Quem paga mais IR? Veja as profissões que mais pagam imposto no Brasil
Um estudo divulgado no último ano identificou as profissões que mais pagam imposto de renda no Brasil. Algumas dessas carreiras se destacam não apenas pela sua importância no mercado e na sociedade, mas também pela significativa contribuição aos cofres públicos, em comparação com os mais afortunados.
Conforme indicam dados do sindicato dos auditores fiscais da Receita Federal, o Sindifisco Nacional, os mais afortunados do país pagam proporcionalmente menos no Imposto de Renda (IR) do que os demais contribuintes.
Nesta linha, aqueles que possuem ganhos mensais bem mais expressivos, pagam uma alíquota efetiva de imposto de renda de menos de 5,5%, enquanto outros profissionais como enfermeiros, assistentes sociais e professores do Ensino Fundamental pagam percentuais superiores a 8% de suas rendas ao Fisco.
Se você deseja entender como isso ocorre e descobrir quais profissionais destinam uma parte maior de suas rendas ao “leão”, então continue acompanhando e fique por dentro do assunto.
Como funciona o Fisco
O termo amplamente utilizado “Fisco”, basicamente, refere-se aos órgãos responsáveis pela fiscalização e arrecadação de impostos do país. Em linhas gerais, sua atuação abrange as esferas municipal, estadual e federal, e visa assegurar que o cumprimento das leis tributárias por parte de pessoas físicas ou jurídicas ocorra de maneira justa e eficaz.
No contexto do famigerado Imposto de Renda, estamos lidando com um tributo federal, ou seja, é um imposto sob competência da União. Nesta esfera, o órgão encarregado pelos processos, fiscalização e arrecadação é a Receita Federal. Portanto, para evitar qualquer confusão, neste artigo, quando mencionamos “Fisco”, estamos nos referindo à Receita Federal.
A Receita, enquanto administradora do IR, possui diversas funções, dentre elas, cabe destacar:
- Processa as declarações dos contribuintes;
- Determina as alíquotas a serem pagas pelos contribuintes;
- Fiscaliza a conformidade das declarações com as obrigações fiscais;
- Emite notificações e autuações em caso de irregularidades;
- Fornece orientação e atendimento ao contribuinte.
Em resumo, a Receita Federal desempenha um papel abrangente na gestão e fiscalização do Imposto de Renda de pessoas físicas e jurídicas, cujo objetivo é garantir que os processos ocorram de maneira eficaz e em conformidade com a lei.
Profissões que mais pagam imposto
Em levantamento, o Sindifisco Nacional, estabeleceu um ranking de profissões que mais pagam imposto de renda. Confira se a sua está incluída entre as 50 que mais entregam ao fisco:
Colocação no Ranking | Ocupação do declarante | Alíquota efetiva |
1º | Atleta, Desportista, etc | 16,15% |
2º | Advogado do setor público, Procuradores, Fazenda, etc | 15,66% |
3º | Servidor das carreiras de auditoria fiscal e de fiscalização | 14,73% |
4º | Piloto de aeronaves, comandante de embarcações, oficiais de máquinas | 14,52% |
5º | Servidor das carreiras do Banco Central, CVM e Susep | 14,48% |
6º | Servidor das carreiras do Poder Legislativo | 13,76% |
7º | Servidor das carreiras de gestão governamental, analista, etc | 13,66% |
8º | Delegado de Polícia e servidores de carreiras de polícia, exército, militar | 12,62% |
9º | Servidor das carreiras do Poder Judiciário, Oficiais de Justiça, etc | 12,53% |
10º | Servidor das carreiras de ciência e tecnologia | 12,24% |
11º | Membro do Poder Executivo | 12,15% |
12º | Professor do Ensino Profissional | 12,12% |
13º | Físico, Químico, Meteorologista, Geólogo, Oceanógrafo, etc | 12,05% |
14º | Servidor das carreiras do Ministério Público | 11,83% |
15º | Titular de Cartório | 11,79% |
16º | Servidor das demais carreiras da admin, pública direta, etc | 9,54% |
17º | Médico | 9,42% |
18º | Operador de instalações e distribuição de energia | 9,19% |
19º | Profissional de marketing, publicidade e da comercialização | 9,11% |
20º | Pedagogo, orientador educacional | 9,01% |
21º | Economista, administrador, contador, auditor e afins | 8,96% |
22º | Professor do ensino médio | 8,94% |
23º | Biólogo, biomédico, etc | 8,91% |
24º | Policial Militar | 8,87% |
