O faturamento dos principais influenciadores digitais do Brasil
Provavelmente, há alguns anos, caso alguém dissesse que largaria a universidade ou o “trabalho fixo” para “produzir conteúdo em redes sociais seria repreendido e até chamado de louco. Pois bem, o mercado do “Marketing Digital” cresceu exponencialmente, criando um ambiente de negócios dominado por um grupo de profissionais que são copiosamente disputados pelas principais marcas […]
Provavelmente, há alguns anos, caso alguém dissesse que largaria a universidade ou o “trabalho fixo” para “produzir conteúdo em redes sociais seria repreendido e até chamado de louco. Pois bem, o mercado do “Marketing Digital” cresceu exponencialmente, criando um ambiente de negócios dominado por um grupo de profissionais que são copiosamente disputados pelas principais marcas do país, devido ao amplo alcance atingido por suas redes sociais, os “influenciadores digitais”.
Creator Economy
O número de usuários nas mídias sociais cresce ano a ano, a chamada “creator economy” (ou economia dos criadores) atrai cada vez mais interessados em produzir conteúdo com o objetivo de influenciar seguidores na internet. Na pesquisa realizada e publicada em 2023 em uma parceria das consultorias especializadas em marketing digital Nilsen e YouPix, mostrou que o Brasil já figura em 2º lugar dos países com maior número de influenciadores digitais, com incríveis 10,5 milhões de contas de criadores de conteúdo que possuem mais de 100.000 seguidores.
De acordo com o estudo, os investimentos de empresas em marketing digital cresceram 75% no período entre 2017 e 2023. Em outra pesquisa, realizada pela plataforma brasileira de cupons Cupom Válido, com dados da Statista e HootSuite, demonstrou que 43% da população brasileira já realizou uma compra por recomendação de um digital influencer, enquanto nos Estados Unidos, por exemplo, essa taxa fica na casa dos 17%.
Com todos esses dados, fica evidente o interesse de grandes empresas e marcas em vincular sua imagem à um personagem que tenha poder genuinamente decisório sobre as aquisições dos clientes. Agências de publicidade têm disputado “a tapa” contratos com os principais nomes do marketing digital do Brasil, elevando os valores negociados a patamares de celebridades internacionais, jogadores de futebol, artistas e CEOs de grandes companhias.
Faturamento dos principais influenciadores digitais no Brasil
A seguir, veremos detalhes sobre como alguns dos principais influenciadores digitais do país alcançam faturamentos milionários, estabelecendo-se como potências no mercado publicitário e empresarial.
Virginia Fonseca: Sucesso nas redes e nos negócios
Em 2024, apesar de haver um número expressivo de influenciadores digitais, há um grupo seleto que concentra grande parte dos valores negociados no mercado. Nomes como Virginia Fonseca, a brasilo-estadunidense nascida em Danbury, Connecticut, EUA, e criada em Governador Valadares, Minas Gerais, acumula 47,1 milhões de seguidores só no Instagram. Segundo dados do jornal “O Globo”, sua empresa de cosméticos “We Pink” faturou em 2022, incríveis R$ 168 milhões.
Em outro momento, mais precisamente em março de 2024, segundo a FORBES Brasil a influenciadora realizou uma live de vendas de cosméticos da sua empresa (onde possui mais 2 sócios) e em somente 1 hora de duração, atingiu o faturamento de R$ 9,2 milhões.
De acordo com o jornalista Léo Dias, Virginia Fonseca cobra valores em torno de R$ 300 mil e um adicional de 10% sobre a venda bruta dos produtos ou serviços que anuncia para outras marcas em seu Integram. O serviço de divulgação, segundo o jornalista, contempla 2 sequências de 3 stories no mês, o que totaliza 6 inserções na rede social.
Whindersson Nunes: De YouTuber a estrela multimídia
Outro influenciador digital que movimenta cifras astronômicas é Whindersson Nunes, o piauiense de 29 anos que iniciou fazendo vídeos para a plataforma YouTube em seu quarto. Em 2022, faturou R$ 20 milhões, segundo o próprio influenciador/humorista, durante entrevista ao Podcast “PrimoCast” do também influenciador Thiago Nigro, mais conhecido como Primo Rico. Whindersson também se aventurou pelo mundo do boxe, onde fez um total de 5 lutas em eventos pelo mundo.
A mais emblemática foi a disputa contra o tetracampeão mundial de boxe, o brasileiro Acelino “Popó” Freitas, em 29 de janeiro de 2023 que arrecadou entre publicidade das maiores marcas do Brasil, cotas de televisão e participação de casas de apostas, valores somados que ultrapassaram R$ 25 milhões.
Segundo Popó em entrevista ao PodCast “18k”, cada um ficou com uma bolsa de R$ 6 milhões, somente pela luta de exibição.
Juliette Freire: De Advogada a influenciadora de milhões
Para completar a lista dos 3 maiores influenciadores do Brasil na atualidade em termos de faturamento, temos que citar Juliette Freire, a advogada paraibana de 34 anos, vencedora do BBB 21. Antes mesmo do reality show chegar ao fim, marcas já estavam com pré-contratos assinados, através da equipe que Juliette incumbiu para realizar a gestão de carreira e das suas redes sociais, o casal de amigos Deborah Vidjinsky (sua sócia em um estúdio de maquiagem) e o publicitário Huayna Tejo.
