O ex-presidente Jair Bolsonaro foi recentemente indiciado pela Polícia Federal (PF) por sua suposta tentativa de golpe de Estado após a derrota nas eleições de 2022. O indiciamento é fruto de um inquérito que investigou as ações de Bolsonaro e de seus aliados, que tentaram impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva. O relatório de 884 páginas, que detalha a estrutura do grupo responsável pelo plano golpista, levanta sérias acusações de organização criminosa e violação do Estado Democrático de Direito. Neste artigo, vamos entender as acusações, como o plano foi orquestrado e as repercussões dessa investigação.

Em 2022, logo após sua derrota nas urnas, Bolsonaro começou a disseminar a narrativa de fraude eleitoral, com o intuito de enfraquecer a confiança no sistema eleitoral brasileiro. Segundo a investigação da Polícia Federal, ele foi o líder de um grupo que tentou impedir a posse do então presidente eleito Lula. A tentativa de golpe envolveu diversos aliados políticos e militares, além de uma série de ações articuladas para desestabilizar a democracia.

A Polícia Federal identificou a existência de uma organização criminosa estruturada com vários núcleos e funções distintas, como detalhado no relatório de investigação. Bolsonaro, como chefe do movimento, trabalhou com aliados de diferentes áreas para implementar o golpe, que se baseava em falsas alegações de fraude eleitoral.

Entre os núcleos principais estavam:

  • Núcleo de desinformação: Responsável pela disseminação de fake news sobre as eleições.
  • Núcleo de inteligência paralela: Integrado por militares e ex-oficiais das Forças Armadas que colaboraram com a articulação.
  • Núcleo jurídico: Auxiliava na elaboração de um decreto que justificaria a tentativa de golpe.
  • Núcleo operacional: Fornecia apoio logístico para as manifestações golpistas.

Esse esforço conjunto visava incitar os militares a apoiar a desestabilização do governo eleito, criando um ambiente de tensão política e tentando legitimar uma possível ruptura democrática.

O inquérito foi instaurado após a eleição de 2022, com foco no período que antecedeu e seguiu a posse de Lula, em 1º de janeiro de 2023. As ações de Bolsonaro e seus aliados, incluindo a divulgação de fake news e manifestações anti-democráticas, aconteceram entre outubro de 2022 e janeiro de 2023, culminando na tentativa de golpe frustrada, que se deu por falta de apoio das principais forças militares e da sociedade.

De acordo com a investigação, as ações golpistas foram planejadas principalmente no palácio do Planalto e em outros locais ligados ao governo Bolsonaro, como o Ministério da Defesa e o Gabinete de Segurança Institucional (GSI). As manifestações que pediam a intervenção militar também ocorreram em várias cidades, com destaque para a capital Brasília, onde atos golpistas tomaram proporções maiores. No entanto, a falta de apoio das Forças Armadas e da sociedade civil em geral fez com que o golpe não se concretizasse.

Por que o golpe não foi bem-sucedido?

A tentativa de golpe fracassou devido a uma série de fatores. Primeiramente, a falta de apoio das Forças Armadas, que foram fundamentais para garantir a estabilidade do novo governo, e a resistência das instituições democráticas, como o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que reforçaram a confiança no processo eleitoral. Além disso, a comunicação interna do grupo golpista se mostrou falha, com diversas operações sendo frustradas antes de ganhar força.

Bolsonaro, como líder do grupo, foi o principal indiciado, mas outros aliados também tiveram seus papéis destacados pela Polícia Federal. Entre os indiciados, estão o ex-ministro da Defesa, Walter Braga Netto, e o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno. Além deles, o deputado federal Alexandre Ramagem e o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, também são citados como participantes ativos no movimento golpista.

Além de Bolsonaro, a PF identificou outras 36 pessoas que teriam colaborado com o golpe, divididas em diferentes núcleos de atuação.

Veja a lista completa com os 37 indiciados pela PF:

  • AILTON GONÇALVES MORAES BARROS
  • ALEXANDRE CASTILHO BITENCOURT DA SILVA
  • ALEXANDRE RODRIGUES RAMAGEM
  • ALMIR GARNIER SANTOS
  • AMAURI FERES SAAD
  • ANDERSON GUSTAVO TORRES
  • ANDERSON LIMA DE MOURA
  • ANGELO MARTINS DENICOLI
  • AUGUSTO HELENO RIBEIRO PEREIRA
  • BERNARDO ROMAO CORREA NETTO
  • CARLOS CESAR MORETZSOHN ROCHA
  • CARLOS GIOVANI DELEVATI PASINI
  • CLEVERSON NEY MAGALHÃES
  • ESTEVAM CALS THEOPHILO GASPAR DE OLIVEIRA
  • FABRÍCIO MOREIRA DE BASTOS
  • FILIPE GARCIA MARTINS
  • FERNANDO CERIMEDO
  • GIANCARLO GOMES RODRIGUES
  • GUILHERME MARQUES DE ALMEIDA
  • HÉLIO FERREIRA LIMA
  • JAIR MESSIAS BOLSONARO
  • JOSÉ EDUARDO DE OLIVEIRA E SILVA
  • LAERCIO VERGILIO
  • MARCELO BORMEVET
  • MARCELO COSTA CÂMARA
  • MARIO FERNANDES
  • MAURO CESAR BARBOSA CID
  • NILTON DINIZ RODRIGUES
  • PAULO RENATO DE OLIVEIRA FIGUEIREDO FILHO
  • PAULO SÉRGIO NOGUEIRA DE OLIVEIRA
  • RAFAEL MARTINS DE OLIVEIRA
  • RONALD FERREIRA DE ARAUJO JUNIOR
  • SERGIO RICARDO CAVALIERE DE MEDEIROS
  • TÉRCIO ARNAUD TOMAZ
  • VALDEMAR COSTA NETO
  • WALTER SOUZA BRAGA NETTO
  • WLADIMIR MATOS SOARES

Julia Peres

Redatora do Melhor Investimento.