Cofundador do Google ao lado de Larry Page, Sergey Brin foi peça-chave na criação de uma das empresas mais influentes do século XXI. Imigrante nos Estados Unidos vindo da antiga União Soviética, o empresário é mais um daqueles grandes nomes que estão na vanguarda das chamadas Big Techs.

Hoje, como um dos homens mais ricos do mundo, não é exagero dizer que sua trajetória representa uma história de sucesso, marcada por inovação, curiosidade intelectual e impacto global.

Perfil: Quem é Sergey Brin? 

Sergey Brin é um empresário e cientista da computação norte-americano, de origem judáica, amplamente reconhecido por ser um dos cofundadores do Google. Ao lado de Larry Page, Brin foi responsável por transformar um projeto acadêmico em uma das empresas mais influentes e lucrativas da era digital.

O ponto de partida foi um mecanismo de buscas que, ao longo dos anos, se tornou o centro da internet como a conhecemos hoje. Com um modelo de negócios sustentado pela receita bilionária gerada por anúncios online, a dupla construiu um império tecnológico. 

A empresa passou a controlar uma série de produtos e serviços que hoje fazem parte do cotidiano de bilhões de pessoas ao redor do mundo — entre eles, o YouTube, o sistema operacional Android, o navegador Chrome, o Waze, o Google Maps e, claro, o próprio mecanismo de busca.

Origens de Brin: Biografia

Sergey Mihailovich Brin nasceu em 21 de agosto de 1973, em Moscou, então capital da antiga União Soviética, em pleno período da Guerra Fria. Criado em um ambiente familiar altamente intelectual, era filho de dois acadêmicos de carreira. 

Sua mãe, Eugenia, formou-se em Mecânica e Matemática pela Universidade de Moscou e atuava como pesquisadora no Instituto Soviético de Óleo e Gás. Seu pai, Mikhail Brin, também graduado em Matemática pela mesma universidade e doutor na área, lecionava como professor e trabalhou por um tempo como economista no Comitê Estatal de Planejamento soviético. 

A decisão de deixar o país surgiu após Mikhail participar de uma conferência em Varsóvia, na Polônia. De volta à Rússia, passou a alimentar o desejo de buscar uma vida melhor nos Estados Unidos — o famoso “sonho americano”. 

No entanto, o processo de emigração enfrentou diversos obstáculos. Antes obter a autorização para efetivamente sair do país, tanto Mikhail quanto Eugenia foram forçados a deixar seus empregos, e Sergey teve que abandonar a escola. Após oito meses de espera, em 1979, a família Brin recebeu a permissão para deixar o território soviético e embarcou rumo ao solo norte-americano.

Eduacação e trajetória acadêmica nos EUA

Quando chegou aos Estados Unidos com apenas 6 anos, Sergey Brin enfrentou dificuldades para se adaptar à nova cultura e ao idioma, principalmente por conta do forte sotaque. Mas, como costuma acontecer com muitas crianças nessa idade, em pouco tempo ele já dominava o inglês e falava com pronúncia nativa.

Desde cedo, Brin se mostrou um verdadeiro prodígio escolar — daqueles alunos que são colocados em turmas avançadas e, não raro, chegam a pular um ano letivo. O ambiente familiar altamente intelectual fez com que ele, ainda muito jovem, já chamasse a atenção dos professores por seus sólidos conhecimentos em matemática. Essas habilidades, aliadas à sua precocidade, o acompanharam até o ensino superior.

Aos 19 anos, Brin já havia se formado bacharel em Ciência da Computação e Matemática, pela Universidade de Maryland — a mesma onde seu pai lecionava. Depois de ter sua entrada recusada no MIT, acabou optando por Stanford, onde iniciou o mestrado em Ciência da Computação. Foi lá que sua trajetória ganhou novos rumos.

Início de uma parceria transformadora

Foi durante o período em que cursava o mestrado em Stanford que Sergey Brin conheceu aquele que se tornaria seu principal parceiro na criação do Google. O encontro aconteceu em uma visita guiada ao campus, na qual Brin era o responsável por apresentar a universidade a um grupo de novos alunos — entre eles, Larry Page.

