Ações da sul-coreana Innospace caem 28% após queda de foguete em Alcântara, no Brasil
Acidente em lançamento comercial no Brasil afeta desempenho da empresa na Bolsa
Imagem: Innospace/Divulgação via REUTERS
As ações da Innospace, empresa sul-coreana do setor aeroespacial, registraram forte queda nesta terça-feira (23) após um acidente com um foguete lançado a partir do Centro de Lançamento de Alcântara, no Maranhão. O episódio ocorreu na noite de segunda-feira (22), durante o primeiro lançamento comercial da companhia no Brasil, e teve impacto imediato no desempenho dos papéis negociados na Bolsa da Coreia do Sul.
Na Kosdaq, mercado voltado a empresas de tecnologia e inovação, os papéis da Innospace chegaram a recuar 28%, refletindo a reação negativa dos investidores ao insucesso da missão.
A queda acontece poucos dias depois de uma valorização expressiva: antes do lançamento, as ações haviam acumulado alta superior a 60%, impulsionadas pela expectativa em torno da operação no território brasileiro.
O que aconteceu no lançamento
O foguete HANBIT-Nano decolou às 22h13, após uma série de adiamentos técnicos e climáticos. A missão marcou a estreia comercial da Innospace a partir de Alcântara, base estratégica localizada no litoral do Maranhão e considerada uma das mais vantajosas do mundo por sua proximidade com a linha do Equador.
No entanto, cerca de dois minutos após a decolagem, a transmissão ao vivo do lançamento exibiu uma mensagem indicando a ocorrência de uma anomalia durante o voo. Logo em seguida, a exibição foi interrompida.
Posteriormente, a Força Aérea Brasileira (FAB) informou que o foguete iniciou a trajetória conforme o planejado, mas sofreu uma falha que resultou na queda do veículo ainda dentro da área de segurança.
Equipes da FAB e do Corpo de Bombeiros foram acionadas para avaliar os destroços e verificar possíveis danos na área do impacto. Segundo as autoridades, não houve registro de feridos.
Lançamento histórico e atrasos anteriores
O voo era visto como um marco tanto para a Innospace quanto para o programa espacial brasileiro, por representar o início de operações comerciais privadas a partir de Alcântara.
Antes da decolagem, o lançamento havia sido adiado duas vezes: primeiro por um problema identificado em um componente do foguete, que precisou ser substituído, e depois por condições climáticas desfavoráveis.
Mesmo com os ajustes realizados, a falha reacendeu discussões sobre os desafios técnicos e riscos inerentes ao setor de lançamentos espaciais, especialmente em operações iniciais.
Impacto no mercado e próximos passos
A reação do mercado financeiro foi imediata. A queda das ações da Innospace mostra como eventos operacionais têm peso significativo em empresas aeroespaciais, ainda mais em um segmento que exige altos investimentos e depende da confiança dos investidores.
Analistas avaliam que, apesar do impacto negativo no curto prazo, acidentes desse tipo não são incomuns na indústria espacial.
O efeito sobre o valor de mercado da empresa dependerá, principalmente, da transparência na investigação, da capacidade de correção das falhas identificadas e do cronograma de novos lançamentos.
Do ponto de vista econômico, o episódio também chama atenção para o papel de Alcântara como plataforma de negócios internacionais.
O desempenho futuro do centro de lançamentos e das empresas parceiras será acompanhado de perto por investidores e autoridades, que veem no setor espacial uma oportunidade estratégica de longo prazo para o Brasil.
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