De acordo com o comunicado enviado ao mercado, o adiamento da divulgação dos resultados trimestrais foi necessário em razão dos impactos do processo de recuperação judicial sobre as atividades de auditoria e revisão contábil. A Ambipar explicou que a complexidade do processo — conduzido simultaneamente no Brasil e nos Estados Unidos — exigiu um esforço adicional de coordenação entre a companhia, seus assessores e os auditores independentes.

Além disso, a empresa lembrou que, em 22 de setembro, ocorreram mudanças significativas na Diretoria Financeira, o que demandou ajustes internos nos procedimentos de reporte e validação de dados contábeis. Esses fatores, combinados, acabaram por comprometer o prazo originalmente estabelecido para a divulgação do balanço do terceiro trimestre.

A Ambipar reforçou que está envidando todos os esforços possíveis para concluir o processo de revisão das demonstrações financeiras e publicar os resultados “o mais rapidamente possível”. A empresa também assegurou que manterá o mercado e seus acionistas informados sobre a nova data de divulgação assim que o cronograma for reavaliado.

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Contexto judicial da Ambipar (AMBP3)

O adiamento do balanço ocorre em um momento delicado para a Ambipar, que recentemente teve seu pedido de recuperação judicial deferido pela Justiça do Rio de Janeiro. A decisão, emitida pelo juiz Leonardo de Castro Gomes, da 3ª Vara Empresarial do Rio, confirmou a competência da Justiça fluminense para conduzir o caso — uma posição contrária à de parte dos credores, que defendiam a tramitação do processo em São Paulo.

O deferimento marca o início do chamado stay period, período de 180 dias de suspensão das execuções e cobranças contra a empresa. Essa fase é considerada crucial, pois garante estabilidade para as negociações com credores e permite que a companhia elabore um plano de reestruturação financeira capaz de viabilizar a continuidade das operações.

Durante esse período, a Ambipar deverá apresentar um plano que detalhe como pretende reorganizar suas dívidas, preservar empregos e manter suas atividades em andamento, em linha com os princípios da Lei de Recuperação e Falências.

Estrutura do grupo e extensão da dívida

A Ambipar (AMBP3) é composta por mais de 60 empresas controladas por uma única holding, atuando nos segmentos de gestão ambiental, atendimento a emergências e logística sustentável. Em seu pedido de recuperação judicial, a companhia declarou passivos totais de aproximadamente R$ 10,7 bilhões, sendo R$ 7,86 bilhões sujeitos à recuperação no Brasil.

Além do processo em território nacional, a empresa também buscou proteção judicial nos Estados Unidos, com base no Chapter 11 do Código de Falências americano. Esse mecanismo tem como objetivo proteger os ativos internacionais da companhia e sincronizar o processo de reestruturação global, já que a Ambipar possui presença relevante em diversos países.

Impactos e perspectivas

O adiamento do balanço do 3º trimestre reforça a magnitude dos desafios enfrentados pela Ambipar. A empresa, que atua em setores essenciais ligados à sustentabilidade e gestão ambiental, busca equilibrar sua estrutura de capital em um cenário de restrição de crédito e reavaliação de ativos.

Especialistas do mercado financeiro avaliam que, apesar das dificuldades, o andamento coordenado da recuperação judicial no Brasil e no exterior pode oferecer condições para reorganizar dívidas e retomar a confiança de investidores.

Enquanto isso, acionistas e credores aguardam os próximos passos da companhia, incluindo a divulgação do balanço revisado e a apresentação do plano de reestruturação — etapas fundamentais para o futuro da Ambipar (AMBP3).

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