Em entrevista à revista The Economist, Brin relembrou o primeiro contato: os dois discordaram praticamente sobre tudo. No entanto, o embate de ideias logo deu lugar a uma afinidade intelectual que viria a se transformar em colaboração.

Assim como Brin, Page também era visto como um jovem brilhante, com histórico familiar ligado ao meio acadêmico. A sintonia entre suas mentes inquietas e complementares foi o ponto de partida para uma das maiores inovações tecnológicas das últimas décadas.

Brin, Page e os primórdios do Google 

Sergey Brin e Larry Page
Larry Page (à esq.) Sergey Brin (à dir.) (Foto: Ehud Kenan/Wikimedia Commons/CC)

O ponto de partida para a criação do Google veio de Page, que se interessava em aplicar ao universo digital o conceito de citação acadêmica. Larry Page queria usar os links entre páginas da web como indicadores de relevância. Seu projeto inicial, batizado de BackRub, tinha como objetivo rastrear e organizar a internet com base nessas “citações virtuais”. Foi esse desafio que atraiu Sergey Brin para o projeto.

A colaboração entre os dois resultou não apenas em um novo tipo de mecanismo de busca, mas também em uma das publicações científicas mais acessadas da história da internet: “The Anatomy of a Large-Scale Hypertextual Web Search Engine”. À medida que o projeto avançava, Brin e Page perceberam que haviam desenvolvido algo maior do que um simples experimento acadêmico. 

Diante disso, decidiram suspender seus estudos de doutorado para se dedicar integralmente à empreitada. O trabalho de rastreamento da web começou oficialmente em março de 1996. Pouco mais de um ano depois, em agosto de 1997, a dupla lançou a primeira versão do buscador no site da Universidade de Stanford. 

Nasce o Google 

O início da empresa foi desafiador, mas a qualidade do projeto falou mais alto. Para viabilizar a operação, Page e Brin recorreram a familiares, amigos e colegas em busca de apoio financeiro e conseguiram montar os primeiros servidores. 

Um dos primeiros grandes investidores foi Andy Bechtolsheim, cofundador da Sun Microsystems, que alocou 100 mil dólares no projeto. O valor foi usado para adquirir os equipamentos necessários para lidar com o rápido crescimento da plataforma. Em 1998, oficialmente fundaram o Google.

O nome “Google” surgiu de forma quase acidental. A dupla gostou da sugestão de um colega: “googol”, termo que representa o número 1 seguido de cem zeros — uma referência direta à ambição de organizar uma quantidade gigantesca de informações. Ao tentarem registrar o domínio, erraram na digitação e acabaram com “google.com”. Gostaram da nova grafia e decidiram mantê-la. 

Ao sair de Stanford, os sócios precisavam encontrar um novo espaço para abrigar seus servidores. A solução veio com o aluguel da — hoje icônica — garagem de Susan Wojcicki, ex-colega de faculdade e atual CEO do YouTube. 

Com o avanço do projeto e a chegada de novos aportes milionários, o Google deixou a garagem para trás e transferiu sua sede para Palo Alto, na Califórnia — região que, com o tempo, se consolidaria como o berço das Big Techs.

Crescimento nos negócios e alcunha de bilionário

O que se viu depois foi o crescimento exponencial de um fenômeno global. Pode-se adiantar. Embora não seja muito certo dizer quando o Google virou ícone, o pedido de IPO marca o momento em que Sergey Brin e Larry Page receberam o status de bilionários.

Na ocasião, Brin e Page avisaram: “o Google não é uma empresa convencional — e não pretende ser”. No primeiro dia de negociações, em 16 de agosto de 2004, as ações subiram de US$ 85 para US$ 100.  

Com o passar dos anos, o Google deixou de ser apenas uma empresa focada em buscas online. Em um movimento estratégico, adquiriu, por US$ 50 milhões, a startup Android em 2005 — decisão que manteve intacta a equipe original responsável pelo desenvolvimento do sistema operacional. Diversos outros projetos foram lançados em seguida, como o Google+ e o Google Wave, embora muitos tenham sido descontinuados.

