A deputada federal Erika Hilton (Psol-SP) afirmou que a baixa adesão aos atos do 1º de Maio, em São Paulo, pode ter sido influenciada pela expectativa pelo show da cantora Lady Gaga, que ocorrerá no sábado (3) no Rio de Janeiro. Para ela, o evento musical atraiu uma parte significativa da população, diminuindo a presença nas manifestações que pedem mudanças nas condições de trabalho no Brasil.

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A jornada de trabalho de 36 horas

No centro da mobilização deste 1º de Maio, esteve a proposta de redução da jornada de trabalho semanal de 44 para 36 horas, defendida por Erika Hilton. De acordo com a deputada, a medida busca equilibrar a vida profissional e a saúde mental dos trabalhadores, além de aumentar a qualidade de vida e a produtividade.

Essa iniciativa é um ponto importante do seu mandato e se insere no debate sobre as condições de trabalho no país, onde a jornada de trabalho extensa e a falta de descanso adequado ainda são uma realidade para muitos trabalhadores, especialmente aqueles que enfrentam o regime 6×1, ou seja, seis dias de trabalho consecutivos seguidos por um dia de descanso.

Mobilizações e reivindicações do movimento VAT

Além da proposta de redução da jornada, a deputada também se juntou a outros movimentos sociais e sindicatos para organizar as manifestações do 1º de Maio, com o apoio do Movimento VAT (Vamos Abolir a Tiranização), criado pelo vereador carioca Rick Azevedo (Psol-RJ). O movimento visa abalar o sistema de trabalho 6×1, que tem gerado insatisfação entre trabalhadores, especialmente em setores como comércio e serviços.

O Movimento VAT ganhou força desde novembro de 2024 e organizou eventos em várias cidades brasileiras. Em São Paulo, onde a adesão foi mais tímida, o impacto do evento de Lady Gaga no Rio foi apontado como um fator crucial que desviou parte do público das manifestações. Apesar disso, Erika Hilton destacou que a mobilização simbólica continua a fortalecer a pressão sobre o Congresso, com o objetivo de acelerar a tramitação de projetos que favoreçam os trabalhadores.

O impacto do show de Lady Gaga nas mobilizações

O evento da cantora pop Lady Gaga, previsto para acontecer no Rio de Janeiro, gerou uma atenção massiva da mídia e dos fãs, o que pode ter contribuído para a dispersão de público nas manifestações em São Paulo. Erika Hilton reconheceu que, apesar de a cidade estar “desfalcada” por conta do evento, a mobilização continuou, com trabalhadores e apoiadores das causas sociais seguindo nas ruas, pressionando por mudanças no sistema de trabalho brasileiro.

A repercussão dessa explicação por parte de Hilton gerou críticas nas redes sociais, especialmente de parlamentares da oposição, que apontaram uma contradição entre as causas trabalhistas e a justificativa dada pela deputada, vinculando a adesão ao 1º de Maio a um show de entretenimento. No entanto, Hilton se manteve firme em sua defesa da redução da jornada de trabalho e do fim do modelo 6×1, destacando a importância das manifestações como um marco para pressionar as autoridades políticas a avançar nas reformas trabalhistas.

A ausência de Lula nos atos e o contexto político

Outro fator que contribuiu para a diminuição da adesão aos atos foi a ausência do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas manifestações deste ano. Diferentemente de 2024, quando Lula havia participado pessoalmente dos eventos, o petista optou por gravar um pronunciamento oficial. Essa decisão gerou discussões sobre o comprometimento do governo com as pautas trabalhistas, especialmente em um momento de tensão política, com a oposição questionando o ritmo das reformas no Congresso.

Apesar disso, parlamentares do PSOL e de outras siglas de esquerda consideraram a mobilização deste 1º de Maio como uma ação simbólica importante, que reflete o crescimento da pressão sobre o Congresso. Para Hilton, a manifestação foi um sinal claro de que as bandeiras trabalhistas estão mais fortes do que nunca e continuarão a ser um dos principais temas da agenda política da nova esquerda brasileira.