Bolsa brasileira cai 4,5% no primeiro trimestre de 2024
A Bolsa Brasileira encerrou o primeiro trimestre de 2024 com uma tendência negativa, revertendo o otimismo observado no final do ano anterior, quando um rali impulsionou os ativos de risco locais. O Ibovespa registrou uma queda de 4,53% de janeiro a março, atingindo os 128.106 pontos, influenciado por fatores macro e microeconômicos, tanto internos quanto […]
Bolsa brasileira cai 4,5% no primeiro trimestre de 2024
A Bolsa Brasileira encerrou o primeiro trimestre de 2024 com uma tendência negativa, revertendo o otimismo observado no final do ano anterior, quando um rali impulsionou os ativos de risco locais. O Ibovespa registrou uma queda de 4,53% de janeiro a março, atingindo os 128.106 pontos, influenciado por fatores macro e microeconômicos, tanto internos quanto externos.
No cenário macroeconômico global, houve surpresas negativas nos meses de janeiro e fevereiro. Alguns indicadores econômicos dos Estados Unidos, a maior economia do mundo, superaram as expectativas, minando a perspectiva de um corte nas taxas de juros pelo Federal Reserve já em março – uma visão predominante até dezembro do ano anterior. O aquecimento econômico inesperado levantou preocupações sobre uma possível inflação prolongada e taxas de juros mais altas.
Além disso, a Bolsa americana permaneceu próxima de suas máximas históricas, impulsionada principalmente pelo otimismo em torno da inteligência artificial. Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq apresentaram ganhos de, respectivamente, 5,62%, 10,01% e 9,11% no trimestre. Esse otimismo pode ter contribuído para a redução dos investimentos nas Bolsas emergentes, à medida que os investidores perceberam que as empresas americanas do setor poderiam oferecer retornos atrativos com menor risco.
No cenário externo, os ativos brasileiros também enfrentaram competição dos japoneses. A valorização do Nikkei, que registrou um aumento de 20% no trimestre, levou alguns investidores estrangeiros a realocar seus investimentos.
Por fim, a mudança na política monetária expansionista do Banco do Japão (BoJ), que elevou as taxas de juros, sinalizou uma possível normalização da política monetária japonesa e indicou confiança na recuperação econômica do país. Esses eventos contribuíram para que, até 27 de março, investidores estrangeiros retirassem R$23,6 bilhões da Bolsa brasileira em 2024.
No cenário local, o Ibovespa enfrentou desafios no primeiro trimestre devido a uma série de fatores domésticos. Apesar de o Banco Central brasileiro continuar seu ciclo de redução das taxas de juros, houve uma sinalização de maior cautela em relação à continuidade desses cortes, com atenção especial voltada para os juros nos Estados Unidos e para questões internas, como as fiscais.
Além disso, o ambiente político no primeiro trimestre deste ano se assemelhou ao do ano anterior, surpreendendo negativamente. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva retomou os ataques ao Banco Central e ao mercado financeiro, o que gerou certa instabilidade.
Esses ataques políticos, no entanto, tiveram um impacto maior no âmbito microeconômico do que no macro. Por exemplo, a decisão da Petrobras de não distribuir dividendos extraordinários após o resultado do quarto trimestre teve um peso significativo no Ibovespa, dado o peso da empresa no índice. Similarmente, a Vale enfrentou desafios devido à queda nos preços do minério de ferro e à pressão política relacionada à sucessão do CEO.
Investidores expressaram preocupações com a utilização dos recursos pela Petrobras e o impacto fiscal dessa decisão, enquanto na Vale surgiram incertezas em relação ao crescimento econômico da China e à governança corporativa, especialmente diante das tentativas de influência política na empresa.