Por acaso você já ouviu falar do come-cotas? Ao fazer investimentos, você já deve saber que existem casos em que há cobrança de Imposto de Renda (IR). No entanto, nem todos conhecem essa arrecadação preliminar do IR.

Por isso, vamos explicar neste artigo o que é o come-cotas para que você não seja surpreendido caso faça investimentos em renda fixa ou variável.

Para você ter uma ideia, em maio do ano passado a estimativa de arrecadação do governo pelo come-cotas era de R$ 8 bilhões, segundo o Valor.

Uma quantia considerável que sai das aplicações dos investidores, não é mesmo? Para saber mais detalhes sobre o tema, acompanhe a leitura!

O que é come-cotas?

O come-cotas é um nome inusitado que o mercado financeiro atribuiu ao recolhimento prévio de Imposto de Renda (IR) sobre certos fundos de investimento.

Para que você entenda melhor, suponha que haja um trem com várias cabines. Agora vamos imaginar que cada cabine seja uma cota. Você pode comprar passagens para mais de uma cabine, mas o trem não pertence a você.

Nesse sentido, ao investir em um fundo, você compra cotas, ou parcelas dele. Consequentemente, a Receita Federal considera uma parte das cotas do contribuinte como forma de pagamento do Imposto de Renda antecipado.

Essa cobrança do come-cotas já aconteceu com você antes? Se não, saiba que acontece de forma semestral, nos meses de maio e novembro.

Como funciona?

A tributação do come-cotas acontece de modo automático e direto na fonte. Sabe quando você precisa emitir uma DARF para pagar o imposto relativo ao day trade, por exemplo?

No caso do come-cotas, você não precisa emitir uma guia de pagamento, porque, como dissemos, a cobrança é automática.

E, vale ressaltar, a incidência é sobre valorização, se houver lucro no período, e não sobre o montante principal investido.

Mas o que isso quer dizer?

Significa que o imposto não vai incidir sobre o valor total investido, e sim sobre os rendimentos do fundo em certo período.

Além disso, cabe à instituição financeira o repasse do imposto à Receita. Outra questão é que essas regras são aplicáveis a pessoas físicas ou jurídicas.

Para que serve?

Sabemos que ninguém gosta de pagar imposto, muito menos antecipado! Então você pode estar se questionando… para que serve essa cobrança do come-cotas?

Ela existe porque é comum acontecer do prazo de vencimento de ativos do portfólio e o prazo de resgate de fundos não coincidirem. Por essa razão, a Receita faz parte dessa cobrança do IR previamente.

Quando é cobrado o come-cotas?

O come-cotas é cobrado no último dia útil de maio e de novembro. No dia da cobrança, faz-se o cálculo de quanto você deve em relação aos rendimentos.

Em seguida, desconta-se o valor do montante total de cotas do respectivo fundo que você detém.

Como calcular?

Para entender o cálculo do come-cotas, é preciso diferenciar a cobrança entre fundos de curto prazo e de longo prazo. No caso de fundos de curto prazo, basta dividir o valor dos rendimentos por 5 (que corresponde a 20% de cobrança do IR).

Já para os fundos de longo prazo, você deve dividir o valor dos rendimentos por 6,66 (que corresponde a 15% de cobrança do IR). Vamos exemplificar para que você entenda.

Tiago comprou 40 cotas por R$ 20 cada. Logo, o valor que ele investiu foi de R$ 800. Para essas cotas, houve valorização de 10%.

Então, ao considerar a valorização, a quantia total do investimento foi de R$ 880. Ou seja, ele obteve um ganho de R$ 80.

Por conseguinte, o cálculo do come-cotas será:

  • para fundos de curto prazo: R$ 80/5 = R$ 16
  • para fundos de longo prazo: R$ 80/6,66 = R$ 12,01

Quais fatores afetam esse valor?

Talvez você já conheça a tabela regressiva do IR, cujos percentuais variam tendo em vista os prazos dos fundos, seja de curto ou de longo prazo.

Esses percentuais vão de 22,5% a 15% — para os de curto prazo, e de 22,5% a 20% — para os de longo prazo.

No entanto, a Receita considera apenas os percentuais mínimos para cobrança do come-cotas, de 20% e de 15%, respectivamente, para curto e longo prazo.

Mas na hora em que você for resgatar, acontecerá a cobrança complementar sobre a valorização.

Nesse caso, considera-se a variação do tempo de aplicação, segundo a tabela regressiva do IR.

Este é um tema complexo, mas não se preocupe. Entenda a questão no próximo tópico.

Como funciona a alíquota complementar no come-cotas?

É interessante que você conheça como é a incidência do IR para que compreenda o cálculo da alíquota complementar. Vejamos:

PrazosIR
Até 180 dias (6 meses)22,5%
Mais de 180 dias20%
PrazosIR
Até 180 dias (6 meses)22,5%
181 a 360 dias20%
361 a 720 dias17,5%
Mais de 720 dias15%

Como você pode perceber pelos dados na tabela, a incidência do IR varia de 22,5% até 15%, de acordo com os períodos de investimento para fundos de curto ou longo prazo.

