O relatório final da CPI das Pirâmides Financeiras, popularmente conhecida como CPI das Bets, foi apresentado nesta terça-feira, 10 de junho de 2025, pela senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS), gerando grande repercussão. O documento solicita o indiciamento de 16 pessoas, incluindo as influenciadoras Virgínia Fonseca e Deolane Bezerra, sob a acusação de crimes graves como estelionato, lavagem de dinheiro e infrações contra o consumidor.

Principais Acusações e Nomes Envolvidos

A CPI das Bets, que focou em esquemas de pirâmides financeiras e fraudes em plataformas de apostas online, concluiu sua fase de relatoria com um pedido robusto de indiciamento. A senadora Soraya Thronicke detalhou as acusações contra cada um dos 16 nomes, que vão desde a participação em jogos de azar não autorizados e loterias ilegais até publicidade enganosa e formação de organização criminosa.

Entre os indiciados de maior destaque estão as influenciadoras Virgínia Fonseca e Deolane Bezerra, cujos nomes foram amplamente divulgados pela mídia durante o processo da CPI. Virgínia Fonseca é acusada de publicidade enganosa e estelionato, principalmente por utilizar “contas-demo” em suas campanhas e por contratos que vinculavam sua remuneração ao lucro líquido da plataforma gerado por seus seguidores – o que o relatório interpreta como diretamente atrelado às perdas dos apostadores. Já Deolane Bezerra dos Santos enfrenta acusações mais amplas, incluindo contravenções penais de jogo de azar, loteria não autorizada, estelionato, lavagem de dinheiro e integração de organização criminosa, sendo apontada como sócia-administradora de uma das plataformas investigadas.

Além das influenciadoras, a lista de indiciados abrange empresários de casas de apostas e indivíduos ligados a esquemas financeiros suspeitos. Nomes como Fernando de Oliveira Lima (conhecido como Fernandin OIG), José Daniel Carvalho Saturnino, Adélia de Jesus Soares, Daniel Pardim Tavares Gonçalves, Ana Beatriz Scipiao Barros, Jair Machado Junior, Leila Pardim Tavares Lima, Marcella Ferraz de Oliveira, Pâmela de Souza Drudi, Erlan Ribeiro Lima Oliveira, Toni Macedo da Silveira Rodrigues, Marcus Vinicius Freire de Lima e Silva, Jorge Barbosa Dias e Bruno Viana Rodrigues também figuram no pedido de indiciamento. As acusações variam, mas frequentemente incluem lavagem de dinheiro, associação criminosa e estelionato, indicando uma rede complexa de atividades ilícitas.

O Esvaziamento da CPI das Bets

O relatório da CPI das Bets, após sua apresentação, será encaminhado ao Ministério Público Federal (MPF). Essa medida é crucial, pois o MPF terá a prerrogativa de iniciar uma investigação criminal formal com base nas informações e provas coletadas pela comissão parlamentar. O objetivo é que as investigações aprofundem as acusações e, se comprovadas, resultem em processos judiciais contra os indiciados.

Apesar da relevância das conclusões, a CPI das Bets enfrentou desafios significativos em suas fases finais. A senadora Soraya Thronicke apresentou o relatório em um plenário com pouca presença de outros membros, e o texto não foi submetido à votação no mesmo dia. Houve um notável esvaziamento dos trabalhos da comissão, com reuniões marcadas pela falta de quórum e dificuldades na aprovação de requerimentos.

Um dos episódios que marcou o andamento da CPI foi a prisão em flagrante de uma testemunha, apontada como “laranja” em um esquema de apostas ilegais, por falso testemunho perante os senadores. Embora a prisão tenha sido relaxada no mesmo dia, o incidente ilustrou as tensões e os obstáculos enfrentados pela comissão. A tentativa de trazer influenciadores como Virgínia Fonseca para depor visava dar mais visibilidade e “tração” aos trabalhos, mas acabou gerando críticas sobre a falta de foco da investigação parlamentar, desviando, em alguns momentos, a atenção dos esquemas financeiros mais complexos.