Ao longo das últimas sete décadas, poucas disputas corporativas foram tão duradouras e simbólicas quanto Burger King vs McDonald’s. Essa rivalidade transcende o simples ato de vender hambúrgueres e se tornou uma batalha por relevância cultural, inovação e liderança em um mercado bilionário.

O embate entre o Rei do Whopper e o Palhaço Ronald é um estudo vivo sobre como marcas constroem impérios, enfrentam crises e se reinventam diante de novos hábitos de consumo e tecnologias.

Mais do que uma guerra de marketing, Burger King e McDonald’s representam duas estratégias distintas de crescimento e hoje também competem no mercado financeiro global, com desempenhos que refletem o poder e as fragilidades de cada marca. Saiba mais no Melhor Investimento!

O início da disputa: a ascensão do McDonald’s e o desafio do Burger King

A história do McDonald’s começa em 1940, com um pequeno restaurante na Califórnia fundado pelos irmãos Richard e Maurice McDonald.

O modelo simples e eficiente chamou a atenção de Ray Kroc, um vendedor de máquinas de milk-shake que transformaria o conceito de fast food em um império global.

Em 1955, nascia o McDonald’s Corporation, símbolo da padronização, da rapidez e da experiência familiar, valores que seriam exportados para o mundo inteiro.

Pouco depois, em 1954, James McLamore e David Edgerton abriram o primeiro Burger King em Miami. Desde o início, a proposta era clara: oferecer um hambúrguer maior, grelhado no fogo, e permitir que o cliente escolhesse seus ingredientes com o slogan “Have It Your Way” (Do seu jeito).

Enquanto o McDonald’s apostava na eficiência e consistência, o Burger King se posicionava como uma marca de personalidade e liberdade de escolha. Essa diferença de filosofia moldaria o DNA das duas empresas pelas próximas décadas.

As décadas de expansão: estratégias opostas para dominar o mundo

Nos anos 1970 e 1980, o McDonald’s consolidou seu domínio global, com a expansão para mais de 100 países, introdução do Big Mac, do Happy Meal e uma estratégia de franquias rigorosamente controlada.

Sua força estava na padronização e no reconhecimento da marca, o mesmo lanche em qualquer parte do mundo.

Já o Burger King seguiu um caminho mais ousado e descentralizado. Mudanças constantes de gestão e foco em campanhas publicitárias provocativas foram marcas de sua trajetória.

Desde o icônico “Have It Your Way” até campanhas que cutucavam diretamente o rival, como o anúncio que mostrava um Big Mac “escondido” sob o Whopper, o Burger King apostou no humor e na irreverência como forma de se destacar.

Essa rivalidade criou momentos históricos do marketing, como o “Whopper Detour”, quando o aplicativo do Burger King ofereceu descontos especiais a quem se aproximasse de um restaurante McDonald’s. A ação viralizou e levou a um recorde de downloads do app.

Por outro lado, o McDonald’s manteve-se fiel ao modelo de consistência e inovação gradual, apostando em cardápios locais, experiências de consumo mais rápidas e, recentemente, em tecnologia e inteligência artificial para personalizar pedidos.

Aceleração recente do Burger King

Nos últimos anos, o Burger King tem mostrado sinais de recuperação. Sob o guarda-chuva da holding Restaurant Brands International (QSR), que também controla o Popeyes e o Tim Hortons, a marca tem investido fortemente em digitalização, reestruturação de lojas e campanhas que destacam o preparo artesanal do Whopper.

De acordo com reportagens e comunicados recentes, o Burger King cresce em ritmo mais acelerado que o McDonald’s em alguns mercados, mas ainda enfrenta desafios de produtividade e rentabilidade, já que a inflação e custos operacionais pressionaram margens.

No Brasil, onde a operação é controlada pela Zamp S.A., o Burger King tem buscado se aproximar do consumidor por meio de inovação no cardápio e maior presença digital.

A marca vem apostando em novos formatos de loja, como drive-thrus compactos e delivery centers, além de campanhas localizadas com forte apelo de humor, uma assinatura de seu marketing.

McDonald’s (MCD: NYSE) no mercado financeiro

O McDonald’s Corporation (MCD), listada na Bolsa de Nova York (NYSE), é uma das empresas mais valiosas e resilientes do setor de alimentação global.

O valor de mercado do McDonald’s está em torno de aproximadamente US$ 215 bilhões em outubro de 2025.

A contagem de restaurantes e a parcela franqueada também foram atualizadas: ao final de 2024, a McDonald’s reportou cerca de 43.477 restaurantes e afirmou que aproximadamente 95% das unidades são operadas por franqueados. Esses números constam nos relatórios oficiais da companhia.

No último conjunto de resultados e nos trimestres recentes, o McDonald’s apresentou crescimento de receita na casa dos 5% em trimestres recentes, impulsionado por suas operações internacionais, campanhas de valor e investimentos em tecnologia. As iniciativas digitais também têm ajudado a reter clientes.

A empresa aposta na expansão digital, com o programa de fidelidade e o aplicativo. Em Q2 2025 o MyMcDonald’s Rewards superou 185 milhões de usuários ativos de 90 dias, número que demonstra o potencial do canal digital para aumentar frequência e ticket médio.

