Brasil deve acionar termelétricas com maior intensidade até dezembro
O Brasil enfrentará a necessidade de um despacho “mais intenso” de usinas termelétricas até dezembro, conforme destacado pelo Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE).

O Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) anunciou que o Brasil enfrentará a necessidade de um despacho “mais intenso” de usinas termelétricas até dezembro. Esta medida é crucial para atender a demanda de energia nos horários de pico, especialmente em períodos de baixa geração solar. O cenário atual, agravado pela seca e a queda no nível das reservas hídricas, levanta preocupações sobre a segurança do suprimento elétrico no país.
Durante uma reunião mensal realizada na quarta-feira, o CMSE destacou a importância de ações imediatas para garantir a regularidade no suprimento de gás natural. Este gás é essencial para a geração de energia nas termelétricas, que serão acionadas com maior frequência nos próximos meses. Com a previsão de uma demanda crescente, o comitê recomendou que a Agência Nacional do Petróleo (ANP) implemente estratégias que assegurem o fornecimento contínuo desse recurso.
A necessidade de maior acionamento das termelétricas é especialmente relevante até dezembro, um período crítico para o Sistema Interligado Nacional (SIN). Os horários de ponta, que ocorrem em momentos de alta demanda, exigem uma resposta eficaz do setor elétrico para evitar apagões e garantir que os consumidores tenham acesso à energia necessária.
Para enfrentar esse desafio, o CMSE propõe que o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) mobilize recursos adicionais, incluindo a importação de energia de países vizinhos. Além disso, o ONS poderá flexibilizar as regras operativas para maximizar a eficiência do sistema durante os períodos críticos. Essa abordagem multifacetada visa minimizar o impacto negativo que a seca e a alta utilização das termelétricas podem causar nos preços da energia, que já estão elevados devido ao acionamento das bandeiras tarifárias mais altas.
O Brasil tem enfrentado uma grave crise hídrica nos últimos meses, afetando diretamente a capacidade de suas grandes usinas hidrelétricas. Com a seca se agravando, especialmente na região Norte, a geração de energia hidrelétrica diminuiu, levando a um aumento na dependência de termelétricas. Essa situação não só aumenta os custos para os consumidores, mas também representa um desafio significativo para a estabilidade do fornecimento de energia no país.
Os modelos meteorológicos sugerem que as chuvas devem se intensificar na região Sudeste a partir do início de novembro. No entanto, a recente melhora no volume de chuvas ainda não se traduziu em um aumento significativo nos reservatórios das hidrelétricas. Portanto, a expectativa para outubro é de que a energia natural afluente (ENA) continue abaixo da média histórica em todos os subsistemas do Brasil, podendo registrar um dos menores volumes dos últimos 94 anos.