Nesta quinta-feira (21), a Polícia Federal (PF) apresentará ao Supremo Tribunal Federal (STF) um pedido de indiciamento contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O ex-mandatário será acusado de envolvimento em uma tentativa de golpe de Estado, com o objetivo de impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O caso, que já está sendo investigado há quase dois anos, promete trazer novas revelações sobre os possíveis envolvidos e as motivações por trás da tentativa de desestabilização do governo.

O pedido de indiciamento: principais acusações contra Bolsonaro

O indiciamento de Jair Bolsonaro se concentra em três acusações principais: tentativa de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e organização criminosa. O relatório final da PF, com mais de 800 páginas, revela como Bolsonaro se tornou uma peça-chave na tentativa de derrubar o governo Lula, orquestrada por um grupo de figuras do seu governo e aliados militares. O caso gira em torno dos ataques de 8 de janeiro de 2023, quando extremistas invadiram as sedes dos Três Poderes em Brasília, com o objetivo de destituir o novo governo.

Outros envolvidos no caso: investigações alcançam nomes do primeiro escalão de Bolsonaro

Além de Bolsonaro, outras figuras de alto escalão do governo anterior estão sendo investigadas. Entre elas, destacam-se:

  • General Walter Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil e candidato a vice-presidente de Bolsonaro em 2022;
  • General Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI);
  • General Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa;
    Além deles, cerca de 40 pessoas também serão responsabilizadas pelos envolvidos na tentativa de golpe, ampliando o alcance da investigação e das acusações.

Esses nomes são mencionados no relatório da PF como peças centrais em uma suposta trama que visava impedir que o processo de posse de Lula fosse concluído de forma pacífica e democrática.

O que esperar das autoridades

Após a apresentação do pedido de indiciamento ao STF, o ministro Alexandre de Moraes, que está à frente das investigações, deve encaminhar o caso ao procurador-geral da República, Paulo Gonet. O procurador-geral será responsável por decidir se há elementos suficientes para uma denúncia criminal formal, se o caso será arquivado por falta de provas ou se mais diligências serão necessárias.

Além disso, uma nova operação da PF, deflagrada dois dias antes do indiciamento de Bolsonaro, resultou na prisão de um policial e quatro militares, incluindo um general. Eles são acusados de planejar a morte de Lula, do vice-presidente Geraldo Alckmin e de Alexandre de Moraes, evidenciando uma conspiração mais ampla.

A investigação de 8 de janeiro: o contexto por trás dos ataques

A investigação sobre a tentativa de golpe de Estado tem como pano de fundo os ataques violentos que ocorreram em Brasília no dia 8 de janeiro de 2023. Durante esses ataques, extremistas invadiram os prédios do Congresso Nacional, Palácio do Planalto e Supremo Tribunal Federal, tentando derrubar o governo de Lula e colocar Bolsonaro de volta ao poder.

A PF argumenta que esses ataques não foram um ato isolado, mas parte de um plano mais amplo para minar a estabilidade do governo eleito democraticamente. A investigação aponta que o ex-presidente Bolsonaro e outros aliados políticos e militares estavam cientes e até incentivaram essas ações para criar um cenário favorável à derrubada de Lula.

Bolsonaro já enfrenta outras acusações

Além das acusações relacionadas à tentativa de golpe de Estado, Bolsonaro já está sendo investigado por outros dois casos que envolvem sua gestão. O ex-presidente foi indiciado pela PF em um caso sobre fraude no cartão de vacinação contra a Covid-19 e também está sendo investigado por sua relação com o uso indevido de joias recebidas como presente de Estado do governo saudita. Esses casos revelam um padrão de condutas que envolvem irregularidades durante o governo Bolsonaro e estão sendo minuciosamente investigados pelas autoridades.