Nubank enfrenta protestos após mudança no regime de trabalho e demite funcionários
Durante a reunião virtual com o CEO David Vélez, cerca de 12 funcionários protestaram no chat, gerando demissões e advertências. A fintech reforçou que aceita divergências, mas não tolera desrespeito, enquanto prepara escritórios reformados e novas unidades em Belo Horizonte e Rio de Janeiro.
Foto: Reprodução
O Nubank viveu momentos de tensão interna após anunciar uma mudança no regime de trabalho de seus colaboradores. Durante uma reunião virtual conduzida pelo fundador e CEO da empresa, David Vélez, parte dos funcionários protestou contra a nova política de exigência de dias presenciais. O episódio, ocorrido na quinta-feira (6), terminou com a demissão de 12 empregados e advertências a outros, segundo informações de pessoas próximas ao banco digital.
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Mudança no modelo híbrido gera protestos durante reunião com o CEO
Durante a apresentação de Vélez, que reuniu cerca de 7 mil funcionários de diferentes áreas da empresa, o executivo anunciou que o Nubank passará a exigir dois dias presenciais por semana a partir de julho de 2026, ampliando para três dias semanais em janeiro de 2027. Até o momento, o banco opera majoritariamente em regime remoto, prática adotada desde a pandemia.
A decisão, segundo o CEO, busca fortalecer a colaboração, a inovação e o senso de pertencimento entre os times. No entanto, a mudança não agradou a todos. Um grupo de aproximadamente 12 a 13 funcionários utilizou o chat interno da conferência para manifestar insatisfação, publicando mensagens ofensivas e contrárias à nova política. O episódio surpreendeu outros participantes, que relataram ter se sentido desconfortáveis com o tom agressivo das críticas.
De acordo com relatos, os comentários pediam a revogação imediata das medidas e defendiam a manutenção do modelo remoto. Após o incidente, a diretoria do Nubank decidiu demitir os autores das mensagens e emitir advertências formais a outros colaboradores envolvidos na discussão.
Nubank reforça limites para o debate interno
Em comunicado interno enviado na sexta-feira (7), a liderança do Nubank reconheceu que o diálogo e o dissenso são bem-vindos, mas ressaltou que há limites para o comportamento profissional. O texto afirma que “a empresa acolhe o dissenso, mas traça uma linha contra o desrespeito e a agressão”.
O documento também descreve o ocorrido durante a reunião virtual, classificando os comentários feitos no chat como “inaceitáveis” e “nocivos ao ambiente corporativo”. Segundo o comunicado, o espaço utilizado para a transmissão é um canal corporativo, e, portanto, requer postura adequada e profissional.
Procurado pela imprensa, o Nubank declarou que “trabalha para preservar canais e rituais abertos de debate entre seus funcionários, mas não tolera desrespeito e violações de conduta”. A fintech também afirmou que não comenta casos individuais de desligamento.
David Vélez defende mudança e fala em “custos invisíveis” do trabalho remoto
Ao apresentar as novas diretrizes, David Vélez explicou que a decisão foi tomada após longos debates internos e análises sobre o impacto do trabalho remoto na cultura da empresa. Segundo o CEO, embora o modelo tenha trazido benefícios imediatos, também gerou “custos invisíveis” relacionados à integração e ao engajamento dos times.
Vélez destacou que o banco digital pretende reformar escritórios e abrir novas unidades em cidades como Belo Horizonte e Rio de Janeiro, oferecendo estrutura adequada para o modelo híbrido. Ele ressaltou ainda que a transição será feita de forma gradual, dando oito meses de prazo para adaptação antes da primeira etapa de obrigatoriedade presencial.
Clima interno e impacto na cultura corporativa
Apesar da justificativa da liderança, o episódio revelou uma divisão entre os funcionários. Parte da equipe vê o retorno parcial ao escritório como um passo necessário para melhorar a comunicação e a colaboração. Outros, entretanto, argumentam que a mudança compromete a flexibilidade e a qualidade de vida conquistadas nos últimos anos.
A empresa, que atualmente conta com cerca de 9,5 mil funcionários, tem sido reconhecida por sua cultura de inovação e ambiente de trabalho flexível, fatores que ajudaram a atrair talentos do setor de tecnologia. No entanto, a nova política sinaliza uma tentativa de reaproximação física das equipes em um momento em que diversas companhias do setor também estão revendo seus modelos híbridos.
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