FMI eleva projeções para dívida pública do Brasil
O Fundo Monetário Internacional (FMI) revisou suas projeções fiscais para o Brasil, elevando a expectativa de que a dívida pública do país atinja 92% do PIB em 2025.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) revisou suas projeções fiscais para o Brasil, apontando um aumento no peso da dívida pública em relação ao Produto Interno Bruto (PIB). A expectativa é que, em 2025, o endividamento brasileiro atinja 92% do PIB, um aumento significativo em relação aos 87,3% projetados para 2024. Essa previsão, divulgada no relatório Monitor Fiscal durante as Reuniões de Primavera do FMI, coloca o Brasil em uma posição preocupante, refletindo uma situação fiscal que ainda não dá sinais de recuperação substancial.
O que é o “peso da dívida” e por que ele importa?
A relação entre a dívida pública e o PIB é um dos principais indicadores econômicos usados para medir a capacidade de um país de honrar suas obrigações financeiras. Quando a dívida de um país cresce em relação ao seu PIB, isso indica uma maior pressão sobre as finanças públicas. Para o Brasil, o aumento projetado de 87,3% para 92% do PIB em 2025 é um sinal de alerta. O FMI, no Monitor Fiscal divulgado em abril, destacou que o Brasil poderá retornar aos patamares elevados de endividamento vistos durante a pandemia de covid-19, o que implica um risco para a sustentabilidade fiscal e a confiança dos investidores.
Projeções de crescimento da dívida pública até 2026
Em 2024, o peso da dívida pública no PIB brasileiro está projetado em 87,3%. Contudo, o FMI prevê que essa relação se ampliará para 92% em 2025 e continuará crescendo até atingir 96% em 2026. Esse aumento de cerca de 12 pontos percentuais, comparado aos 10 pontos estimados na versão anterior do relatório, indica uma tendência negativa para as finanças públicas do Brasil nos próximos anos. O aumento projetado da dívida é significativo, visto que o país já enfrentava uma pressão fiscal elevada desde o fim de 2022, com a dívida representando 83,9% do PIB.
Por que a dívida está aumentando?
A principal razão para o aumento da dívida pública brasileira, de acordo com o FMI, são os juros altos. O governo brasileiro tem adotado uma política fiscal que, embora tenha anunciado medidas de corte de gastos, não tem sido suficiente para conter o crescimento da dívida. O Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que a alta da dívida não é consequência de um resultado primário negativo, mas sim dos altos custos com o serviço da dívida, que são impulsionados pela política de juros elevada do Banco Central.
Economistas divergem dessa análise e afirmam que a elevada dívida é, em grande parte, uma responsabilidade do governo, que continua com um grande volume de gastos públicos. Eles argumentam que a alta dos juros tem sido necessária para combater a inflação, mas que a inatividade fiscal do governo contribui para a persistência do problema.
A comparação com outros países emergentes
O Brasil está se distanciando ainda mais dos outros países emergentes. Enquanto a média da dívida pública em relação ao PIB desses países deve alcançar 73,8% em 2025, o Brasil estará com uma dívida muito acima dessa média, refletindo uma situação fiscal mais delicada. O Brasil, portanto, só perde para economias como a da China, que também apresenta uma dívida elevada, mas com um ritmo de crescimento diferente.
Além disso, a crescente dívida do Brasil coloca o país em uma posição desconfortável quando comparado a outras grandes economias emergentes e desenvolvidas. De acordo com o FMI, o Brasil, junto com países como China, França, Reino Unido e Estados Unidos, contribui significativamente para o aumento da dívida pública global, que deve atingir 95% do PIB em 2025 e se aproximar dos 100% até 2030.
O impacto da dívida sobre a economia brasileira
O impacto dessa trajetória de crescimento da dívida pública no Brasil é considerável. Com o endividamento aumentando, o governo brasileiro pode enfrentar dificuldades adicionais para atrair investimentos, já que a confiança na capacidade de pagamento do país pode ser prejudicada. Além disso, o aumento da dívida pode limitar a capacidade do governo de investir em áreas essenciais, como infraestrutura, educação e saúde, devido ao alto custo dos serviços da dívida.
A continuidade dessa trajetória de endividamento sem uma política fiscal mais robusta e efetiva pode resultar em uma perda de soberania econômica, o que geraria sérias consequências para o crescimento econômico e a qualidade de vida da população.