Mas o que isso tem a ver com a alíquota complementar?

No caso dos fundos de curto prazo, ao considerar o prazo de semestral (6 meses) do come-cotas, cuja a incidência mínima é de 20%, para alcançar os 22,5% previstos na primeira tabela, será necessário incluir uma alíquota complementar de 2,5%.

Já para períodos maiores que 180 dias para fundos de curto prazo, a alíquota complementar será zero, pois a incidência do IR é 20%.

Confira então como ficam as alíquotas complementares para fundos de curto e longo prazo:

PrazosCome-cotas no semestreAlíquota complementar
Até 6 meses (22,5% de IR)20%2,5%
Mais de 6 meses (20% de IR)20%0%
PrazosCome-cotas no semestreAlíquota complementar
6 meses (22,5% de IR)15%7.5%
181 a 360 dias (20% de IR)15%5%
361 a 720 dias (17,5% de IR)15%2,5%
Mais de 720 dias (15% de IR)15%0%

Agora ficou mais simples a compreensão, certo?

Quais fundos cobram come-cotas?

Os principais fundos de investimentos, que estão sujeitos à cobrança de come-cotas são:

É bom lembrar que os fundos fechados, os de previdência e os de ações não são afetados pelo come-cotas.

Como saber se um fundo tem come-cotas?

Para descobrir se um fundo tem come-cotas, você pode verificar com o banco ou com o assessor de investimentos da corretora.

Outra forma é conferir a “lâmina de fundo”, que é um documento atualizado a cada mês, no qual você encontra as principais informações sobre os investimentos da sua carteira e os custos relacionados.

Além disso, é possível consultar o próprio regulamento dos fundos de investimento, que contém aspectos técnicos e jurídicos sobre as aplicações.

O come-cotas impacta os rendimentos das aplicações?

Sim, porque o pagamento do come-cotas reduz uma parte das cotas dos fundos de investimentos. Dessa forma, no longo prazo os retornos serão afetados.

Se pensarmos em um horizonte de 10 ou 15 anos, em termos de juros compostos, há uma perda que pode ser considerável.

Afinal, a rentabilidade é calculada de forma proporcional à quantidade de cotas que o investidor tem. 

Quando há uma redução no número de cotas, como acontece com o come-cotas, o dinheiro que vai render será sobre um valor menor ao que você tinha antes da incidência do imposto.

Como escolher os melhores fundos para investir?

Confira a seguir alguns critérios relevantes para que você saiba escolher os melhores fundos para compor sua carteira de investimentos.

Objetivos do investimento

Ao optar por um fundo, é importante ter uma ideia clara do seu objetivo em cada investimento específico.

Você está procurando por renda estável ou crescimento de capital? Quanto risco você está disposto a assumir?

Desempenho histórico

Avalie o desempenho do fundo ao longo do tempo e faça comparações.

Embora o desempenho passado não garanta o desempenho futuro, é uma boa métrica que pode servir de parâmetro para suas decisões.

Custos

Os fundos de investimento não são isentos de taxas, incluindo taxas de administração e despesas de transação.

Por sua vez, essas taxas podem afetar os retornos a longo prazo. Então, procure entender todos os custos envolvidos antes de escolher um fundo.

Estratégia de investimento

Cada fundo pode ter uma estratégia de investimento específica, a exemplo de ações, títulos, criptomoedas ou commodities.

Por conseguinte, é importante entender a estratégia para avaliar se ela se adequa aos seus objetivos pessoais de investimento.

Diversificação

A diversificação da carteira é um importante método de gerenciamento de riscos. Logo, é possível ter uma variedade de ativos para minimizar esses riscos.

Tamanho do fundo

Fundos de investimentos menores podem oferecer maior potencial de crescimento, mas também podem ser mais arriscados.

Por outro lado, fundos maiores tendem a ser mais estáveis. No entanto, podem apresentar dificuldades em gerar retornos significativos, dependendo do cenário econômico, por exemplo.

Como uma assessoria de investimentos pode ajudar? 

Ter o acompanhamento de profissionais experientes traz diversas vantagens para investidores que desejam aumentar a rentabilidade no mercado financeiro.

Uma assessoria especializada te ajuda a identificar as melhores oportunidades, de acordo com análises de mercado e com o acompanhamento das tendências. Além de orientá-lo a elaborar estratégias personalizadas, conforme as suas metas e o seu perfil de investidor.

Outra vantagem é o monitoramento e ajustes em seus investimentos ao longo do tempo. Isso garante que o portfólio esteja sempre adequado às mudanças do mercado. Dessa forma, você não se sentirá inseguro para tomar decisões e terá mais tranquilidade ao investir.

Então, quer saber mais? Conheça a InvestSmart e saiba como ela pode te ajudar a investir melhor!