Após seis anos de interrupção, o Brasil volta a importar energia elétrica da Venezuela para abastecer Roraima. A decisão visa reduzir os custos com a geração local de energia, que atualmente depende exclusivamente de termelétricas a diesel. A importação de eletricidade deve aliviar a pressão sobre o sistema energético da região, além de representar uma alternativa mais econômica do que o modelo térmico, altamente oneroso.

O que motivou a retomada da importação de energia?

A autorização para o processo de importação de energia da Venezuela foi dada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) nesta terça-feira, 18 de fevereiro. O governo brasileiro determinou que a Bolt Energy será responsável pela operação e pagamentos relacionados à importação de energia. A medida abrange o período de janeiro a abril de 2025, com o custo de R$ 1.096,11 por megawatt-hora (MWh) – um valor consideravelmente mais alto do que o custo médio das hidrelétricas, que gira em torno de R$ 300 por MWh.

Essa decisão foi tomada para aliviar o custo elevado da geração elétrica em Roraima, o único estado brasileiro que não está integrado ao Sistema Elétrico Nacional (SIN). Desde a interrupção do fornecimento de energia da Venezuela, Roraima tem dependido exclusivamente de termelétricas movidas a diesel, o que representa uma solução mais cara e poluente.

Como funciona a importação de energia?

A importação de energia será realizada através de uma linha de transmissão que conecta a Venezuela ao Brasil. A Bolt Energy, responsável pela operação, atuará na gestão da compra e do fornecimento da eletricidade para o estado de Roraima. Além disso, o governo brasileiro garantiu um reembolso de R$ 41,2 milhões à comercializadora, utilizando recursos da Conta de Consumo de Combustíveis (CCC), um fundo pago pelos consumidores brasileiros, para cobrir parte dos custos da operação.

Apesar de ser uma alternativa mais cara do que as hidrelétricas, o governo acredita que a importação de energia da Venezuela será uma solução mais econômica para a região, quando comparada à geração de energia térmica a diesel. Essa operação, que representa um retorno ao fornecimento energético internacional, busca estabilizar os custos e atender às necessidades de consumo da população roraimense.

Roraima: o estado isolado do sistema elétrico nacional

Roraima é o único estado do Brasil que não faz parte do Sistema Elétrico Nacional (SIN), que interliga todos os outros estados do país. Isso significa que o estado depende de fontes de energia locais para garantir o fornecimento. Desde a interrupção do fornecimento de energia da Venezuela, o estado tem operado de forma isolada, com a geração térmica a diesel sendo a principal fonte de energia elétrica.

A operação de termelétricas a diesel em Roraima tem sido extremamente cara, além de contribuir para a emissão de poluentes. A retomada da importação de energia, embora mais cara do que a hidrelétrica convencional, é vista como uma opção menos onerosa do que manter as termelétricas em funcionamento.

O que aconteceu durante os testes de importação?

Recentemente, a importação de energia foi iniciada com testes no último sábado, 15 de fevereiro. No entanto, o fornecimento foi interrompido no dia seguinte devido a um desligamento na linha de transmissão entre o Brasil e a Venezuela. Esse incidente causou um apagão em Roraima, mas a carga foi rapidamente restabelecida.

Essa falha no sistema não foi um obstáculo definitivo para a operação, mas gerou preocupação quanto à estabilidade da linha de transmissão, que será crucial para garantir o fornecimento contínuo de energia durante o período de importação.