O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou, sem restrições, a operação que marca a saída da Raízen (RAIZ4) da rede de lojas de conveniência Oxxo, consolidando o controle total da Femsa sobre o negócio no Brasil. A decisão, publicada nesta semana, representa um novo passo na reestruturação das atividades da joint venture entre a Femco Brasil, braço da mexicana FEMSA, e a Raízen, que administrava o grupo sob a marca Grupo Nós.

A autorização do Cade formaliza o encerramento da parceria e abre caminho para uma reorganização das operações de varejo das duas companhias no país, com reflexos diretos sobre as redes Shell Select e Oxxo.

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Reestruturação da joint venture e divisão dos ativos

Com o aval do órgão antitruste, a operação prevê a cisão do Grupo Nós, com a criação de duas novas empresas. De um lado, a Raízen passará a controlar 1.256 lojas Shell Select, que serão transferidas como forma de compensação por sua participação anterior no negócio conjunto. Essas unidades correspondem à rede de conveniência tradicional associada aos postos Shell, que continuará operando sob o portfólio da companhia.

Por outro lado, a Femco Brasil, subsidiária da FEMSA, assumirá integralmente a estrutura que mantém o negócio de proximidade sob a marca Oxxo, que atualmente conta com 611 unidades distribuídas pelo país. O objetivo é dar continuidade ao modelo de expansão da varejista mexicana, replicando no Brasil o mesmo formato de conveniência urbana que consolidou a marca no México e em outros países da América Latina.

Além das lojas, a FEMSA também receberá o centro de distribuição localizado em Cajamar (SP), as obrigações financeiras (dívidas) e o caixa disponível da joint venture. Esses ativos e passivos foram transferidos como parte do acordo que formaliza a saída da Raízen e a nova estrutura de controle.

Cade aprova saída da Raízen (RAIZ4) da rede Oxxo: operação sem restrições

De acordo com o parecer do Cade, a operação não gera sobreposição horizontal relevante nem aumenta riscos concorrenciais, já que as companhias atuam de forma complementar em segmentos distintos do varejo de conveniência e de combustíveis. O órgão concluiu que a separação não altera de maneira significativa a estrutura competitiva dos mercados em que Raízen e FEMSA operam.

Com essa decisão, a Femsa Brasil passa a ter autonomia total para conduzir as estratégias comerciais e operacionais da Oxxo no país, enquanto a Raízen reforça seu foco em sua Oferta Integrada Shell, modelo que une as operações de energia renovável, biocombustíveis, distribuição e varejo.

Estratégia de simplificação da Raízen e foco no core business

Em comunicado divulgado anteriormente, quando a operação foi anunciada em setembro, a Raízen destacou que a decisão está alinhada à sua estratégia de reciclagem e simplificação de portfólio, com o objetivo de concentrar esforços nas áreas de energia, biocombustíveis e distribuição — setores considerados estratégicos para o crescimento sustentável da companhia.

Segundo a empresa, a saída da parceria permite maior foco e agilidade na execução da estratégia de longo prazo, reduzindo a exposição a negócios de varejo não essenciais. A Raízen também ressaltou que continuará presente no segmento de conveniência por meio da rede Shell Select, agora sob controle direto e com planos de modernização e integração digital com o ecossistema Shell Box.

Femsa amplia presença no varejo de proximidade

Para a FEMSA, a decisão representa um avanço no plano de expansão do modelo Oxxo no Brasil, um dos maiores mercados consumidores da América Latina. O formato de lojas de conveniência e proximidade, que combina sortimento de produtos essenciais, atendimento rápido e operação de horário estendido, tem se mostrado competitivo no cenário urbano brasileiro.

Com o controle total da marca, a Femsa pretende acelerar a abertura de novas unidades e fortalecer a presença em regiões metropolitanas, como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, onde há alto potencial de consumo e densidade populacional. A companhia também poderá implementar integralmente seu modelo operacional, sem necessidade de conciliar decisões com um parceiro local.

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