A Ambipar (AMBP3) tem sido alvo de intensa especulação na B3 e, recentemente, os fundos ligados ao empresário Nelson Tanure realizaram um trade multimilionário com as ações da empresa. A gestora Trustee anunciou a redução de sua participação na companhia de gestão ambiental para 11,89% do capital, o que gerou discussões sobre o impacto dessa transação e as estratégias por trás dela.

Recentemente, a Trustee informou que reduziu sua participação na Ambipar de mais de 15% para 11,89% do capital. Essa transação, que não revelou o valor exato nem as datas em que ocorreu, resultou em um lucro significativo para os fundos de Tanure, que embolsaram aproximadamente R$ 720 milhões com a venda, com base na média das cotações da empresa nos últimos dias. Essa movimentação levanta questões sobre a estratégia dos fundos e os possíveis efeitos no mercado de ações da Ambipar.

Os fundos de Tanure começaram a adquirir uma participação relevante na Ambipar em julho de 2024, quando as ações estavam cotadas em cerca de R$ 20. Desde então, houve uma escalada impressionante nas ações da empresa, que alcançaram uma valorização superior a 1.600% desde o final de maio de 2024. No último pregão, as ações da Ambipar fecharam a R$ 138, elevando o valor de mercado da companhia a R$ 23 bilhões.

A alta das ações foi impulsionada por uma série de aquisições realizadas pelo controlador da Ambipar, Tércio Borlenghi Junior, e um programa de recompra de ações implementado pela empresa. Esses fatores, juntamente com a entrada dos fundos da Trustee, contribuíram significativamente para a valorização das ações.

A recente valorização das ações da Ambipar e a venda realizada pelos fundos de Tanure chamam a atenção do mercado, especialmente em um contexto de short squeeze. Isso ocorreu quando investidores que apostavam na queda das ações foram forçados a cobrir suas posições, amplificando ainda mais a alta das cotações. Essa situação se agravou pela redução no número de ações disponíveis para aluguel, uma vez que tanto o controlador quanto a Trustee aumentaram suas participações.

Os investidores se perguntam se a Trustee atuou em conjunto com o controlador da Ambipar para induzir esse movimento de alta. A gestora, no entanto, afirmou que não celebrou “contratos ou acordos que regulem o exercício de direito de voto ou a compra e venda de valores mobiliários emitidos pela companhia”, o que levanta questões sobre a transparência das operações no mercado.

O impacto dessa transação não se limita apenas ao preço das ações. Recentemente, a Ambipar aprovou a indicação de dois nomes da Trustee para o conselho de administração em uma assembleia de acionistas. Os indicados são Pedro de Moraes Borba e Arnaldo Hossepian Junior. Borba já está ligado a outras empresas associadas a Tanure, como a Alliança Saúde e Participações, enquanto Hossepian é presidente da Fundação Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e ex-procurador de Justiça.