Denúncia aponta lavagem de dinheiro por fintechs ligadas ao PCC
Segundo o pedido de prisão do MP, o PCC utilizou uma sofisticada estrutura de empresas de fachada e operações financeiras para repassar dinheiro à 2GO e ao INVBank.
Imagem: Reprodução
O Ministério Público de São Paulo revelou, em uma denúncia recente, que duas fintechs, a 2GO e a INVBank, estariam sendo utilizadas para a lavagem de dinheiro vinculada a organização criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).
Através de uma rede complexa de empresas de fachada e transações financeiras, a organização criminosa teria movimentado grandes quantias de recursos para a compra de imóveis, utilizando contas de “laranjas” para esconder a origem dos valores.
Esquema e operação
De acordo com os promotores, a estratégia envolvia a transferência de dinheiro para contas controladas por indivíduos intermediários, antes que os valores fossem empregados nas transações imobiliárias. Esse procedimento buscava dar um aspecto legal aos negócios, dificultando a fiscalização de autoridades como o Banco Central e a Receita Federal.
As fintechs, que têm o papel de viabilizar transações financeiras por meio de plataformas digitais, seriam fundamentais para disfarçar a ilegalidade dos depósitos.
A operação, que culminou na prisão de um policial civil, foi deflagrada com base na delação premiada de Antônio Vinicius Lopes Gritzbach, ex-corretor de imóveis, que foi assassinado no ano passado. Segundo o MP, Gritzbach desempenhou um papel essencial ao utilizar sua expertise no mercado imobiliário para auxiliar na ocultação de bens de membros do PCC.
Em seu depoimento, ele revelou que sua atuação facilitou o envolvimento de pessoas chave da organização criminosa, permitindo a lavagem de grandes somas de dinheiro.
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Movimentação de dinheiro em diversos Países
Somente a 2GO, uma das fintechs investigadas, teria movimentado aproximadamente R$ 6 bilhões em diversos países, incluindo Brasil, Estados Unidos, Paraguai, China e Hong Kong. Já a INVBank, de acordo com a investigação, recebeu R$ 11 milhões de Anselmo Becheli Santa Fausta, conhecido como “Cara Preta”, apontado como um dos principais líderes do PCC. Gritzbach também revelou que “Cara Preta” seria sócio oculto da INVBank, com o objetivo de investir em imóveis e disfarçar a origem do capital.
Até o momento, tanto a 2GO quanto a INVBank não se manifestaram oficialmente sobre as acusações. As investigações seguem em andamento, com as autoridades focadas em desmantelar o esquema e responsabilizar os envolvidos na lavagem de dinheiro e na ocultação de bens.
Com informações publicadas originalmente pela Folha de S. Paulo