As ações da CSN registraram forte queda nesta sexta-feira (9) após a divulgação dos resultados do primeiro trimestre de 2025. O desempenho financeiro abaixo do ideal, aliado à expressiva queima de caixa e aumento na alavancagem da companhia, acendeu o alerta entre investidores e analistas, provocando reações negativas no mercado.

Às 11h10, os papéis da CSN (CSNA3) recuavam 6,85%, cotados a R$ 8,97, enquanto os da CSN Mineração (CMIN3) caíam 6,03%, negociados a R$ 5,77. O resultado, embora com pontos positivos operacionais, revelou desafios relevantes na saúde financeira do grupo, especialmente em relação à sua geração de caixa.

Analistas apontam queima de caixa e dívida como principais riscos para as ações da CSN

A reação negativa do mercado já era prevista por alguns analistas que monitoravam de perto os números do grupo. Segundo o Goldman Sachs, a CSN teve uma queima de caixa estimada em R$ 2 bilhões apenas no trimestre. O banco projeta ainda que esse número pode chegar a R$ 5,4 bilhões ao final do ano, cenário que acende um sinal de alerta em relação à sustentabilidade do caixa da empresa.

Além disso, a alavancagem da companhia — medida pela relação entre dívida líquida e EBITDA — atingiu 4,2 vezes, considerando leasing e pré-pagamentos. Essa alta exposição à dívida é um dos principais fatores por trás da recomendação de venda mantida pelo Goldman Sachs, com um preço-alvo de R$ 7,70 para os papéis da CSN.

O cenário se complica com um Capex ainda elevado e custos financeiros que continuam pressionando o fluxo de caixa da companhia, mesmo diante de uma performance operacional relativamente positiva em alguns segmentos.

Resultados operacionais mistos, com destaque para minério e aço

Apesar das preocupações financeiras, o desempenho operacional apresentou alguns avanços importantes. A CSN reportou um EBITDA ajustado de R$ 2,509 bilhões no trimestre, superando em 7% as estimativas do Bradesco BBI e em 4% o consenso de mercado.

A divisão de minério de ferro alcançou volume recorde para um primeiro trimestre, com 9,6 milhões de toneladas embarcadas. Além disso, o custo C1, que mede o custo de extração e transporte, caiu 11%, contribuindo para o resultado. Já no segmento de aço, a companhia surpreendeu positivamente com volumes acima do esperado e custos estáveis, resultando em um EBITDA de R$ 485 milhões.

Esses números mostram que, embora o cenário financeiro seja desafiador, a operação da companhia segue sólida em setores estratégicos.

Pressão competitiva e fraco desempenho no cimento agravam percepção negativa

Em contrapartida, a divisão de cimento da CSN teve um desempenho decepcionante no primeiro trimestre. A concorrência acirrada no setor e a queda nos preços praticados afetaram significativamente os resultados dessa unidade, elevando a percepção negativa do mercado sobre o balanço geral.

Outro fator preocupante foi o fluxo de caixa livre (FCF), que ficou negativo em R$ 173 milhões, o que reforça o risco de consumo de caixa em um ambiente macroeconômico ainda desafiador, com juros elevados e baixa previsibilidade de crescimento.

Análise e recomendações sobre as ações da CSN

Diante dos números apresentados, casas de análise adotaram uma postura cautelosa em relação às ações da CSN. O Bradesco BBI e o Itaú BBA mantiveram recomendação neutra, com preços-alvo de R$ 9,00 e R$ 12,00, respectivamente. Já a XP Investimentos também reforçou a cautela, destacando incertezas quanto aos preços do minério de ferro, concorrência no setor e impactos dos juros elevados.

A combinação de alto endividamento, fluxo de caixa pressionado e um cenário macroeconômico adverso mantém o papel em um ambiente de maior risco, exigindo atenção redobrada por parte dos investidores.

Julia Peres

Redatora do Melhor Investimento.