final seria levar os juros a uma faixa entre 3,50% e 3,75%, ou talvez menos, dependendo das condições econômicas. Atualmente, a taxa de juros nos EUA está na faixa de 4,75% a 5,00%, após uma série de ajustes implementados para lidar com a inflação elevada.

Esse movimento vem após o Federal Reserve já ter reduzido a taxa em 50 pontos-base em setembro, o que os formuladores de política monetária do Fed descreveram como uma “recalibragem” para refletir a desaceleração da inflação e as mudanças no mercado de trabalho. Os economistas e investidores agora aguardam a próxima reunião do Fed, esperando que o corte de juros seja confirmado como uma medida para sustentar o crescimento econômico.

Dados econômicos mais recentes impulsionam expectativa

A mudança nas expectativas do mercado se deve, em grande parte, à publicação de novos dados econômicos que sugerem uma desaceleração da inflação e uma deterioração nas condições do mercado de trabalho. O índice de preços ao consumidor (CPI) dos Estados Unidos subiu 2,4% em setembro, uma leve desaceleração em comparação com os 2,5% registrados no mês anterior. No entanto, o aumento superou a previsão de economistas, que esperavam uma inflação de 2,3%. 

Além disso, os pedidos semanais de auxílio-desemprego aumentaram mais do que o esperado. Esse aumento foi atribuído, em parte, aos efeitos do furacão Helene, que afetou algumas regiões dos Estados Unidos. Esses dois fatores — inflação ainda presente e enfraquecimento do mercado de trabalho — foram cruciais para alterar as apostas dos operadores, que agora acreditam em cortes de juros mais rápidos.

Operadores ajustam previsões para o Fed

Antes da divulgação dos últimos dados, o mercado projetava que o Fed manteria a taxa de juros inalterada na reunião de novembro. Contudo, os números recentes levaram a uma mudança significativa nas previsões. Agora, a maioria dos operadores aposta que o Fed vai reduzir os juros em 25 pontos-base no próximo mês, e continuar com cortes graduais até atingir o patamar de 3,5% no final de 2025.

Embora a maior parte dos analistas espere que os cortes parem na faixa de 3,50% a 3,75%, há um crescente número de previsões sugerindo que o Fed possa ir ainda mais longe, possivelmente reduzindo os juros abaixo de 3,5% até o fim de 2025 ou início de 2026. Esse cenário dependeria de uma desaceleração mais acentuada da economia ou de uma inflação que caia para níveis ainda mais baixos.

Reação dos economistas: a estratégia do “pouso suave”

Os economistas também estão acompanhando de perto as decisões do Fed, avaliando os impactos potenciais de um ciclo prolongado de cortes de juros. Ryan Sweet, economista-chefe da Oxford Economics para os EUA, destacou que o ligeiro aumento no índice de preços ao consumidor em setembro não deve ser visto como um sinal de uma nova alta inflacionária. 

Ele observou que o Fed ainda deve seguir em frente com seu plano de cortes graduais, começando com uma redução de 25 pontos-base em novembro, com o objetivo de manter a economia em um curso de “pouso suave”. Segundo Sweet, o Fed precisa continuar ajustando as taxas de juros para sustentar o crescimento e evitar que a economia entre em uma recessão severa.