Diante da multiplicidade de frentes em expansão, os fundadores optaram por uma reestruturação. Em 2015, Sergey Brin e Larry Page anunciaram a criação da Alphabet, uma holding destinada a abrigar o Google e outras iniciativas do grupo. Ambos assumiram a liderança da nova estrutura corporativa.

Sergey Brin no google 

Sergey Brin no Google
Brin, Page e Schmidt – Google’s Geo Developer Day 2006 (Foto: CodeSyntax/Wikimedia Commons/CC)

Não é a intenção aqui destrinchar cada etapa do avanço do Google, mas focar no nosso personagem principal.  Portanto, cabe destacar alguns pontos principais da participação de Brin no google. 

  • Papel inicial na liderança: Atuou como presidente de tecnologia do Google, enquanto Larry Page ocupava o cargo de presidente de produtos.
  • Desenvolvimento do algoritmo de busca: Foi um dos principais responsáveis pela criação do algoritmo que revolucionou as buscas na internet.
  • Expansão global e novos produtos: Contribuiu diretamente para o desenvolvimento de produtos como o Google Maps e o Google Street View, que ampliaram a presença da empresa em serviços geolocalizados.
  • Liderança no Google X: Tornou-se o principal nome à frente do Google X (ou Google X Lab), o laboratório de inovação da companhia. Sob sua influência, a iniciativa foi o berço de projetos como o Google Glass, do qual Brin se tornou um verdadeiro entusiasta — sendo frequentemente visto utilizando o dispositivo.

Em 3 de dezembro de 2019, Sergey Brin e Larry Page anunciaram sua saída dos cargos executivos da Alphabet. Sundar Pichai, então CEO do Google, passou a comandar também a holding.

Embora fora da gestão direta, Brin ainda mantém influência nos rumos da empresa, sendo ainda membro do Conselho de Administração. Atualmente, dedica-se a projetos pessoais com foco em áreas como aviação, exploração espacial e filantropia.

A era Sergey Brin e o Google Glass

Quando ainda ocupava a presidência da Alphabet, Sergey Brin se tornou uma espécie de embaixador do Google Glass. O executivo era frequentemente visto utilizando o dispositivo, que prometia inaugurar uma nova era na computação vestível.

Contudo, apesar da proposta inovadora, o produto encontrou obstáculos difíceis de contornar. Problemas de privacidade, bugs constantes e limitações na bateria fizeram com que o interesse pelo gadget diminuísse rapidamente, até desaparecer do mercado.

Falhas do Google Glass, segundo o cofundador

Em declarações recentes, Brin refletiu sobre os erros do projeto. Para ele, o principal desafio estava em uma “lacuna tecnológica” entre a proposta ambiciosa e a capacidade de execução à época.

“A inteligência artificial pode preencher essa lacuna. Agora os óculos conseguem te ajudar sem ficar te distraindo o tempo todo. Essa capacidade evoluiu muito”, afirmou o empresário.

Design e usabilidade também foram entraves

Outro ponto levantado por Brin foi o design. Segundo ele, para que a tecnologia ganhe adesão, precisa parecer o mais próximo possível de um óculos comum. O módulo visível do antigo Google Glass, posicionado na lateral com câmera e circuitos, destoava de um acessório cotidiano e acabou prejudicando sua aceitação.

Android XR e a nova geração de óculos inteligentes

Apesar do fracasso inicial, a Google não abandonou a ideia. Em 2025, a empresa apresentou o Android XR, sistema operacional exclusivo para óculos inteligentes. O projeto havia sido revelado em 2024, mas só foi demonstrado de forma prática durante o Google I/O de 2025.

Integrado ao Gemini, o sistema traz recursos como envio de mensagens, organização de compromissos, uso do Google Maps, buscas em tempo real e até captura de fotos discretamente — todos operando com apoio da inteligência artificial.

