Contatos de ministros do STF e Congresso aparecem no celular do dono do Banco Master

O celular do dono do Banco Master, Daniel Vorcaro, contém contatos de ministros do STF, parlamentares e um governador, revelando sua ampla rede política.

imagem do autor
16 de dez, 2025 às 08:00
Homem branco, de barba, vestindo um terno escuro com gravata, em pé ao lado de um grande logotipo escultural cinza que se assemelha a um pico de montanha com um triângulo no topo. Divulgação/Banco Master

O dono do Banco Master, Daniel Vorcaro, reúne em seu celular uma lista de contatos que inclui ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), parlamentares e até governadores, segundo documentos obtidos após quebras de sigilo fiscal, bancário e telemático do empresário. A revelação foi feita à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do INSS, que recebeu arquivos detalhando os números armazenados pelo banqueiro. Não há registros de trocas de mensagens ou ligações, apenas a agenda de contatos. Vorcaro, procurado para comentar, não se manifestou.

Leia também:

O arquivo entregue à CPI do INSS mostra que a agenda de Daniel Vorcaro contém pelo menos três ministros do STF, cinco senadores, 20 deputados e um governador. Entre os nomes de destaque está o do ministro Dias Toffoli, responsável pela investigação que apura supostas irregularidades do Banco Master. A lista evidencia a proximidade do empresário com figuras centrais do Judiciário e do Legislativo, reforçando sua imagem em Brasília como alguém com ampla rede de relacionamentos políticos.

Ainda não há indícios de que esses contatos tenham influenciado diretamente decisões judiciais ou legislativas. O material entregue à comissão tem caráter documental, mostrando apenas a existência dos números armazenados no aparelho do banqueiro.

Relação com o ministro Dias Toffoli

A presença de Dias Toffoli na agenda de Vorcaro ganhou destaque devido à condução do inquérito que investiga o banco. Recentemente, o ministro viajou a Lima, no Peru, em um jato particular acompanhado do advogado de um diretor do Master. Dias depois, decretou sigilo do inquérito e determinou que todas as investigações sobre a instituição fossem centralizadas no STF, retirando o caso da esfera da CPI e de instâncias inferiores.

Além disso, Toffoli suspendeu o acesso da comissão parlamentar a todo material da quebra de sigilos, incluindo dados financeiros e mensagens de aplicativos de comunicação. A medida judicial determinou que os documentos fossem encaminhados diretamente ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre, e permanecessem sob custódia da presidência da Casa até nova deliberação do Supremo.

O gabinete do ministro informou que a decisão considerou pedidos dos advogados do empresário para anular algumas medidas, que foram indeferidos. Essa movimentação reforçou debates sobre a transparência das investigações e a independência das apurações sobre instituições financeiras.

Reação da CPI e autoridades envolvidas

O presidente da CPI do INSS, senador Carlos Viana (Podemos-MG), classificou a decisão de Toffoli como “grave”, afirmando que a medida enfraquece a investigação e aumenta a desconfiança da sociedade. Para Viana, restringir o acesso da comissão ao material é um retrocesso no esforço de fiscalização das atividades do Banco Master.

Tanto Toffoli quanto Alcolumbre não se manifestaram publicamente sobre a divulgação dos contatos de Vorcaro. O silêncio reforça o debate sobre a necessidade de transparência e o impacto político que essas relações podem ter sobre processos judiciais e legislativos.

Conexões políticas e tentativas de benefícios ao banco

A agenda de Vorcaro também inclui parlamentares com histórico de atuação em temas financeiros. Em 2024, o senador Ciro Nogueira (PP-PI), que consta na lista de contatos, apresentou uma emenda à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da autonomia financeira do Banco Central. Conhecida no Congresso como a “emenda Master”, a proposta buscava elevar a cobertura do Fundo Garantidor de Crédito (FGC) de R$ 250 mil para R$ 1 milhão, beneficiando diretamente aplicações financeiras como o CDB — principal produto do banco.

Embora a emenda não tenha sido incorporada ao projeto final, a iniciativa chamou atenção pela coincidência com os interesses do Banco Master. Nogueira, procurado, negou qualquer intenção de favorecer o banco. O episódio evidencia o potencial das relações políticas de Vorcaro no cenário legislativo e suas possíveis repercussões para o setor financeiro.

Achou este conteúdo útil? Siga o Melhor Investimento nas redes sociais: 

Instagram | Facebook