O segundo trimestre de 2025 foi desafiador para o setor de mineração e siderurgia no Brasil. Segundo relatório recente do Banco Safra, empresas como VALE3, CSNA3, CMIN3 e USIM5 enfrentaram resultados mistos, refletindo a ausência de estímulos econômicos vindos da China — tradicional motor de demanda global por commodities. A análise apontou não só cortes nas projeções para o setor como um todo, mas também destacou os grandes ganhadores e perdedores do período, com atenção especial ao desempenho operacional e financeiro de cada companhia.

VALE3, CSNA3, CMIN3 e USIM5: o que esperar dos resultados do 2T25

O Safra analisou detalhadamente o desempenho de cada empresa sob sua cobertura no setor de metais e mineração. O foco está nos números de Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização), custos operacionais, embarques e preços realizados no mercado interno e externo.

Sem os tradicionais “gatilhos” vindos do mercado chinês, as empresas brasileiras precisaram se adaptar a um cenário menos favorável, apostando em cortes de custos, aumento de produtividade e melhoria na logística.

Usiminas (USIM5): maior queda entre as avaliadas

Entre todas as companhias analisadas, a Usiminas (USIM5) apresentou o pior desempenho. A expectativa do Safra é que a siderúrgica registre um Ebitda de apenas R$ 408 milhões, o que representa uma queda de 44% em relação ao primeiro trimestre e 40% abaixo das estimativas da Visible Alpha, que projetava R$ 678 milhões.

A queda é explicada principalmente por:

  • Desvalorização dos preços do aço no mercado interno (-2%) e nas exportações (-4%)
  • Redução dos embarques em 4%
  • No segmento de mineração, o recuo foi ainda mais expressivo: 64% de queda no Ebitda, devido à queda no preço do minério para R$ 348/t, mesmo com o leve aumento de volume para 2,4 Mt.

CSNA3 e CMIN3: resultados pressionados pela mineração

A Companhia Siderúrgica Nacional (CSNA3) também enfrentou um trimestre desafiador. O banco espera que a empresa apresente um Ebitda de R$ 2,35 bilhões, queda de 6% na comparação trimestral e 11% abaixo do consenso da Visible Alpha (R$ 2,64 bilhões). O principal motivo é o fraco desempenho da divisão de mineração.

Já a subsidiária CSN Mineração (CMIN3) deverá reportar um Ebitda ajustado de R$ 1,25 bilhão, recuo de 12% em relação ao trimestre anterior e 4% abaixo das projeções de mercado. Mesmo com o aumento nos embarques para 11,1 milhões de toneladas (+15% T/T), os preços realizados mais baixos do minério de ferro impactaram severamente os resultados.

VALE3: desempenho resiliente com foco em eficiência

A Vale (VALE3) conseguiu manter um desempenho relativamente estável no trimestre, beneficiada pela estratégia de controle de custos e aumento de volumes embarcados. O banco projeta um Ebitda de US$ 3,3 bilhões, uma leve alta de 3% sobre o primeiro trimestre de 2025, mas ainda assim 2% abaixo do consenso da Visible Alpha (US$ 3,4 bilhões).

No segmento de minério de ferro:

  • Ebitda deve se manter estável em US$ 2,9 bilhões
  • Queda nos preços realizados em 7,5% (US$ 84/t)
  • Aumento dos embarques em 16%
  • Breakeven elevado para US$ 57,5/t (+US$ 3)

Já no setor de níquel e cobre:

  • Ebitda estimado em US$ 579 milhões, alta de 5%
  • Redução de 18% no custo por tonelada de níquel
  • Aumento nos volumes embarcados, que compensou a leve queda nos preços

Gerdau (GGBR4): destaque positivo do trimestre

A Gerdau (GGBR4) foi a única entre as grandes do setor a apresentar melhora clara nos resultados. O Safra estima um Ebitda de R$ 2,6 bilhões, avanço de 8% no trimestre, ficando apenas 2% abaixo do consenso (R$ 2,66 bilhões). O bom desempenho veio, sobretudo, da divisão América do Norte, impulsionada por:

  • Aumento de 2% nos embarques
  • Preços realizados mais altos
  • Redução de custos

No Brasil, entretanto, o Ebitda deverá cair devido à pressão nos preços, mesmo com leve crescimento nos volumes. Na América do Sul, a projeção é de uma melhora modesta, segundo o banco.