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Fortuna e filantropia

Reconhecido como uma das mentes mais influentes do Vale do Silício, Sergey Brin acumulou uma fortuna estimada em US$ 144 bilhões, segundo o Índice de Bilionários da Bloomberg 2025. Parte desse patrimônio é destinada a pesquisas médicas, combate a doenças degenerativas e iniciativas de impacto global.

Apoio à saúde e pesquisas biomédica 

Brin criou, ao lado de sua então esposa Anne Wojcicki, a Brin Wojcicki Foundation, voltada ao financiamento de iniciativas nas áreas de saúde, pesquisa biomédica e direitos humanos. Entre os beneficiados está a Michael J. Fox Foundation, referência em estudos sobre o Mal de Parkinson — doença que Brin passou a apoiar diretamente após descobrir predisposição genética.

Brin também apoia instituições voltadas a imigrantes judeus e fez uma doação à Escola de Medicina da Universidade de Maryland, onde sua mãe recebe tratamento contra o Parkinson. Estima-se que ele já tenha doado mais de US$ 150 milhões para essa causa.

Investimentos em ciência e tecnologia experimental

Além do combate ao Parkinson, a filantropia de Sergey Brin inclui o apoio a projetos científicos inovadores, como terapias genéticas e pesquisas sobre longevidade. Em muitos casos, ele atua como “investidor anjo” de cientistas, oferecendo recursos a estudos ainda sem financiamento público ou privado tradicional.

Polêmica sobre produtividade no Google

Mais recentemente, Sergey Brin voltou aos holofotes ao defender uma visão mais rígida sobre produtividade no ambiente corporativo.

Em um memorando interno enviado aos funcionários da equipe responsável pelo Gemini — linha de modelos e aplicativos de inteligência artificial do Google —, o bilionário afirmou que os colaboradores deveriam “estar no escritório pelo menos todos os dias da semana”.

Segundo o The New York Times, que teve acesso ao documento, Brin também declarou que “60 horas por semana é o ponto ideal de produtividade”, embora tenha feito uma ressalva contra o excesso de trabalho. No mesmo texto, ele alertou que ultrapassar esse limite pode levar ao esgotamento, mas criticou aqueles que, na sua visão, têm contribuído pouco com os avanços da equipe.

Apesar da repercussão, o memorando não alterou a política oficial de trabalho da empresa, que continua exigindo presença no escritório por, no mínimo, três dias por semana. Procurado pela imprensa, um porta-voz do Google preferiu não comentar o assunto.

Obras que ilustram a trajetória de Sergey Brin

Para quem deseja se aprofundar na trajetória de Sergey Brin e na ascensão do Google, há uma variedade de conteúdos disponíveis — de livros e séries a palestras e documentários. Tais obras ajudam a compreender os bastidores da gigante da tecnologia, os desafios enfrentados pelos fundadores e a cultura que moldou o Vale do Silício.

  • “The Google Story” , de David A. Vise e Mark Malseed — Uma biografia detalhada sobre os primeiros anos do Google e a visão de seus criadores.
  • “Google: Lições de Sergey Brin e Larry Page”, de Janet Lowe — Um compilado de aprendizados e estratégias utilizadas pelos fundadores da empresa.
  • “Google – A Biografia”, de Steven Levy — Explora como o Google influencia nossas vidas, seus processos internos e filosofia de trabalho.
  • “Silicon Valley” (2014–2019) — Embora seja uma sátira, a série da HBO oferece uma visão crítica e bem-humorada sobre o ecossistema de startups e grandes empresas de tecnologia, inspirado em figuras reais como Brin e Page.
  • TED Talk (2004):Sergey Brin e Larry Page falam sobre o Google — Uma conversa franca sobre o início da empresa, visão de futuro e o impacto da tecnologia na sociedade.

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Lucas Machado

Redator e psicólogo com mais de 3 anos de experiência na produção de artigos e notícias sobre uma ampla gama de temas. Suas áreas de interesse e expertisse incluem previdência, seguros, direito sucessório e finanças, em geral. Atualmente, faz parte da equipe do Melhor Investimento, abordando uma variedade de tópicos relacionados ao mercado financeiro.