O que aconteceu com a tornozeleira de Bolsonaro? Ex-presidente culpa surto por remédios

A notícia relata que Jair Bolsonaro violou sua tornozeleira eletrônica ao tentar abri-la com um ferro de solda. Em audiência de custódia, o ex-presidente afirmou que agiu sob alucinações e paranoia causadas pela combinação de medicamentos.

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Última atualização:  24 de nov, 2025 às 11:03
Close-up mostrando um dispositivo de monitoramento eletrônico (tornozeleira eletrônica) preto, parcialmente derretido e danificado na lateral, preso ao tornozelo de Bolsonaro. Foto: Reprodução/Seape-DF/PF

A violação da tornozeleira eletrônica do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) levou à sua prisão preventiva no último sábado (22), após o sistema de monitoramento registrar que o equipamento havia sido danificado durante a madrugada. Em audiência de custódia, Bolsonaro afirmou que a tentativa de romper a tornozeleira ocorreu durante um episódio de “alucinação” e “paranoia”, supostamente provocado pela combinação inadequada de medicamentos que ele vinha utilizando. O caso agora está nas mãos da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), que analisa a manutenção da prisão.

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Segundo o relatório do Centro Integrado de Monitoração Eletrônica da Seape-DF, o alerta de violação da tornozeleira foi acionado por volta de 0h07 de sábado. O equipamento apresentava “sinais claros e importantes de avaria”, com marcas de queimadura por toda a sua extensão, especialmente na área de fechamento. Imagens produzidas pelos agentes mostram danos compatíveis com exposição ao calor intenso.

Durante a abordagem, Bolsonaro admitiu que usou um ferro de solda para aquecer o dispositivo. Em vídeo registrado pelos agentes, ele respondeu de maneira direta ao ser questionado sobre o que teria causado as marcas: “Meti um ferro quente aí”. A declaração reforça que houve uma ação ativa para tentar abrir o equipamento, embora o ex-presidente tenha sustentado outro contexto para justificar seu comportamento.

O que Bolsonaro disse na audiência

A audiência de custódia, conduzida de forma virtual pela juíza Luciana Yuki Fugishita Sorrentino, expôs detalhes da versão do ex-presidente. Bolsonaro afirmou que, na noite anterior ao incidente, experimentou um episódio de “paranoia”, acreditando que a tornozeleira continha algum tipo de escuta ou dispositivo oculto. Segundo ele, uma “alucinação” o levou a tentar abrir o equipamento.

O ex-presidente atribuiu o surto a uma combinação de medicamentos receitados por médicos distintos, que teriam interagido de forma inadequada. Ele disse não se recordar de ter vivenciado algo semelhante antes e relatou que começou a tomar um dos remédios apenas quatro dias antes do ocorrido.

Bolsonaro também afirmou que estava sozinho no momento da ação. Disse que a filha Laura, um irmão e um assessor dormiam e não presenciaram nada. Quando, segundo ele, “caiu na razão”, interrompeu o procedimento e comunicou imediatamente os agentes responsáveis por sua segurança.

Violação da tornozeleira e as implicações jurídicas

A violação da tornozeleira desencadeou a prisão preventiva de Bolsonaro, decretada pelo ministro Alexandre de Moraes, responsável pelos processos a que o ex-presidente responde no STF. A audiência de custódia não tinha competência para reverter a decisão, já que apenas a autoridade que determinou a prisão ou o colegiado ao qual ela está vinculada pode revisá-la.

A Primeira Turma do Supremo — composta pelos ministros Alexandre de Moraes, Cristiano Zanin, Cármen Lúcia e Flávio Dino — está realizando uma análise virtual ao longo do dia 24 para decidir se mantém ou revoga a prisão. A decisão deve considerar não apenas a violação da tornozeleira, mas também o contexto apresentado: o suposto surto medicamentoso e a ausência de intenção de fuga, segundo Bolsonaro.

O que mostra o relatório da Seape-DF e a conversa com agentes

O relatório da Seape-DF descreve um dano considerado relevante no equipamento. A expressão “sinais claros e importantes de avaria” aparece no documento, indicando que a integridade da tornozeleira foi significativamente comprometida. As marcas de queimadura circundando o case reforçam o uso de fonte de calor intenso, condizente com o ferro de solda mencionado por Bolsonaro.

Durante a verificação, a diretora-adjunta do Centro de Monitoramento, Rita Gaio, questiona Bolsonaro a respeito da origem das queimaduras. A conversa — filmada durante a abordagem — mostra o ex-presidente respondendo que utilizou um “ferro quente”, especificando depois que se tratava de um ferro de solda. Ele também justificou que o fez “por curiosidade”, antes de apresentar a versão sobre a paranoia na audiência.

Próximos passos e impacto político

O julgamento da Primeira Turma pode redefinir os rumos do caso. A manutenção da prisão implicaria um novo patamar de gravidade no processo em que Bolsonaro é investigado. Já uma eventual revogação pode abrir espaço para medidas alternativas, como reforço das condições de monitoramento ou restrições adicionais.

Além disso, o caso ocorre em meio a mobilizações de apoiadores. O ex-presidente declarou à juíza que a vigília convocada por seu filho, o senador Flávio Bolsonaro, não tinha objetivo de pressionar autoridades ou causar tumultos. Segundo ele, o ponto de encontro ficava a cerca de 700 metros de onde ele estava preso, o que afastaria, em sua visão, qualquer relação com o incidente da tornozeleira.

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