25º | Assistente social e economista doméstico | 8,84% |
26º | Trabalhador das indústrias química, petroquímica, borracha, etc | 8,84% |
27º | Pescador, caçador e extrativista florestal | 8,79% |
28º | Ator, diretor de espetáculos | 8,78% |
29º | Enfermeiro nível superior, nutricionista, farmacêutico e afins | 8,77% |
30º | Gerente ou supervisor de empresas industriais, comercias, ou prestação de serviços | 8,75% |
31º | Bancário, economiário, escriturário, agente, assistente, etc | 8,64% |
32º | Trabalhador de instalação, e maquinário, de fabricação, de celulose e papel | 8,33% |
33º | Técnico de inspeção, fiscalização e coordenação administrativa | 8,31% |
34º | Professor do ensino fundamental | 8,10% |
35º | Veterinário, patologista (veterinário) e zootecnista | 7,96% |
36º | Técnico da produção agropecuária | 7,93% |
37º | Técnico de conservação, dissecação e empalhamento de corpos | 6,84% |
38º | Não declarada | 6,67% |
39º | Trabalhador de siderúrgica e instalador de materiais de construção | 6,64% |
40º | Técnico de laboratório, Raios-x e outros equipamentos diagnóstico | 6,64% |
41º | Professor na educação infantil | 6,63% |
42º | Técnico de serviços culturais | 6,62% |
43º | Músico, arranjador, regente de orquestra ou coral | 6,59% |
44º | Vendedor e prestador de serviços do comércio, ambulante etc | 5,98% |
45º | Técnico em transportes (logística) | 5,92% |
46º | Odontólogo | 5,89% |
47º | Técnico em operação, sonorização, cenografia e projeção | 5,87% |
48º | Comissário de bordo, guia de turismo, agente de viagens e afins | 5,82% |
49º | Trabalhador dos serviços de saúde | 5,79% |
50º | Técnico da ciência da saúde humana | 5,40% |
No estudo, o sindicato utilizou dados do IRPF (Imposto de Renda da Pessoa Física) de 2022, que considerou os rendimentos e despesas registrados em 2021. Para determinar quem paga mais no tributo, a análise considerou a chamada alíquota efetiva de IR.
A alíquota efetiva refere-se à proporção real da renda efetivamente tributada pelo IR, levando em consideração todos os ajustes permitidos. Isto é, ela representa o percentual da renda total que de fato foi paga como imposto.
Em suma, calcular a alíquota efetiva pode fornecer uma visão mais precisa do impacto tributário sobre a renda de um contribuinte.
Como é calculado o imposto de milionários?
Como previamente mencionado, a alíquota efetiva média paga pelos mais ricos em 2021, foi de 5,5%. Esse percentual registrado revelou-se significativamente menor em comparação com o imposto pago por outras categorias profissionais que possuíam rendimentos inferiores.
Por meio dos dados apurados pelo Sindifisco, é notável perceber que a alíquota efetiva paga pelos mais afortunados foi inferior àquela desembolsada por outros profissionais, como:
- Professores da educação infantil (6,63%);
- Professores do Ensino Fundamental (8,10%);
- Bancários (8,64%);
- Assistentes sociais (8,84%);
- Policiais Militares (8,87%);
- Professores do Ensino Médio (8,94%);
- Médicos (9,42%).
Conforme o estudo do Sindifisco, contribuintes que declararam rendimentos superiores a 160 salários mínimos – aproximadamente R$ 177 mil por mês em valores de 2021 – pagaram, em média, uma alíquota efetiva de Imposto de Renda de 5,4%.
Para o sindicato o motivo para tal está ligado, a forma como é calculado o imposto dos milionários, especialmente no que diz respeito à origem da renda dos mais ricos. Em suma, este grupo costuma ter a maior parcela do seu dinheiro provinda de lucros e dividendos de suas empresas, tipos de rendimentos isentos de tributação desde 1996.
Por outro lado, o rendimento da classe média provém, em grande parte, de salários mensais, sendo, portanto, tributado na fonte, com alíquotas progressivas que variam conforme as faixas de renda.
Quem paga mais imposto de renda no Brasil?
Segundo os dados apresentados pelo Sindifisco, a classe média alta representa o grupo de brasileiros que mais pagam Imposto de Renda, considerando a alíquota efetiva de IR.
Nesta linha, a alíquota efetiva segue uma trajetória crescente até a faixa de renda que abrange de 15 a 20 salários mínimos. Quem se enquadrou nesse grupo em 2021, pagou 11,25% de alíquota efetiva no IR apurado em 2022.
