Na manhã desta quinta-feira (16), as ações da Vale (VALE3) abriram quase estáveis após 90 minutos de leilão devido à venda de um bloco significativo de ações, em operação que movimentou R$ 2,2 bilhões. O leilão aconteceu em meio a uma operação da Cosan (CSAN3) para se desfazer de sua participação na mineradora, uma ação que visa reduzir a alavancagem e simplificar a estrutura da holding. O movimento gerou reações positivas no mercado, especialmente nas ações da Cosan, que subiram 3,03%, refletindo um otimismo com os rumos da companhia.

O que aconteceu no leilão da Vale?

O leilão de ações da Vale, que inicialmente estava previsto para durar até às 11h, foi estendido e resultou em uma venda de 43.873.000 papéis da mineradora, ao preço de R$ 50,63 cada, com um desconto de 3,75% em relação ao preço de fechamento da véspera. A transação gerou um montante de aproximadamente R$ 2,2 bilhões. Às 11h34, as ações da Vale apresentavam uma leve alta de 0,17%, negociadas a R$ 52,70.

Essa movimentação ocorre em um contexto de redução de participação da Cosan na Vale, que detinha cerca de 4% das ações da mineradora até ontem. A venda foi bem recebida pelo mercado, com analistas destacando que ela favorece a redução do desconto de holding da Cosan, além de proporcionar um alívio na pressão sobre as ações da Vale, que enfrentam dificuldades devido à queda de 35% nos últimos 12 meses.

O papel da Cosan na venda da Vale

A Cosan, por meio de sua estratégia de desinvestimentos, está buscando reduzir sua alavancagem e simplificar sua estrutura corporativa. A holding pretende zerar sua participação na Vale, o que está diretamente relacionado ao seu objetivo de reduzir a dívida bruta. Segundo analistas do UBS BB, essa operação deve aliviar a pressão financeira sobre o grupo, reduzindo até 30% de sua dívida bruta. Além disso, a venda pode aumentar o Valor Presente Líquido (VPL) da Cosan, com uma estimativa de valorização de 15%.

O impacto das vendas também foi notado nas ações da Cosan, que reagiram positivamente ao anúncio, subindo 3,03%, a R$ 8,84. A operação, de acordo com o Bradesco BBI, pode melhorar a alavancagem da holding e reduzir as despesas com juros vinculadas ao CDI, além de trazer foco mais simples para a Cosan. Por conta do ambiente macroeconômico desafiador, a nova gestão da Cosan já havia sinalizado que a venda de sua participação na Vale poderia ser uma alternativa viável para equilibrar as finanças da companhia.

O impacto dessa venda nas ações da Vale

A venda de ações da Vale pela Cosan pode ser vista como uma estratégia de alívio para a mineradora, que enfrenta uma queda significativa no preço de suas ações. Nos últimos 12 meses, os papéis da Vale perderam 35% de seu valor, atingindo mínimas de 8 anos. Isso tem sido um fator de pressão para os investidores, que esperam que a venda da participação da Cosan traga um novo respiro para as ações da mineradora.

Com as ações da Vale em um momento delicado, a operação de venda de ações pode reduzir parte dessa pressão. O Goldman Sachs, em seu relatório, acredita que a venda pode ser bem recebida pelo mercado e ajudar a estabilizar as ações da Vale no longo prazo. Embora a transação não seja uma surpresa para os investidores, ela pode representar um ponto de inflexão positivo para a mineradora.

O que significa essa movimentação para o mercado?

Essa venda de ações da Vale e o movimento de redução da participação da Cosan podem ter implicações significativas para o mercado financeiro. A transação tem o potencial de desbloquear um valor de mercado significativo para ambas as empresas. Para a Cosan, o desinvestimento poderá significar uma maior flexibilidade financeira e um retorno para os acionistas, enquanto a Vale pode se beneficiar da redução da pressão sobre suas ações.

Os analistas do Goldman Sachs destacam que, ao considerar o preço atual das ações da Vale e a curva do CDI, a venda da participação da Cosan pode resultar em um alívio para a mineradora, com uma possível recuperação do valor de mercado. Além disso, a simplificação da estrutura da Cosan pode tornar a holding mais atraente para os investidores no futuro, com um foco mais claro em suas operações principais.

Julia Peres

Redatora do Melhor Investimento.