Em termos de desempenho em bolsa, as ações do McDonald’s (MCD) mantêm trajetória sólida, sendo consideradas defensivas, ou seja, tendem a resistir bem mesmo em períodos de desaceleração econômica.

O papel é visto por muitos analistas como uma opção de estabilidade, com dividendos consistentes e um histórico robusto de crescimento.

Burger King (QSR: NYSE) e o desempenho no mercado financeiro

O Burger King faz parte da Restaurant Brands International (QSR), listada também na Bolsa de Nova York. A capitalização de mercado da RBI está na faixa de cerca de US$ 30 bilhões em outubro de 2025, refletindo a avaliação do mercado sobre a holding que reúne Burger King, Tim Hortons e Popeyes.

Em 2024 e nos relatórios subsequentes, a RBI reportou crescimento de vendas e aceleração de system-wide sales em 2025, mas com pressões em margens operacionais devido a custos e investimentos em modernização.

O Burger King representa uma parcela material da receita consolidada da holding e segue sendo foco de esforços para elevar produtividade e receita por unidade.

O mercado vê potencial de crescimento, especialmente em mercados emergentes como Brasil e Índia, onde a rede tem aumentado número de lojas e adotado modelos de expansão mais ágeis.

Na B3, a controladora local e a operação brasileira envolvendo a Zamp (ZAMP3) têm recebido atenção de investidores.

Movimentos envolvendo o fundo Mubadala e aumentos de participação na Zamp foram noticiados em 2025, incluindo operações que caminham para concentração acionária e tentativas de fechamento de capital. Essas movimentações influenciaram volatilidade e percepção de valor no mercado local.

Comparativo atual: quem lidera o jogo?

No embate Burger King vs McDonald’s, a resposta depende da métrica analisada.

Em valor de mercado, o McDonald’s é amplamente dominante, com um market cap de US$ 215 bilhões em outubro de 2025, cerca de sete vezes o valor da RBI. Sua margem operacional supera 45%, enquanto a RBI apresenta margens entre 20% e 27%.

Em inovação e engajamento digital, o Burger King leva vantagem em campanhas criativas e marketing ousado, conquistando o público mais jovem e gerando buzz online, o que reforça seu posicionamento como “marca desafiadora”.

Em crescimento global, o McDonald’s ainda lidera em expansão e consistência de receita, sustentado por um ecossistema de franquias altamente lucrativo. Já o Burger King aposta em velocidade e diferenciação para reconquistar mercado, com foco em remodelar a experiência e aumentar a eficiência operacional.

Do ponto de vista do investidor, o McDonald’s segue como um ativo de perfil conservador e previsível, enquanto o Burger King, via QSR ou ZAMP3, representa uma aposta de médio a longo prazo, com potencial de valorização ligado à execução do plano de transformação.

Perspectivas do mercado de fast food no Brasil

O Brasil é hoje um dos principais mercados de fast food do mundo, e tanto McDonald’s quanto Burger King disputam palmo a palmo a liderança do setor. Segundo a Associação Brasileira de Franchising (ABF), o faturamento do franchising cresceu 12,1% em 2024, totalizando R$ 70,231 bilhões, e o segmento Alimentação registrou alta de 14% no ano.

O McDonald’s Brasil, operado pela Arcos Dorados, é o líder de mercado, com mais de 1.100 unidades e uma estratégia cada vez mais digital, em que o app “Méqui” e os quiosques de autoatendimento impulsionam as vendas e reduzem filas.

Já o Burger King, com cerca de 900 unidades, aposta em formatos menores e na integração com o delivery, além de parcerias com influenciadores e collabs sazonais, especialmente em datas como o Halloween, nas quais a marca se destaca pela criatividade.

De acordo com um estudo da Redirection International, especialista em assessoria de fusões e aquisições, o setor de foodservice no Brasil deve registrar um crescimento médio anual de cerca de 7% até 2028. Com a retomada do consumo e o crescimento da classe média, o potencial de expansão é enorme

Reflexão final: uma rivalidade que vale bilhões

A disputa Burger King vs McDonald’s é mais do que uma guerra de hambúrgueres. É uma aula de branding, posicionamento e gestão estratégica.

Enquanto o McDonald’s construiu um império baseado em consistência e inovação incremental, o Burger King optou pelo desafio, pela irreverência e pela coragem de provocar.

No mercado financeiro, o McDonald’s reina soberano, sólido, previsível e rentável. O Burger King, por sua vez, é o eterno “challenger brand”, que aposta na disrupção e em campanhas virais para conquistar corações e carteiras.

No fim das contas, o que realmente sustenta essa rivalidade é o poder das histórias, e tanto investidores quanto consumidores continuam famintos por novos capítulos dessa saga bilionária do fast food global.

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Carolina Gandra

Jornalista do portal Melhor Investimento, especializada em criptomoedas, ações, tecnologia, mercado internacional e tendências financeiras. Transforma temas complexos como blockchain, inteligência artificial e estratégias de mercado em conteúdos acessíveis e envolventes. Com análises atuais e visão estratégica, ajuda leitores a decifrar o futuro dos investimentos e identificar oportunidades no mercado financeiro.