Raízen (RAIZ4) dispara após venda de usinas e efeitos da operação Carbono Oculto
As ações da Raízen (RAIZ4) subiram forte nesta sexta-feira (29) após a venda das usinas Rio Brilhante e Passatempo, no Mato Grosso do Sul, por R$ 1,3 bilhão, e com o impacto da operação Carbono Oculto, que desarticulou esquemas ligados ao PCC no setor de combustíveis.

As ações da Raízen (RAIZ4) registraram forte valorização nesta sexta-feira (29), impulsionadas pela venda de duas usinas no Mato Grosso do Sul e pelo impacto da investigação conhecida como operação Carbono Oculto, que desarticulou esquemas ligados ao crime organizado no setor de combustíveis. Às 11h30, os papéis da companhia eram negociados a R$ 1,15, registrando alta de 5,5%, a segunda consecutiva em dois dias de ganhos.
A reação do mercado demonstra como decisões estratégicas e movimentos regulatórios podem influenciar diretamente o desempenho das empresas sucroalcooleiras no Brasil.
Venda de usinas no Mato Grosso do Sul: o que muda para a Raízen
A Raízen anunciou a venda das usinas Rio Brilhante e Passatempo, ambas localizadas no estado de Mato Grosso do Sul, com capacidade total de moagem de 6 milhões de toneladas. Além das unidades industriais, o negócio inclui canaviais próprios e contratos com fornecedores associados, gerando um montante de R$ 1,3 bilhão para a empresa.
Segundo a companhia, a operação também permitirá uma economia adicional de R$ 218 milhões em Capex de manutenção, especialmente durante a entressafra, período em que os custos operacionais costumam aumentar. A venda foi bem recebida pelo mercado em um momento em que a alavancagem da empresa vinha gerando preocupações entre investidores.
Apesar do otimismo inicial, analistas destacam que a transação tem impacto limitado nas finanças da Raízen. De acordo com a XP Investimentos, o desinvestimento reduz a alavancagem da companhia em apenas 0,1x, sendo o múltiplo atual de 4,5x no último trimestre. “Mesmo sem considerar a queda do EBITDA decorrente da venda, o efeito em nossa projeção de alavancagem até o final do ano é irrelevante”, afirmou a equipe liderada por Leonardo Alencar.
Outro ponto relevante citado pela XP é que os ativos foram vendidos a um múltiplo relativamente baixo, de US$ 40,8 por tonelada ou US$ 47,5 se ajustado pelo Capex economizado. Para os analistas, esse valor sugere que a demanda de mercado por ativos de açúcar e etanol da Raízen está aquém do esperado, o que pode influenciar negociações futuras.
Operação Carbono Oculto: desarticulando esquemas do PCC
O segundo fator que impulsionou a valorização das ações da Raízen foi a repercussão da operação Carbono Oculto, que revelou o envolvimento do Primeiro Comando da Capital (PCC) com atividades ilícitas no setor de combustíveis. A investigação atingiu mais de 1.000 postos de gasolina, nove usinas sucroalcooleiras e uma distribuidora com mais de 1.600 caminhões, mostrando a escala da operação criminosa.
Segundo relatório do BTG Pactual, a ação das autoridades pode gerar uma disrupção significativa em atividades de sonegação e adulteração de produtos. As usinas envolvidas na investigação processam aproximadamente 16 milhões de toneladas de cana por ano, representando 2,5% do volume total do Centro-Sul.
O banco destaca que o impacto no mercado de açúcar e etanol dependerá de como essas unidades conseguirão manter suas atividades de moagem. Caso a operação limite a produção, outras usinas podem se beneficiar com maior participação no mercado, fortalecendo a concorrência.
Perspectivas para o setor sucroenergético
A Raízen não é a única empresa do setor a se beneficiar da operação. O BTG Pactual aponta que a desarticulação das redes criminosas pode trazer maior transparência e segurança jurídica para todo o segmento de combustíveis e biocombustíveis. Nos últimos anos, atividades ilegais como incêndios criminosos e adulteração de cargas levantaram dúvidas sobre a competitividade do setor.
Para os analistas, a combinação da venda estratégica de ativos e do efeito positivo da operação Carbono Oculto mantém a visão positiva para a Raízen e para o setor sucroenergético no médio prazo. No caso da companhia, a expectativa é que, mesmo com múltiplos baixos na venda, a geração de caixa e a redução de Capex proporcionem mais estabilidade financeira.
A operação também reacende debates sobre a necessidade de melhor fiscalização e compliance nas usinas e postos de combustíveis, garantindo que atividades ilícitas não prejudiquem o desenvolvimento do setor.
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