As ações da Azzas 2154 (AZZA3) sofreram uma desvalorização significativa nesta quarta-feira, 12 de março de 2025, após a divulgação do resultado financeiro do quarto trimestre de 2024 (4T24). A varejista de moda registrou uma queda de 35,8% no lucro líquido, o que gerou um impacto direto na cotação da ação, que caiu 13,39%, fechando o pregão a R$ 22,89.

Queda no lucro e pressão nas margens

A Azzas 2154, em seu relatório de resultados, revelou que o lucro líquido no 4T24 foi 20% abaixo das estimativas do Itaú BBA, o que reflete a pressão nas margens operacionais da companhia. A redução de preços e o aumento nas despesas com SG&A (vendas, gerais e administrativas) afetaram diretamente a rentabilidade. De acordo com o Itaú BBA, a margem bruta foi comprimida, e a maior parte dessa pressão foi observada na integração das operações da AR&Co. A companhia ainda registrou uma queda na margem EBITDA de 120 pontos-base, indicando que o cenário desafiador deve perdurar.

O analista do Itaú BBA destacou que, apesar do desempenho abaixo das expectativas, a empresa apresentou uma queima de caixa de R$ 89 milhões no 4T24, valor mais baixo que o previsto de R$ 240 milhões, impulsionado pela redução nos dias a receber. Isso sugere que a Azzas conseguiu melhorar sua gestão de fluxo de caixa, o que pode trazer alívio em um cenário mais difícil.

Recomendações dos bancos de investimento

Apesar dos resultados negativos, diversos bancos mantiveram suas recomendações de compra para a ação da Azzas, refletindo um otimismo cauteloso com o futuro da empresa.

  • Itaú BBA: O banco reiterou a recomendação de compra, com preço-alvo de R$ 47, com base na avaliação atrativa da ação em termos de múltiplos de preço/lucro para 2025, que está abaixo da média do setor de varejo.
  • XP Investimentos: A XP observou que a companhia teve um sólido crescimento de receita, mas as margens continuaram pressionadas pelos ajustes operacionais pós-fusão. A XP também acredita que, apesar da queda no EBITDA, o lucro líquido superou as expectativas, o que foi visto como um ponto positivo em meio a um trimestre difícil.
  • BTG Pactual: O banco apontou que o EBITDA ficou abaixo das estimativas, mas destacou o crescimento decente da receita. O BTG manteve sua recomendação de compra e preço-alvo de R$ 49, citando que o mercado ainda está esperando pelas sinergias da fusão entre Arezzo e Grupo Soma, o que poderia trazer ganhos significativos no futuro.

Desempenho positivo de algumas marcas

Embora o resultado do 4T24 tenha sido impactado pela pressão nas margens, algumas marcas da Azzas mostraram um desempenho positivo. O Goldman Sachs, por exemplo, destacou o crescimento expressivo nas vendas da marca Hering, especialmente no canal direto ao consumidor (sell-out), e uma melhora nas vendas para o varejo (sell-in), particularmente no canal multimarcas.

No entanto, as vendas de calçados continuaram fracas, embora tenham apresentado uma leve recuperação em relação ao 3T24. Esse desempenho irregular é um reflexo dos ajustes contínuos necessários após a fusão, com a Azzas investindo em novas estratégias para consolidar suas marcas no mercado.

Pressão nas margens e desafios pós-fusão

Um dos maiores desafios da Azzas neste momento está relacionado à pressão nas margens, uma consequência direta dos ajustes pós-fusão entre Arezzo e Grupo Soma. O JPMorgan apontou que as despesas com SG&A aumentaram devido aos investimentos para fomentar o crescimento e às despesas adicionais relacionadas à transição de liderança na AR&Co. Essa situação, combinada com os ajustes no portfólio de produtos, afetou negativamente a rentabilidade no trimestre.

Apesar disso, o JPMorgan manteve sua recomendação de compra com preço-alvo de R$ 41, destacando que, apesar dos obstáculos atuais, as perspectivas de longo prazo continuam positivas, principalmente com a consolidação das sinergias da fusão e o potencial de crescimento das marcas integradas.

Expectativas futuras e perspectivas para a Azzas

O futuro da Azzas parece ser moldado pela sua capacidade de superar os desafios operacionais e integrar com sucesso as marcas adquiridas, como a Reserva e a Farm/NV. A companhia enfrenta uma situação complexa, com a necessidade de ajustar sua operação e otimizar custos enquanto busca sinergias entre suas diversas aquisições.

A recuperação da margem EBITDA e o fortalecimento das marcas são vistos como cruciais para melhorar a performance da empresa nos próximos trimestres. Além disso, os analistas de mercado esperam que a Azzas continue a explorar novas oportunidades de crescimento, como a expansão no canal DTC (direto ao consumidor) e o aumento das vendas online.