A disputa comercial entre os Estados Unidos e a China continua a crescer, e o atual cenário não aponta para uma resolução imediata. Segundo o representante de Comércio dos EUA, Jamieson Greer, não há planos para uma conversa entre os presidentes Donald Trump e Xi Jinping no momento. Em entrevista à rede de TV norte-americana CBS, durante o programa Face the Nation, Greer detalhou a situação atual, destacando a responsabilidade da China na escalada da crise e fornecendo um panorama sobre as negociações com outros países.

A disputa comercial entre os EUA e a China já dura meses, com ambos os países impondo tarifas sobre seus produtos, o que afetou negativamente o comércio global. A tensão aumentou especialmente após o anúncio feito por Trump em abril de 2018, quando impôs tarifas de taxa de importação de 25% sobre US$ 50 bilhões em produtos chineses, como parte de uma tentativa de reduzir o déficit comercial com a China. Em resposta, a China implementou uma série de retaliações, levando a um ciclo crescente de tarifas que culminou nas atuais tarifas de 145% nos produtos chineses e 125% nos produtos americanos.

Por que a China é vista como responsável pela escalada?

Durante sua entrevista, Greer explicou que a crise comercial poderia ter sido evitada, caso a China não tivesse optado por retaliar as políticas norte-americanas. Para ele, essa retaliação foi a principal razão pela qual a situação se intensificou. “A única razão pela qual realmente estamos nesta situação agora é porque a China escolheu retaliar”, afirmou Greer.

A decisão de impor tarifas mais altas como forma de retaliação a uma ação comercial dos Estados Unidos tem sido um ponto de discórdia. As taxas sobre as importações dos EUA à China foram aumentadas significativamente, impactando diretamente as cadeias de suprimentos globais e os consumidores de ambos os países.

O que Greer disse sobre um possível diálogo?

Embora o cenário atual seja de impasse, Greer afirmou que, em algum momento, deve ocorrer um diálogo entre os presidentes dos dois países. No entanto, ele reforçou que não há nenhum plano imediato para que Trump e Xi Jinping se encontrem. “Desde 2 de abril (quando Trump anunciou suas tarifas), temos isso (este assunto) ao nível dos líderes, e em algum momento, como o presidente Trump salientou, esperamos poder ter uma conversa com eles”, declarou o representante comercial.

Este posicionamento indica que a escalada das tarifas, por mais prejudicial que seja, ainda não resulta em uma resolução diplomática rápida, sendo apenas uma etapa no processo negociacional. As negociações futuras dependem, em grande parte, de uma mudança nas atitudes de ambos os lados.

Como os Estados Unidos estão lidando com a situação?

Embora o confronto com a China seja o principal foco da política comercial de Trump, Greer ressaltou que os Estados Unidos estão ativamente envolvidos em negociações com países que não retaliaram as políticas norte-americanas. Segundo o representante, cerca de 70 países estão atualmente em negociação com os EUA sobre acordos comerciais, buscando uma troca recíproca mais justa.

A Casa Branca se mostrou otimista sobre essas negociações, que buscam resolver questões comerciais de maneira mais equilibrada e com menos impacto negativo para a economia americana. Greer enfatizou o trabalho intenso da administração Trump para alcançar esses acordos de maneira mais eficiente: “A realidade é que estamos trabalhando dia e noite, compartilhando papéis, recebendo ofertas e dando retornos a esses países sobre como eles podem atingir melhor o comércio recíproco com os Estados Unidos”, declarou.

Essas negociações são vistas como uma estratégia dos EUA para fortalecer sua posição comercial global, ao mesmo tempo em que busca mitigar os danos causados pelas tarifas impostas à China.

O prazo de 90 dias e a expectativa de acordos rápidos

Em relação ao prazo de 90 dias de suspensão das tarifas (exceto para a China), Greer se mostrou confiante de que será possível alcançar acordos relevantes antes do prazo final, previsto para expirar em fevereiro de 2020. Ele declarou: “Meu objetivo é conseguir acordos relevantes antes de 90 dias. Acho que atingiremos este objetivo com vários países nas próximas semanas”, ressaltando a importância de acelerar as negociações com outros países.