As ações da Azul (AZUL4) e da Gol (GOLL54) chamaram a atenção do mercado financeiro nesta segunda-feira (8), com fortes valorizações em meio a um pregão desafiador para o setor aéreo. Os papéis da Azul saltaram 31,3%, encerrando a R$ 1,51, enquanto a Gol avançou 17,6%, cotada a R$ 7,10.
O movimento ocorreu apesar da alta do petróleo, da desvalorização do real frente ao dólar e do avanço das curvas de juros — fatores que normalmente pressionam os resultados das companhias aéreas.

Short squeeze e fluxo de investidores explicam alta

De acordo com Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, a disparada não foi sustentada por fundamentos, mas sim por fatores técnicos de mercado. Uma das principais hipóteses é a ocorrência de um short squeeze, quando investidores que mantêm posições vendidas precisam recomprar ações diante da rápida valorização, aumentando ainda mais a pressão de compra.

Segundo o planejador financeiro Jhonatas Deodato, especialista em investimentos e MBA em Finanças pela FBNF, o movimento também foi impulsionado pelo ambiente externo. A expectativa de cortes de juros nos Estados Unidos elevou o apetite global por risco, favorecendo mercados emergentes como o Brasil. Isso ampliou o efeito do short squeeze e levou investidores a aproveitar a oportunidade de comprar papéis que estavam em forte desvalorização.

Esse tipo de fenômeno é comum em empresas com ações muito alugadas e preços pressionados por quedas recentes, cenário que se encaixa no desempenho das companhias aéreas brasileiras.

Histórico recente reforça otimismo de curto prazo

A disparada de Azul e Gol nesta segunda não foi um caso isolado. Desde o início de setembro, os papéis já vinham apresentando ganhos expressivos.

  • Azul (AZUL4):
    • +17,65% em 1º de setembro
    • +19,23% em 4 de setembro
    • +23,66% em 5 de setembro
    • Apesar disso, no acumulado de 12 meses ainda registra queda de 62,9%, além de um recuo de 58,5% em 2025.
  • Gol (GOLL54):
    • +10,35% em 1º de setembro
    • +7,83% em 6 de setembro
    • Desde sua estreia na Bolsa, em junho, já acumula alta de 32%.

Esses números mostram que, embora a recuperação recente seja significativa, ainda há um longo caminho para reverter as fortes perdas acumuladas nos últimos meses.

Cade analisa codeshare entre Azul e Gol

Outro fator que mantém as companhias no radar é o acordo de codeshare entre Azul e Gol, firmado em maio de 2024. O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) notificou na última quarta-feira (3) que o contrato, por ter prazo indeterminado e envolver duas grandes empresas nacionais, deve ser submetido à análise em até 30 dias corridos.

Se não for devidamente registrado, o acordo pode ser enquadrado como prática de “gun jumping” a partir de 2026. Esse tipo de situação ocorre quando companhias implementam fusões, aquisições ou parcerias estratégicas sem autorização prévia do órgão regulador.

Embora o codeshare não tenha sido o gatilho direto da disparada recente, a análise do Cade adiciona uma camada extra de expectativa sobre os rumos do setor aéreo brasileiro.

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