O aumento do IOF tem gerado forte reação no mercado e no Congresso, mas o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defende a medida e busca um entendimento com o Legislativo para superar o conflito. Nesta terça-feira (3), no Palácio do Planalto, Lula reafirmou que a decisão da equipe econômica não foi um erro, mas sim um “momento político” e garantiu que o governo está aberto ao diálogo para encontrar soluções.

Lula defende aumento do IOF e minimiza críticas

O presidente Lula destacou que a elevação do IOF nas operações financeiras de risco sacado foi uma ação rápida da equipe econômica para responder às demandas da sociedade. Segundo ele, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, atuou com agilidade diante da situação, sem que isso represente um erro. “Não acho que tenha sido erro não, foi momento político”, afirmou, ressaltando a disposição do governo para reavaliar a medida.

Essa defesa ocorre em meio à forte pressão do mercado financeiro e do Congresso, que criticaram o aumento do IOF, aplicado por meio de decreto em maio. O objetivo da equipe econômica foi conter riscos e garantir o equilíbrio fiscal, mas a medida provocou dúvidas e protestos de parlamentares.

Governo negocia com Congresso para evitar derrubada do decreto do IOF

O cenário político tornou-se tenso após a reação negativa ao aumento do IOF. O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), exigiu a suspensão imediata da cobrança e deu prazo de dez dias para o governo apresentar alternativas, sob risco de votação de um projeto que derrube o decreto presidencial — algo inédito em 25 anos.

Para tentar resolver o impasse, Lula convocou um almoço com os presidentes da Câmara e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), além de líderes partidários, ainda nesta terça-feira (3). A expectativa é que o encontro resulte em um acordo para apresentar medidas alternativas que mantenham o equilíbrio fiscal sem causar instabilidade política.

A importância orçamentária da manutenção do decreto do IOF

A decisão de manter o aumento do IOF é crucial para o governo, que estima uma perda orçamentária de R$ 72,4 bilhões caso a medida seja revogada. Esse valor representa um espaço fiscal fundamental para investimentos públicos e despesas essenciais da administração federal.

Especialistas da equipe econômica alertam que a retirada do decreto pode levar à paralisação de serviços públicos e cortes severos, afetando o funcionamento do Estado. O próprio ministro Haddad manifestou preocupação com o impacto negativo no orçamento e ressaltou a necessidade de uma solução rápida para garantir o funcionamento da máquina pública.

Crítica velada ao Senado e contexto político fiscal

Além da questão do IOF, Lula fez uma crítica indireta ao Senado por não cumprir uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) relacionada à desoneração da folha de pagamento. Segundo ele, essa falha impõe à Fazenda a tarefa de compensar as perdas financeiras, complicando ainda mais o cenário fiscal do país.