Conafer desviou milhões de aposentados com aval do governo Bolsonaro, dizem petistas
CPMI investiga a Conafer por desvio de R$ 688 milhões em aposentadorias. Petistas apontam conivência do governo Bolsonaro no esquema
Carlos Roberto Ferreira Lopes, presidente da Conafer - Divulgação/Agência de Notícias Alese
O presidente da Conafer (Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais), Carlos Roberto Ferreira Lopes, foi preso em flagrante por falso testemunho na madrugada desta terça-feira (30), durante depoimento à CPMI do INSS. A prisão ocorreu após contradições em seu testemunho sobre o esquema de descontos ilegais em aposentadorias.
Parlamentares do PT afirmam que os desvios da Conafer só avançaram porque encontraram “portas abertas” durante o governo Jair Bolsonaro. Segundo estimativas da Polícia Federal, a entidade teria desviado cerca de R$ 688 milhões entre 2021 e 2025.
Conafer sob investigação
Carlos Lopes, empresário ligado ao agronegócio e à mineração, comanda uma das principais entidades investigadas pelos descontos indevidos em benefícios pagos pelo INSS. Ele admitiu que, embora o primeiro Acordo de Cooperação Técnica (ACT) tenha sido firmado em 2017, no governo Michel Temer, os descontos começaram apenas em 2019, já sob Bolsonaro.
O ACT chegou a ser suspenso em 2020, mas foi retomado após investigação interna do INSS. Para o deputado Paulo Pimenta (PT-RS), a expansão da Conafer seria “impossível sem a conivência do governo Bolsonaro”.
“Essa entidade saltou de 718 associados em 2019 para mais de 42 mil em janeiro de 2020. Quem questionou o esquema dentro do INSS foi exonerado. Depois, o ACT cassado foi devolvido pelo presidente do INSS da época, Leonardo Rolim, indicado pelo então ministro Rogério Marinho”, afirmou Pimenta.
Crescimento explosivo
Dados apresentados na CPMI mostram a evolução vertiginosa das receitas da Conafer. Em 2019, a entidade arrecadou R$ 362,8 mil. No ano seguinte, em plena pandemia, o valor saltou para R$ 58,5 milhões, crescimento de 16.000%.
Para o deputado Alencar Santana (PT-SP), os números evidenciam a gravidade do esquema. “Não tenho dúvida de que a CPMI dará o destino adequado a quem roubou milhões de aposentados”, disse.
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