Bitcoin: o que devo saber antes de investir?
Saiba como investir em Bitcoin com segurança. Conheça riscos, wallets, exchanges, tributação e cuidados essenciais antes de aplicar.

O Bitcoin continua sendo um dos ativos mais comentados do mercado financeiro. Desde seu lançamento, em 2009, a moeda digital conquistou investidores de todos os perfis, seja pela possibilidade de grandes retornos ou pela proposta inovadora de descentralização.
Em 2010, 1 BTC valia apenas R$ 0,01. Hoje, em 2025, a história é bem diferente: a criptomoeda já chegou a superar US$ 120 mil no mercado internacional e, no Brasil, sua cotação variou entre R$ 458 mil e R$ 672 mil apenas neste ano, com média anual em torno de R$ 563 mil.
O crescimento impressionante atraiu ainda mais atenção, mas também reforçou a importância de conhecer os riscos, a regulamentação e as boas práticas antes de investir.
Como está a regulamentação no Brasil
Até poucos anos atrás, o Bitcoin e outras criptomoedas eram vistos como “mercadorias” sem supervisão direta do Banco Central ou da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Isso mudou com a Lei nº 14.478/2023, o Marco Legal dos Ativos Virtuais, que passou a enquadrar esses ativos como ativos virtuais, sob regulação do Banco Central, enquanto tokens considerados valores mobiliários seguem sob competência da CVM.
Entre 2024 e 2025, o Banco Central conduziu consultas públicas para definir regras detalhadas para exchanges e prestadores de serviços de ativos virtuais (VASPs), estabelecendo exigências de autorização, requisitos contábeis e normas contra lavagem de dinheiro.
Outro marco importante foi a Medida Provisória nº 1.303, em vigor desde junho de 2025, que fixou alíquota única de 17,5% sobre ganhos de capital com criptomoedas, incluindo NFTs, operações DeFi e criptoativos mantidos no exterior.
O Banco Central também anunciou que regulamentará stablecoins e tokenização de ativos ainda em 2025, em resposta ao forte crescimento dessas operações no país.
Casos que acendem o alerta
A história recente do mercado brasileiro conta com episódios que reforçam a necessidade de cautela. Um exemplo foi o caso da Atlas Quantum, empresa acusada pela CVM de operar sem autorização e que chegou a deter cerca de 15 mil bitcoins de mais de 200 mil investidores, gerando um prejuízo bilionário.
Situações como essa mostram que, mesmo com avanços regulatórios, a diligência na escolha da plataforma e a avaliação de promessas de retorno continuam sendo essenciais.
Pontos para considerar antes de investir em Bitcoin
Se você está pensando em investir em Bitcoin, saiba que entender certos aspectos antes de aplicar seu dinheiro pode fazer a diferença entre sucesso e prejuízo. Confira os fatores mais importantes a considerar.
1. Desconfie de promessas fáceis
No universo das criptomoedas, especialmente quando o assunto é Bitcoin, é comum surgirem promessas tentadoras como “ganhe 10% ao mês sem risco”, “invista hoje e dobre seu dinheiro em uma semana” ou “oportunidade exclusiva e garantida”.
Essas frases, embora atraentes, são sinais clássicos de fraude. A volatilidade do Bitcoin, ou seja, sua capacidade de variar de preço de forma rápida e intensa, é usada como justificativa para criar ilusões de lucros rápidos.
Golpistas costumam se apoiar em histórias de sucesso, reais ou inventadas, e exibir supostos prints de ganhos para passar credibilidade. Alguns usam até celebridades em campanhas falsas, sem autorização, para induzir o investidor a acreditar que está diante de algo legítimo.
Na prática, qualquer investimento com promessa de retorno fixo, alto e rápido, sem mencionar riscos, deve ser encarado com extrema cautela. No mercado financeiro real, não existem lucros garantidos.
2. Pesquise sobre a exchange
A exchange é a “porta de entrada” para comprar, vender ou negociar Bitcoins. Funciona como uma corretora de criptomoedas e é responsável por intermediar as transações.
A escolha de uma boa exchange é fundamental para a segurança dos seus ativos. Prefira plataformas reconhecidas no mercado, com licença para operar e histórico comprovado de segurança.
Além disso, avalie pontos como:
- Atendimento ao cliente: suporte ágil e disponível em português pode ser decisivo em caso de problemas.