A partir da faixa de renda compreendida entre 20 e 30 salários mínimos, o percentual entra queda, decrescendo na medida em que a renda aumenta, como demonstra a tabela abaixo:
Faixa de Renda | Alíquota |
De 1/2 a 1 salário mínimo | 0,50% |
De 1 a 2 salários mínimos | 0,53% |
De 2 a 3 salários mínimos | 1,50% |
De 3 a 5 salários mínimos | 3,23% |
De 5 a 7 salários mínimos | 5,98% |
De 7 a 10 salários mínimos | 8,67% |
De 10 a 15 salários mínimos | 10,56% |
De 15 a 20 salários mínimos | 11,25% |
De 20 a 30 salários mínimos | 11,03% (início da regressão) |
De 30 a 40 salários mínimos | 10,80% |
De 40 a 60 salários mínimos | 9,36% |
De 60 a 80 salários mínimos | 7,58% |
De 80 a 160 salários mínimos | 6,41% |
De 160 a 240 salários mínimos | 5,48% |
De 240 a 320 salários mínimos | 5,31% |
Mais de 320 salários mínimos | 5,43% |
Como pode ser percebido, na faixa de 240 a 320 salários mínimos, a alíquota chega a 5,31%, o que representa uma queda considerável em relação à faixa na qual se inicia regressão, apesar de aumentar para 5,43% para rendimentos acima de 320 salários mínimos.
Quem é obrigado a declarar Imposto de Renda 2024?
Em 2024, a temporada de envio da declaração do IR já foi aberta. O período de envio começou no dia 15 do último mês de março e se encerra em 31 maio (data limite para a entrega).
De modo geral, este ano, devem declarar o Imposto de Renda aqueles que receberam rendimentos tributáveis acima de R$ 30.639,90, um aumento em relação ao limite de 2023, que era de R$ 28.559,70.
Além disso, o teto para rendimentos isentos e não tributáveis subiu de R$ 40 mil para R$ 200 mil neste ano. Dessa forma, quem recebeu esses rendimentos acima do novo limite está obrigado a declarar.
A obrigatoriedade da declaração também incide, nos seguintes casos:
- Deve declarar aquele que obteve receita bruta anual proveniente de atividade rural acima de R$ 153.199,50. Em 2023 este limite era de R$ 142.798,50.
- Está obrigado a declarar quem, até 31 de dezembro de 2023, tinha a posse ou propriedade, de bens ou direitos, incluindo terra nua, acima de R$ 800 mil, um aumento em relação ao limite de R$ 300 mil em 2023.
- Aqueles que realizaram operações em bolsa de valores, de mercadorias, de futuros e similares, bem como aqueles que obtiveram ganho de capital na alienação de bens ou direitos sujeitos à incidência do imposto, devem declarar.
- Devem declarar aqueles que são titulares de trust e demais contratos regidos por lei estrangeira com características similares, conforme determinação legal.
- É obrigatório declarar para aqueles que passaram à condição de residente no Brasil em qualquer mês de 2023 e se encontravam nessa condição em 31 de dezembro de 2023.
- Deve declarar quem optou pela isenção de imposto sobre o ganho de capital na venda de imóveis residenciais, seguida de aquisição de outro imóvel, dentro do prazo de 180 dias.
- A nova legislação, aprovada pelo Congresso Nacional e sancionada pelo presidente Lula, obriga a declaração dos bens no exterior para aqueles que se enquadram na categoria de super-ricos.
Conforme as estimativas do Governo Federal, devem ser enviadas 43 milhões de declarações ao fisco em 2024.
Microempreendedor individual (MEI) precisa pagar imposto de renda?
Por fim, cabe abordar outra questão frequente relacionada ao Imposto de Renda, a obrigatoriedade tributária do microempreendedor individual (MEI).
O MEI não possui obrigações com o IRPJ (Imposto de Renda da Pessoa Jurídica). Isto porque, quem paga o imposto é a pessoa física que detém o registro MEI.
Assim, a pessoa física que é MEI que teve rendimentos tributáveis acima de R$ 30.639,90 em 2023, deve preencher a declaração do Imposto de Renda 2024. Vale lembrar que aqueles que atingiram esse valor, não estão dispensados da Declaração Anual do Simples Nacional (DASN Simei).
Portanto, quem se enquadrou nesse perfil de rendimento, deve preencher duas declarações, o DASN, e a referente ao IRPF (Imposto de Renda da Pessoa Física).