A Axia Energia iniciou um novo ciclo de expansão no setor elétrico brasileiro, marcado pela preparação para disputar megaprojetos de transmissão e pela possibilidade de firmar parcerias estratégicas a partir de 2026. A empresa, que recentemente abandonou o nome Eletrobras após três anos de privatização, passa agora a combinar estabilidade financeira com ambições de crescimento. Em entrevista recente, o CEO Ivan Monteiro detalhou como a companhia pretende atuar nos próximos leilões e por que este movimento é decisivo para a nova fase da Axia.

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A companhia se prepara para participar de uma nova rodada de leilões de transmissão prevista para começar em 2026. Esses certames devem incluir obras avaliadas em dezenas de bilhões de reais, entre elas o novo bipolo de corrente contínua que ligará o Nordeste ao Sul do país. Com 2,5 mil quilômetros de extensão e investimentos estimados em R$ 26,5 bilhões, o projeto é considerado um dos maiores já planejados para o sistema elétrico brasileiro.

Segundo Monteiro, disputar sozinha empreendimentos desse porte poderia elevar significativamente o endividamento da Axia Energia. Por isso, a formação de parcerias passa a ser vista como uma alternativa natural. O executivo lembra que modelos semelhantes já aparecem em setores como o de óleo e gás, no qual grandes empresas montam consórcios para distribuir riscos financeiros e acelerar investimentos.

Fim da reestruturação e início de uma agenda de expansão

A Axia Energia encerrou, recentemente, o profundo processo de reorganização iniciado após a privatização. A companhia concluiu medidas de redução de custos, eliminou contingências relevantes, vendeu participações cruzadas e finalizou obras importantes, como o linhão Manaus–Boa Vista.

Com a fase de ajustes finalizada, a empresa agora divide suas prioridades entre eficiência interna e novas frentes de crescimento. A gestão continua trabalhando na redução do passivo do empréstimo compulsório e na otimização dos gastos com pessoal, materiais e serviços, mas essas pautas começam a dividir espaço com projetos estratégicos e investimentos em novos mercados.

Investimentos em alta e oportunidades no horizonte

Os investimentos da Axia Energia devem somar aproximadamente R$ 10 bilhões em 2025, com tendência de crescimento para os próximos anos. Atualmente, a empresa é a maior transmissora de energia do país, somando 74 mil quilômetros de linhas, além de possuir mais de 40 GW de capacidade instalada — predominantemente hidrelétrica.

O governo federal estuda licitar cerca de R$ 40 bilhões em novas obras de transmissão em 2027, ampliando ainda mais o leque de oportunidades para a companhia. Além disso, a Axia deverá participar do leilão de contratação de potência previsto para março, com projetos de ampliação de hidrelétricas.

Data centers, hidrogênio verde e novas demandas no radar

A Axia Energia trabalha ainda para atuar em segmentos emergentes que devem impulsionar o setor elétrico brasileiro nos próximos anos. A companhia está envolvida na assessoria técnica de projetos de data centers e já assinou memorandos de entendimento com diferentes grupos interessados na instalação de novos empreendimentos no país.

Dois projetos foram submetidos ao governo federal: um em Campinas (SP) e outro em Canindé do São Francisco (SE). Segundo Monteiro, a atuação da Axia vai além do fornecimento de energia, incluindo suporte sobre localização, infraestrutura e acesso à rede.

Além dos data centers, a empresa acompanha a evolução da demanda por hidrogênio verde e eletrificação industrial. Esses setores devem gerar consumo adicional de energia e criar novas oportunidades de negócio.

Olhar para renováveis e construção de capacidade intelectual

Embora não haja aquisições no pipeline no momento, a Axia Energia pretende analisar oportunidades em geração renovável a partir de 2026, com foco especialmente em projetos solares. A companhia também avança no desenvolvimento do que chama de “funding intelectual”: uma estratégia de fortalecimento interno para lidar com a transformação estrutural do setor elétrico, marcada pela expansão das fontes renováveis, pela geração distribuída e pela abertura total do mercado livre.

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