Também é importante pesquisar opiniões de outros usuários e checar se a empresa já foi alvo de reclamações ou processos. - Taxas de negociação: exchanges diferentes cobram valores distintos para depósitos, saques e ordens de compra e venda.
- Segurança: verifique se oferecem autenticação de dois fatores (2FA), armazenamento de ativos em cold wallets e políticas claras contra ataques cibernéticos.
- Liquidez: plataformas com maior volume de negociações permitem vender ou comprar rapidamente, sem grandes variações de preço.
3. Conheça os tipos de wallets
Depois de comprar Bitcoin, você precisa decidir onde armazená-lo. Essa “carteira” digital, chamada de wallet, é o local onde ficam guardadas as chaves de acesso às suas criptomoedas. Existem dois tipos principais:
- Hot wallets: conectadas à internet, como aplicativos de celular, carteiras em exchanges ou plataformas online. São práticas e permitem transações rápidas, mas são mais vulneráveis a ataques.
- Cold wallets: desconectadas da internet, como carteiras de hardware (dispositivos físicos que lembram um pen drive) ou carteiras de papel. Oferecem muito mais segurança contra hackers, mas não são tão práticas para movimentações frequentes.
A escolha depende do seu perfil e do seu objetivo. Investidores que fazem operações diárias tendem a usar hot wallets para parte dos fundos e cold wallets para o armazenamento principal, evitando riscos desnecessários.
4. Faça backup da sua chave privada
O Bitcoin não é protegido por senha de e-mail ou CPF. Para movimentar ou acessar seus fundos, você precisa de uma chave privada, também conhecida como seed phrase.
Trata-se de uma sequência de 12 a 24 palavras geradas no momento da criação da carteira. Essa chave é única e insubstituível: se você perdê-la, perderá definitivamente o acesso aos seus bitcoins.
Por isso, mantenha sempre um backup seguro, de preferência offline, em um local protegido contra roubo, incêndio ou danos físicos. Evite salvar em serviços de nuvem ou enviar por e-mail, pois isso pode facilitar invasões.
Jamais compartilhe sua chave com terceiros, mesmo que se apresentem como suporte técnico da exchange ou carteira. Esse é um golpe comum: o falso suporte pede a chave sob pretexto de “recuperar acesso”, mas na verdade rouba todos os fundos.
5. Busque conhecimento constante
O mercado de criptomoedas muda rápido, tanto em termos de preço quanto de regulamentação. Notícias políticas, anúncios de grandes empresas, alterações em leis ou até postagens de influenciadores podem causar oscilações significativas.
Estudar é parte do investimento. Isso inclui acompanhar portais de notícias especializados, entender os fundamentos do Bitcoin, conhecer indicadores de análise gráfica e ficar atento a tendências tecnológicas, como o avanço da rede Lightning ou o impacto dos halvings na emissão de novas moedas.
Quem entende melhor o ativo tende a tomar decisões mais conscientes, evitando vender em pânico durante quedas ou entrar em bolhas especulativas no auge da euforia.
6. Atenção à tributação
A partir de 2025, o Brasil adota uma alíquota fixa de 17,5% sobre qualquer ganho com Bitcoin e outras criptomoedas, sem isenção para valores menores. Isso significa que mesmo lucros pequenos devem ser declarados.
O investidor precisa registrar as operações no programa GCAP, emitir e pagar o DARF até o último dia útil do mês seguinte à venda com lucro. Além disso, a Receita Federal exige a entrega mensal de informações quando o volume total de transações superar R$ 30 mil.
Ignorar essas obrigações pode gerar multas e problemas fiscais. Por isso, mantenha um registro detalhado de todas as operações, incluindo datas, valores e taxas pagas.
Dicas finais para investir em Bitcoin com segurança
O Bitcoin evoluiu muito desde seus primeiros dias e, em 2025, está mais consolidado e regulado no Brasil. No entanto, continua sendo um investimento de alto risco e volatilidade.
Para quem deseja entrar nesse mercado, o caminho envolve educação financeira, segurança na custódia e atenção às regras do jogo. Lembre-se: no mundo das criptomoedas, conhecimento e cautela são tão valiosos quanto o próprio ativo.
Continue acompanhando o Melhor Investimento e fique por dentro das últimas novidades do mercado financeiro!