Acompanho de forma estratégica e profissional o desenvolvimento da Web3 no Brasil, especialmente no que diz respeito à sua aplicação no mercado imobiliário. Dito isso, a recente transação divulgada pela BrazilEconomy chamou minha atenção não pela novidade da cripto, mas pela robustez do modelo adotado.

Um investidor russo adquiriu um imóvel na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro, pagando R$ 740 mil em USDT (Tether). Trata-se de uma stablecoin pareada ao dólar. A operação foi conduzida com o suporte da TokenHaus, especializada em liquidação via blockchain, e do HausBank, banco digital focado em soluções para o setor imobiliário.

Apesar de não ser a primeira movimentação do tipo no país, essa transação simboliza um marco importante no avanço da Web3 no Brasil. O grande diferencial está na estrutura: todos os envolvidos (vendedora, imobiliária e prestadores de serviço) receberam os valores em reais, com conversão automática e sem exposição à volatilidade do mercado cripto.

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A inovação está na integração

A tecnologia blockchain foi usada de forma estratégica, combinando rastreabilidade, automação e segurança contratual. A operação ocorreu on-chain, com liquidação off-chain, conectando o universo digital ao sistema financeiro tradicional sem fricção.

Como especialista em tokenização de ativos, enxergo esse modelo como um ponto de equilíbrio entre inovação e mercado. Ele resolve um dos principais gargalos do setor: a falta de integração entre criptoativos e processos convencionais, como transferências bancárias, repasses de comissão e escrituração.

A matéria da BrazilEconomy destaca que essa estrutura foi pensada para escalar. E isso é essencial para transformar o setor. Em vez de ser uma operação isolada, trata-se de um modelo replicável, seguro e alinhado à realidade do mercado.

O setor começa a se moldar ao novo tempo

Além dessa operação, o HausBank tem ampliado sua atuação no ecossistema, oferecendo funcionalidades que facilitam o dia a dia do setor imobiliário: gestão automatizada de comissões, geração de boletos inteligentes e transferências integradas com Pix.

A instituição também está desenvolvendo uma plataforma de tokenização de ativos imobiliários, o que permitirá que imóveis sejam divididos em frações digitais, tornando o investimento acessível para mais pessoas. Isso amplia liquidez e democratiza o acesso ao mercado, sem comprometer a segurança.

Esse avanço é resultado da maturidade que a Web3 começa a ganhar no Brasil. Deixo de lado o hype para afirmar, com base prática e técnica: a tokenização está deixando o discurso e se transformando em modelo real de negócios, com aplicação direta no mercado tradicional.

Transformação da Web3 e os desafios jurídicos que ainda precisam ser enfrentados

Apesar da evolução tecnológica, o ordenamento jurídico brasileiro ainda não acompanha plenamente as transformações da Web3.

O Marco Legal das Criptomoedas (Lei nº 14.478/2022) trouxe diretrizes importantes, mas não regulamenta de forma direta a tokenização de bens reais, como imóveis. Isso cria uma lacuna significativa na segurança jurídica dessas operações.

Sob a ótica do direito civil, os tokens ainda não são reconhecidos como representações formais de propriedade. O registro público continua sendo obrigatório, e contratos inteligentes, mesmo com toda a sua robustez técnica, não têm validade legal como substitutos dos títulos tradicionais.

O cenário tributário também impõe desafios. A Receita Federal considera criptoativos como bens sujeitos a ganho de capital, mas não há regras específicas sobre a tributação de imóveis tokenizados ou pagos com cripto, o que gera incertezas para investidores e plataformas.

Como profissional especializado na área, vejo a necessidade urgente de que haja diálogo entre o setor tecnológico, juristas, notários e órgãos reguladores, para que o Brasil possa avançar de forma segura, sem travar a inovação.

A nova era da Web3

A compra do imóvel na Barra da Tijuca com criptomoeda não foi um caso isolado ou inédito, mas representou um passo importante no avanço da Web3 no Brasil.

A infraestrutura tecnológica já está em operação. Os modelos de negócio estão sendo testados com sucesso. E o mercado começa a reagir positivamente às novas possibilidades que surgem com os ativos digitais.

Os desafios jurídicos e regulatórios ainda precisam ser enfrentados, mas o movimento é irreversível. O futuro do mercado imobiliário será digital, tokenizado, conectado e mais acessível.

E a pergunta que fica é: você vai assistir isso acontecer ou vai fazer parte da transformação?

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Philipe Coutinho

Com mais de 20 anos de experiência em Marketing, atuando em diversas empresas, Philipe Coutinho combina uma visão estratégica e inovadora. Apaixonado por criptoativos e sempre à frente das novas tendências do mercado, dedica seu tempo a explorar e compartilhar insights valiosos sobre o fascinante universo das criptomoedas.