A estratégia adotada pela influenciadora teve tanta eficácia que ingressou no Big Brother Brasil com 12 mil seguidores e saiu com incríveis 24 milhões de seguidores no Instagram, colocando-a no patamar mais alto e disputado entre os “digital influencers” brasileiros. A paraibana logo chamou a atenção de empresas gigantes, fechando contrato com o Itaú, maior banco privado da América Latina, a gigante de cosméticos Avon, a maior plataforma de streaming nacional Globoplay, a varejista de roupas C&A e a maior fabricante de eletrônicos sul-coreana Samsung.
De acordo com dados do jornal “O GLOBO”, em apuração realizada com marcas dos setores e agências de publicidade, cada contrato firmado por Juliette gira em torno de R$ 1 milhão. Ainda falando sobre o faturamento alcançado por Juliette, segundo dados da Folha de São Paulo, caso uma empresa queira que a ex-BBB faça uma única postagem sobre seu produto ou serviço no Instagram terá de desembolsar a bagatela de R$ 400 mil.
Agências de Publicidade e a Gestão de Influenciadores
No campo empresarial temos no Brasil agências que representam diversos influenciadores, direcionando sua carreira e confeccionando os contratos de publicidade. Podemos mencionar a maior delas, agência que se destaca pelos expressivos números, a “Mynd”, da CEO e fundadora Fátima Pissara, fundada em 2017 e que nesse período apresentou uma crescente vertical, desfrutando da enorme demanda deste mercado de influência digital. Em entrevista à revista “Vogue” a então CEO e jornalista, relata que conta com um casting de mais de 400 influenciadores em seu portfólio, onde direciona a publicidade para cada um, de acordo com as demandas das empresas que contratam o serviço da agência.
“A minha visão é a de que todo mundo pode ser um influenciador em algum tema que domine. Para uma mulher dona de casa com conhecimentos apurados de cuidados de beleza, por exemplo, virar uma influenciadora digital é um caminho rápido para expandir a renda”, diz Pissarra.
Segundo a própria fundadora, a remuneração média de um influenciador(a) no Brasil é de R$ 2.500,00. Como em todas as áreas do mercado, esses números destoam de uma seleta lista de influenciadores que movimentam milhões de reais mensalmente, o que evidencia ao mesmo tempo uma desigualdade remuneratória e oportunidade de crescimento dentro do mercado.
Vale ressaltar que a agência de influência e marketing digital, conta com nomes como Luiza Sonza, Pablo Vittar, Lore Improta entre outros conhecidos nomes do cenário artístico nacional. Com somente 7 anos de existência, o faturamento projetado em 2024 para a “Mynd” é de R$ 500 milhões, um crescimento de 35% em relação aos R$ 370 milhões reportados no ano passado.
A Era da Revolução do Mercado Digital
Os tempos mudaram, as escolhas são altamente influenciáveis, o volume de informações que trafegam nas mídias sociais diariamente se tornou incalculável, profissões no mercado digital surgem dia após dia, enquanto o marketing impresso sofre um processo de extinção.
O mercado se moldou às necessidades das pessoas. Não há mais espaço para um outdoor com telefone de uma empresa, um panfleto preto e branco, ou uma impressão no jornal dominical. A internet proporcionou o acesso à conteúdo sem nenhum custo, com velocidade inimaginável e a liberdade de escolha do material que as pessoas desejam consumir. A sociedade vive a era da revolução do mercado digital, onde em breve haverá tokenização de ativos em blockchain, redes de televisão aberta serão gradativamente substituídos por streaming, jogos esportivos e entretenimento serão muito mais consumidos pela internet do que “in loco”.
Visto toda essa transformação, é possível visualizar uma situação: o mercado de influenciadores digitais terá crescimento exponencial, e não há nenhum precedente para estagnação, muito pelo contrário. Se um grupo seleto de influenciadores detém grande market share, um dos fatores é a baixa concorrência qualificada, ou seja, há espaço para crescimento e surgimento de novos profissionais.
Hoje é possível afirmar indubitavelmente a existência da “profissão” de influenciador digital, pois possui todos os preceitos de uma atividade profissional, inclusive com CNAE – Código Nacional de Atividades econômicas 7311-4/00, estão sujeitos à tributação, sustentam economicamente inúmeras famílias e possuem uma equipe multidisciplinar com profissionais e produção dignos de artistas da música e do entretenimento.
O economista austríaco Ludwig von Mises, falecido em outubro de 1973 e tido como um profundo pesquisador do campo da praxeologia, o estudo dedutivo das ações e escolhas humanas, dizia:
“Na economia de mercado não há outro meio de adquirir e preservar a riqueza, a não ser fornecendo às massas o que elas querem, da maneira melhor e mais barata possível.”
Essa frase de Mises se enquadra perfeitamente em uma sociedade onde os indivíduos buscam incessantemente espelhar-se em alguém que demonstre ser bem sucedido para seguir tentando tornar-se igual, por admiração às conquistas ou seu próprio estilo de vida.
O marketing digital transformou milhares de crianças, jovens e adultos em milionários. Não podemos furtar-nos à realidade que se avizinha: os próximos bilionários surgirão das mídias digitais. Ainda estamos no começo da era digital.
Aviso Legal: As opiniões expressas nos artigos de nossos colunistas não refletem necessariamente a posição do site. O conteúdo destina-se apenas a fins informativos e não constitui orientação para investimentos ou recomendação de transações financeiras. Os leitores são aconselhados a buscar aconselhamento profissional antes de tomar decisões financeiras.